sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Mas, afinal, do que trata o cristianismo?


"O cristianismo fala do Deus vivo que, no cumprimento de suas promessas e como clímax da história de Israel, nos encontrou, salvou e nos deu nova vida em Jesus. Através de Jesus, a operação-resgate de Deus foi colocada em prática de uma vez por todas. Uma grande porta se abriu, e jamais poderá ser fechada. Trata-se da porta da prisão onde vivíamos acorrentados. Porém, nos foi oferecida a liberdade: liberdade de experimentar o resgate de Deus, de passar pela porta aberta e explorar o novo mundo ao qual agora temos acesso. Todos nós fomos especialmente convidados - ou melhor, convocados - a seguir Jesus e descobrir que esse novo mundo é, na verdade um lugar de justiça, espiritualidade, relacionamento e beleza*. Não devemos apenas desfrutar de todas essas coisas, mas trabalhar para que elas se tornem evidentes, assim na terra como no céu. Quando ouvimos a voz de Jesus, descobrimos que é essa voz que ecoa no coração e na mente de toda a raça humana."


Nicholas Thomas Wright**



*Essas são as quatro áreas de interesse no mundo contemporâneo, conforme ele desenvolve na primeira parte de seu livro.

**N. T. Wright é um dos mais conhecidos e respeitados estudiosos do Novo Testamento da atualidade. Bispo anglicano de Durham, na Inglaterra, foi professor das universidades de Cambridge e Oxford por vinte anos e é professor visitante de universidades como Harvard Divinity School, Universidade Hebraica de Jerusalém e Universidade Gregoriana em Roma, entre outras. É autor de mais de quarenta livros e articulista de jornais como The Times, The Independent e The Guardian.


Fonte: Simplesmente Cristão: por que o cristianismo faz sentido. Editora Ultimato, p. 104, 105.



terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pink falou e disse: doutrina é a base da prática e ignorar isso é heresia na certa!


Toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.

2 Timóteo 3.16,17

"É pela doutrina, ou ensino, que nos são reveladas as grandes realidades a respeito de Deus, de nosso relacionamento com Ele, de Cristo, do Espírito, da salvação, da graça e da glória. É pela doutrina (mediante o poder do Espírito) que os crentes são alimentados e edificados; e, quando há negligência na doutrina, forçosamente cessam o crescimento na graça e o testemunho eficaz. Como é triste, portanto, constatar que a doutrina atualmente está sendo depreciada como algo sem valor para a vida prática, quando, de fato, a doutrina é a própria base da vida prática. Há uma inseparável conexão entre o crer e a prática - 'Como imagina em sua alma, assim ele é' (Pv 23.7). A relação entre a verdade divina e o caráter cristão é de causa e efeito - 'E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará' (Jo 8.32). Ficamos livres da ignorância, dos preconceitos, do engano, das artimanhas de Satanás e do poder do mal; mas, se a verdade não é 'conhecida', então essa liberdade não existe na prática. Observe a ordem na passagem que iniciamos esse capítulo. Toda Escritura é útil, primeiro para o 'ensino'! A mesma ordem é observada em todas as epístolas, especialmente nos grandes tratados doutrinários do apóstolo Paulo. Lendo a epístola aos Romanos, podemos perceber que não há uma única admoestação nos primeiros cinco capítulos. Na epístola aos Efésios, não há qualquer exortação antes do quarto capítulo. A ordem de apresentação é: primeiro, a exposição de doutrinas; depois, admoestação ou exortação para que o ensino seja aplicado na vida diária.


A substituição da exposição doutrinária pela 'pregação prática', que atualmente lhe toma o lugar, é a causa fundamental de muitas das graves enfermidades que afligem a igreja de Deus. A razão por que há tão pouca profundidade, tão pouco entendimento, tão pouca apreensão das verdades fundamentais do cristianismo é que poucos crentes têm se firmado na fé, por não ouvirem a exposição das doutrinas da graça ou por não estudarem, pessoalmente, essas verdades bíblicas. Enquanto a alma não está firmada na doutrina da divina inspiração das Escrituras - sua inspiração plenária e verbal - não pode haver qualquer alicerce sólido em que fundamentar-se. Enquanto a alma ignora a doutrina da justificação, não pode haver qualquer segurança real e inteligente de sua aceitação no Amado. Enquanto a alma desconhece o ensino da Palavra a respeito da santificação, estará aberta para acolher todos os erros do perfeccionismo e outros ensinamentos errados. Assim poderíamos continuar, através de todas as doutrinas cristãs. É o ignorar a doutrina que tem tornado a igreja incompetente para fazer frente à crescente maré de infidelidade. O ignorar a doutrina é, em grande medida, o responsável pelo fato de milhares de cristãos professos serem cativados pelos numerosos 'ismos' dos nossos dias. Ter chegado a hora em que, em sua grande maioria, nossas igrejas 'não suportarão a sã doutrina' (2Tm 4.3) é razão por que elas estão se dispondo a acolherem doutrinas falsas. Naturalmente, é verdade que a doutrina, como todas as demais coisas que há nas Escrituras, pode ser estudada do ponto de vista meramente intelectual e frio; e que, quando assim examinados, o ensino e o estudo da doutrina devidamente acolhida, a doutrina estudada com um coração preparado, levará sempre a um mais profundo conehcimento de Deus e das insondáveis riquezas de Cristo."



Fonte: A. W. Pink, Deus é Soberano, p. 155,156.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Base Filosófica da Revolução Sexual

"Quando a existência de Deus não é mais um fato, mas uma crença subjetiva (e bastante controversa por sinal), a autoridade moral de Deus desaparece. Não é coincidência, portanto, que uma mudança drástica na natureza do casamento se seguisse imediatamente à mudança na filosofia dominante. As restrições legais ao divórcio e o estigma social se evaporaram praticamente do dia para a noite. O casamento deixou de ser uma aliança que envolve Deus e a comunidade, tanto quanto o marido e a mulher. Tornou-se um contrato comum que pode ser dissolvido à vontade por qualquer uma das partes. O que antes era considerado algo ilegítimo, como uma mulher ter um filho sem ser casada, tornou-se respeitável, e até mesmo a tradicional família com pai e mãe começou a parecer uma coisa ridícula, uma tentativa patética de simular esses seriados cômicos da TV que mostram uma família de sonho que nunca existiu na realidade.

Com a revolução do divórcio veio a revolução sexual, já que a morte de Deus e a disponibilidade de contraceptivos pareciam fazer da castidade uma coisa obsoleta. Seguindo na rasteira da revolução sexual, veio a revolução feminista, com uma ala radical que explicitamente rejeitava a família tradicional, tida antes como a coluna da sociedade. O feminismo exigiu o direito irrestrito ao aborto, e a Suprema Corte prontamente o incluiu na Constituição e o impôs à nação relutante. A liberação homossexual veio em seguida. Os ativistas homossexuais rapidamente ganharam a condição de 'vítimas' e o consequente apoio da mídia para suas causas. A Suprema Corte outra vez alinhou-se complacentemente com a tendência cultural e consegui encontrar na Constituição um princípio de que leis baseada em hostilidade em relação ao homossexualismo são inconstitucionais. A inversão moral e legal não podiam mais ser contidas, uma vez que uma mudança fundamental havia sido feita na filosofia religiosa oficial."


Fonte: Phillip E. Johnson, Como derrotar o evolucionismo com mentes abertas, pg. 114,115.

sábado, 20 de novembro de 2010

Apoio à Universidade Presbiteriana Mackenzie



A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.

Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).

Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.

Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.

Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro. Para ampla divulgação.

sábado, 6 de novembro de 2010

Igreja (IPR) num Apto: missão numa cultura urbana emergente

"Gostaria de encerrar este capítulo falando acerca de uma igreja local em particular. Como qualquer outra igreja local, ela também tem seus problemas. Porém, está repleta de características inteiramente admiráveis.

Essa igreja começou há apenas uns vinte anos com um pequeno grupo que se reunia em um apartamento. Eram comprometidos com sua fé e obediência a Jesus, e desejavam ardentemente alcançar os não convertidos da região metropolitana em que estavam localizados. O homem que aceitou ser o pastor dessa comunidade não apenas tinha um excelente domínio da teologia bíblica, mas era extraordinariamente perspicaz na leitura que fazia da cultura urbana e bastante pós-moderna que os cercava. Muitos que frequentavam a igreja tinham profunda convicção de que o cristianismo vivido por aqueles cristãos era autêntico; a mensagem soava verdadeira, o culto comunitário (um tanto tradicional pela manhã e mais inovador à noite) era cheio de vitalidade, integridade e de expressões genuínas de contrição e louvor.

Embora estivesse ligado a uma tradição teológica específica, seu jeito não era visto como arrogante, mesmo quando encorajavam um profundo confessionalismo. Sua denominação tinha pouca representatividade demográfica em sua cidade, de modo que o crescimento que experimentaram não foi alcançado pela transferência de fiéis das igrejas irmãs: em sua maior parte era fruto de conversão. Conseguir penetrar aqueles blocos fechados de apartamentos e a cultura yuppie de uma grande cidade nunca é tarefa fácil, mas centenas e posteriormente milhares de pessoas estavam se convertendo, dando origem a uma congregação em que a média de idade estava na faixa do final dos vinte e começo dos trinta anos: era a geração pós-moderna que estava sendo mais impactada. Ao longo de duas décadas essa igreja plantou inúmeras congregações na região metropolitana em que estava radicada e, então, passou a ajudar a plantar outras igrejas de outras regiões metropolitanas.

A grande ironia é que, embora toda essa descrição soe como um exemplo fenomenal de uma igreja emergente, é completamente improvável que a igreja de que falo - a Redeemer Presbyterian Church [Igreja Presbiteriana Redentor] de Nova York - identifique-se dessa forma. No entanto, o motivo pelo qual falo dessa igreja deve ficar claro: ela demonstra possuir muitos dos pontos fortes do movimento emergente, mas ao mesmo tempo escapa de muitos dos seus pontos fracos. Em outras palavras, o movimento emergente tem vários pontos fortes, pelos quais devemos ser gratos - mas que, no entanto, não são uma exclusividade desse movimento. Na verdade, eu poderia citar uma série de igrejas locais que partilham dos mesmos pontos fortes do movimento emergente, mas que não gostariam de ser identificadas dessa forma. Isso demonstra que o movimento emergente está por dentro de algo. Significa que mais e mais igrejas sentem a necessidade de mudança em resposta à cultura, ainda que não concordem quanto a como essa mudança deva se parecer.

Essa sóbria realidade sugere que, tendo visto os pontos fortes do movimento emergente, devemos também refletir sobre seus pontos fracos."



Fonte: Igreja Emergente - o movimento e suas implicações. D. A. Carson. Vida Nova, p. 66-67. 2010.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

"Ortodoxa" e não relevante?

"...Se a juventude de hoje está à procura das coisas certas (significado, paz, amor, realidade) ela as tem procurado nos lugares errados. O primeiro lugar onde deveriam procurar é um lugar onde normalmente ignoram, isto é, a igreja. Pois, com demasiada frequência, o que vêem nas igrejas não é a contracultura*, mas o conformismo; não uma nova sociedade que concretiza seus ideais, mas uma versão da velha sociedade a que renunciaram; não a vida, mas a morte. Prontamente endossariam o que Jesus disse de uma igreja do primeiro século: "Tens nome de que vives, e estás morto."**"

*cultura alternativa, cuja fé-ética-moral fixa-se nas Escrituras, particularmente no Sermão do Monte (Mateus 5.1-8.1 // Lucas 6.17-7.1).
**Apocalipse 3.1


Fonte: A Mensagem do Sermão do Monte - Contracultura Cristã, John Sott, ABU, 3 ed., p. 3.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A importância da agonia de se preparar um sermão

"Pensar é difícil, mas consta como a obra essencial do pregador. Que não haja mal-entendido algum sobre a dificuldade da tarefa. Frequentemente é lenta, desanimadora, opressiva. Mas quando Deus chama os homens para pregar, chama-os a amá-lo com suas mentes. Deus merece esse tipo de amor, e assim também as pessoas às quais ministramos.

Em certa manhã fria e sombria um pregador trabalhou com seu sermão desde o café da manhã até o meio-dia, com pouca coisa para mostrar pelo esforço feito. Impaciente, largou a sua caneta na mesa e olhou desconsolado pela janela, sentindo pena de si, porque lhe custava fazer os sermões aparecerem. Foi então que raiou na sua mente um pensamento que produziu um efeito profundo sobre o seu ministério, a partir de então. "Seus irmãos cristãos", ele pensou, "dedicarão muito mais tempo a esse sermão do que você. Vieram de mais de uma centena de lares. Viajam mil quilômetros, no cômputo global, para estarem no culto. Passarão trezentas horas participando do culto e escutando o que você tem a dizer. Não se queixe das horas que está passando no preparo, nem da agonia que sente. O povo merece tudo quanto você pode dar-lhe".


Haddon W. Robinson


Pregação Bíblica: o desenvolvimento e a entrega de sermões expositivos. Shedd, 2 ed., pg. 49. São Paulo-SP, 2002.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Essa é a única coisa que não devemos dizer


"Há um elemento do que ele afirmava que tende a passar despercebido, pois o ouvimos tantas vezes que já não percebemos o que ele de fato significa. Refiro-me ao perdão dos pecados. De todos os pecados. Ora, a menos que seja Deus quem o afirme, isso soa tão absurdo que chega a ser cômico. Compreendemos que um homem perdoe as ofensas cometidas contra ele mesmo. Você pisa no meu pé, ou rouba o meu dinheiro, e eu o perdôo. O que diríamos, no entanto, de um homem que, se ter sido pisado ou roubado, anunciasse o perdão dos pisões e dos roubos cometidos contra os outros? Presunção asinina é a descrição mais gential que podemos dar da sua conduta. Entretanto, foi isso o que Jesus fez. Anunciou ao povo que os pecados cometidos estavam perdoados, e fez isso sem consultar os que , sem dúvida alguma, haviam sido lesados por esses pecados. Sem hesitar, comportou-se como se fosse ele a parte interessada, como se fosse o principal ofendido. Isso só tem sentido se ele for realmente Deus, cujas leis são transgredidas e cujo amor é ferido a cada pecado cometido. Nos lábios de qualquer pessoa que não Deus, essas palavras implicam algo que só posso chamar de uma imbecilidade e uma vaidade não superadas por nenhum outro personagem da história.

No entanto (e isto é estranho e, ao mesmo tempo, significativo), nem mesmo seus inimigos, quando lêem os evangelhos, costumam ter essa impressão de imbecilidade ou vaidade. Quanto menos os leitores sem preconceitos. Cristo afirma ser "humilde e manso", e acreditamos nele, sem nos dar conta de que, se ele fosse somente um homem, a humildade e a mansidão seriam as últimas qualidades que poderíamos atribuir a alguns de seus ditos.

Estou tentando impedir que alguém repita a rematada tolice dita por muitos a seu respeito: "Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de ser Deus." Essa é a única coisa que não devemos dizer. Um homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático - no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um ovo cozido - ou então o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por seu um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha, com paternal condescêndência, dizer que ele não passava de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la."


C. S. Lewis


Cristianismo Puro e Simples, Martins Fontes, 2ª edição, p. 68-70.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

As parábolas de Jesus: parábola dos talentos (parte 2 de 2)


Este texto é uma continuação do POST ANTERIOR.

3. Todo cristão deve trabalhar com o seu talento/dom


Jesus nos mostra qual deve ser o nosso comportamento em relação a Deus. Devemos trabalhar arduamente e fazer render o nosso talento, o nosso dom. É isso o que os dois primeiros servos fizeram: tão logo o seu senhor partiu em viagem, eles “imediatamente” (v. 16 e 17) arregaçaram as mangas e fizeram valer a confiança neles depositada.


Não devemos perder tempo. Temos de trabalhar arduamente! Devemos imitar os dois primeiros servos: eles são o nosso exemplo nessa parábola. Todo cristão deve produzir frutos: “Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda para que dê mais fruto ainda.” (João 15.2)



4. Todo crente haverá de prestar contas pelo que fez com o que lhe foi concedido por Deus


Nós haveremos de prestar contas pelos nossos atos — é o que a Bíblia nos diz em Eclesiastes 12.13b-14: “Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o dever de todo homem. Pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mau.”


Nessa parábola, essa lição é especificada no versículo 19: “Depois de muito tempo o senhor daqueles servos voltou e acertou contas com eles”. Todos os três servos tiveram de prestar contas ao senhor do dinheiro a eles confiado. Nós também teremos de prestar contas a Deus dos nossos atos e da forma como usamos os nossos dons. Lembre-se disso!


Assim, temos de ter a atitude dos dois servos, que não perderam tempo, pois não sabiam quando seu senhor voltaria. Nós também não podemos negligenciar os nossos dons para usarmos somente depois de terminarmos o ensino médio, a faculdade, de construir nossa casa ou após casarmos. Não sabemos quando estaremos diante de Deus, por isso devemos vigiar e trabalhar! Essa não é a lição somente dessa parábola, mas dos textos que a cercam: capítulos 24 e 25 de Mateus.


Àqueles que foram fieis a resposta de Deus será: “Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!” (v. 21, 23).


Por outro lado, às pessoas que nada produziram para a glória de Deus (por não serem salvas), Deus lhes dirá: “Lancem fora o servo inútil, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes” (v. 30).



5. À medida que usamos nossos dons, eles se desenvolvem, ou melhor, Deus faz com que se desenvolvam


Qual foi o resultado do esforço diligente dos dois primeiros servos? Foi o reconhecimento do seu senhor, conforme já vimos nos versículos 21 e 23.


Mas, além disso, o senhor lhes confiou uma maior quantidade de talentos, segundo os próprios versículos 21 e 23 (“você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito”). Tal ensino é ainda melhor retratado no verso 29: “a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade”.


Isso nos mostra que Deus recompensa aqueles que são fieis, concedendo-lhes o aumento dos seus dons para que tenham resultados ainda maiores, assim como o agricultor que poda os ramos para que eles produzam em profusão — “Todo ramo que, estando em mim, (…) dá fruto ele poda para que dê mais fruto ainda.” (João 15.2).


Essa verdade deve nos estimular ao trabalho, principalmente àqueles que possuem dons pequenos, pois é certo de que se eles trabalharem arduamente seus dons serão incrementados!



Para finalizar este estudo da parábola, você já se perguntou por que há três servos retratados nesta parábola, em vez de apenas dois? Se houvesse apenas dois (o de cinco talentos e o de um) a parábola já não seria compreensível, com diversos ensinamentos? Penso que sim! Então por que há o servo com dois talentos? Creio que Jesus quer nos mostrar que mesmo que tenhamos poucos talentos quando comparados com outras pessoas, devemos usá-los integralmente, sem nos guiarmos pela inveja para com aqueles que são mais “talentosos” que nós, nem pelo comodismo ou preguiça, por não estarmos em tanta evidência.


Que apliquemos essas lições aprendidas (ou relembradas) às nossas vidas!



Obras consultadas para este estudo:

CHEUNG, Vincent. As parábolas de Jesus. 1. ed. Brasília - DF: Editora Monergismo, 2010. 120 p. (contém comentários sobre ALGUMAS parábolas de Jesus. Link para este livro no site da editora AQUI!)

KISTEMAKER, Simon J. As parábolas de Jesus. 2. ed. São Paulo - SP: Editora Cultura Cristã, 2002. (contém comentários sobre TODAS as parábolas de Jesus. Link para este livro no site da editora AQUI!)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

As parábolas de Jesus: parábola dos talentos (parte 1 de 2)


Mateus 25.14-30 (NVI):

14 “E também será como um homem que, ao sair de viagem, chamou seus servos e confiou-lhes os seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida partiu de viagem. 16 O que havia recebido cinco talentos saiu imediatamente, aplicou-os, e ganhou mais cinco. 17 Também o que tinha dois talentos ganhou mais dois. 18 Mas o que tinha recebido um talento saiu, cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor.


19 “Depois de muito tempo o senhor daqueles servos voltou e acertou contas com eles. 20 O que tinha recebido cinco talentos trouxe os outros cinco e disse: ‘O senhor me confiou cinco talentos; veja, eu ganhei mais cinco’.


21 “O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!’


22 “Veio também o que tinha recebido dois talentos e disse: ‘O senhor me confiou dois talentos; veja, eu ganhei mais dois’.


23“O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!’


24 “Por fim veio o que tinha recebido um talento e disse: ‘Eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. 25 Por isso, tive medo, saí e escondi o seu talento no chão. Veja, aqui está o que lhe pertence’.


26 “O senhor respondeu: ‘Servo mau e negligente! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? 27 Então você devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros.


28 “ ‘Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez. 29 Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. 30 E lancem fora o servo inútil, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes’.


A parábola dos talentos é uma das parábolas mais célebres de Jesus, mas, apesar de muito famosa, quando lemos o início do primeiro versículo dessa parábola (v. 14 — “E também será como”), já nos surge a primeira indagação: a quê Jesus compara essa parábola?


A resposta a esta pergunta está no início deste capítulo: “O Reino dos céus” (Mateus 25.1). Com essa parábola Jesus quer nos mostrar como as coisas funcionam no Reino dos céus, comparando cada pessoa a um servo e Deus a um senhor.


São várias as lições envolvidas nesta parábola e neste post e no seguinte consideraremos algumas delas.



1. Cada cristão possui dons em quantidades diferentes


O que a maioria dos cristãos já sabe é que cada crente possui diferentes dons: há aqueles que têm o dom do ensino; outros, o dom de servir; alguns, o dom de exercer liderança e assim por diante.


Mas o que muitos ignoram é que os dons concedidos aos cristãos não só diferem em qualidade (tipos), mas também em quantidade. Por exemplo: dentro do grupo dos que têm o dom de ensinar, há aqueles que transmitem melhor os ensinamentos do que outros.


Isso pode ser visto nesta parábola na primeira parte do v. 15: “A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um”. Deus, assim como o senhor da parábola, confere diferentes quantidades de talentos (dons) a cada cristão: há alguns Deus concede uma quantidade maior de dons (os de cinco talentos) e existem outros a quem foram dados uma menor porção de dom (os de dois talentos e de um talento).


Além disso, os dons que Deus concede a alguém são proporcionais ao que a pessoa é capaz de realizar: “A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade” (v. 15).


Pode ser que alguém considere Deus injusto por não dar a todos a mesma quantidade de talentos, mas recorramos a outra parábola, registrada em Mateus 20.1-16, na qual Deus é comparado a um proprietário de uma vinha, dando a seguinte resposta a quem o considera injusto: “Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso?” (Mateus 20.15).



2. Todo dom é extremamente valioso, ainda que em quantidade pequena


Na época de Jesus o talento era uma quantidade monetária que equivalia a 6000 denários. Um denário, por sua vez, era o valor pago a um trabalhador por um dia de serviço.


Assim, o senhor da parábola, quando entregou ao terceiro servo “apenas” um talento, ele lhe confiara o valor correspondente a 6000 dias de trabalho. Nos nossos dias isso equivaleria a mais de R$ 100.000,00, tomando por base o dinheiro ganho em 6000 dias de trabalho por alguém que recebe um salário mínimo.


Dessa forma, mesmo que o dom que você possui seja pequeno aos seus olhos, exerça-o, lembrando que aquilo que Deus lhe concedeu não é algo sem valor, mas é extremamente precioso!


Continua no PRÓXIMO POST!

terça-feira, 29 de junho de 2010

A evolução não é uma força criativa

"A questão da origem do homem, dos animais das plantas, é muito antiga, mas é sempre atual. A ciência não pode fornecer resposta para ela. A própria ciência é uma criação e um produto do tempo. Ela assume sua posição na base das coisas que foram feitas e assume a existência das coisas que investiga; portanto, pela sua própria natureza, a ciência não pode voltar no tempo, antes que tudo viesse a existir. A ciência não pode penetrar no momento em que tudo se tornou real.

Por isso a experiência, a investigação empírica, nada podem nos dizer sobre a origem das coisas. A reflexão da filosofia também tem, através dos séculos, procurado uma explicação para o mundo. Cansados de pensar, os filósofos geralmente procuram descanso dizendo que o mundo não teve origem, que ele existiu eternamente e que vai continuar existindo. Essa é uma conclusão que diferentes filósofos desenvolveram em diferentes direções. Poucos deles fizeram a suposição clara de que esse mundo como nós o conhecemos é eterno, ou que continuaria existindo eternamente. Poucos disseram isso, mas essa afirmação encontrou tantas dificuldades que hoje em dia eles são geralmente repudiados. Ao mesmo tempo a idéia da evolução ganha terreno. De acordo com essa idéia, nada é e tudo se torna. O que o universo inteiro apresenta, portanto, é o espetáculo de algo que nunca começou e que nunca cessará - um processo contínuo.

A evolução é, sem dúvida, algo maravilhoso, mas sempre se deve assumir que há algo envolvido no processo que carrega o gérmen do desenvolvimento. Naturalmente a evolução não é e não pode ser uma força criativa, uma força que traz todas as coisas à existência; ela é uma expressão do processo através do qual algo se desenvolve quando já existe. A teoria da evolução, consequentemente, carece de potencial de explicação para a origem das coisas. Ela implicitamente procede da idéia de que essas coisas, em seu estado não desenvolvido, existiam eternamente. A teoria da evolução começa com uma pressuposição que é totalmente indemonstrável, e por isso ela também assume uma posição de fé. Nisso ela é semelhante à teoria da criação de todas as coisas pela mão de Deus."

Hermann Bavinck


Em: Teologia Sistemática. SOCEP, p. 177, 178, 2001.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Que Significa Reunir-se Em Nome De Jesus Cristo?

Obs.: A imagem é uma representação quase literal daquilo que é descrito em Hebreus 8.1ss. A interpretação da simbologia inserida no contexto sacerdotal da figura é o que é essencial nesse caso, levando-se em conta uma visão aliancista (e não dispensacionalista) dos testamentos. Portanto, a imagem serve apenas para tentar ilustrar uma das funções do Senhor Jesus Cristo, a de Sumo Sacerdote.

"Significa, simplesmente, reunir-se por causa dele, para os propósitos que surgem de nosso compromisso comum com Jesus.
Quando nos reunimos em seu nome, ele se encontra conosco. Seu nome é grande e poderoso. Em nome de Jesus, seus discípulos profetizaram e fizeram milagres (Mt 7.22;Lc 9.49; At 3.6; 4.7). Por causa desse nome, seu povo tem sido perseguido (Mt 10.22; 24.9). Em nome de Jesus, fomos batizados (Mt 28.19; At 2.38). Em seu nome, nos compadecemos dos pobres (Mc 9.41). Fé salvadora é crer no nome de Jesus (Jo 1.12; 3.18; 20.31; At 3.16). Em seu nome, oramos, e ele promete responder-nos (Jo 14.13,14,26; 15.16,21; 16.23-26). Não há nenhum outro nome pelo qual devamos ser salvos (At 4.12).
É impossível separar o nome de Cristo do próprio Cristo. Louvar o seu nome é louvá-lo pessoalmente. Batizar em seu nome é batizar em Cristo (Gl 3.27). Crer em seu nome é crer nele.

É por esse nome maravilhoso que nos reunimos. Nossa expectativa para com o culto deveria ser muito mais profunda."

John Frame


Extraído das páginas 61,62 do livro "Em Espírito e em Verdade", publicado pela editora Cultura Cristã em 2006.

sábado, 19 de junho de 2010

Trecho de “O Peso de Glória”, de C. S. Lewis*

*Como estou sem criatividade no momento, este post não tem um título apropriado.

Segue abaixo o que C. S. Lewis escreveu no início do capítulo “O Peso de Glória”, do livro de mesmo nome:
“Se hoje se perguntasse a 20 bons homens que virtude pensam ser a mais elevada, 19 responderiam: Abnegação. Se a pergunta, no entanto, fosse feita a qualquer um dos grandes cristãos da antiguidade, a resposta teria sido: Amor. Percebe o que ocorreu? Um termo negativo foi substituído por um termo positivo, e isso tem mais importância do que uma simples curiosidade filológica. A ideia negativa de Abnegação traz consigo não a proposta central de garantir boas coisas para aos outros [sic], mas a de passarmos sem elas, como se nossa abstinência, não a felicidade do outro, fosse o mais importante. Acredito não ser essa a virtude cristã do Amor. O Novo Testamento tem muito a dizer sobre renúncia, mas não acerca da renúncia como um fim em si mesma. Temos o mandamento de negar-nos (renunciar) a nós mesmos e tomar nossa cruz para poder seguir a Cristo. Além disso, praticamente toda menção ao que vamos encontrar em última instância, se agirmos de acordo com essa ordem, contém um apelo ao desejo. Se na maior parte das mentes modernas oculta-se a noção de que desejar o nosso próprio bem e querer usufruí-lo de fato é algo ruim, eu afirmo que essa noção surge furtivamente com Kant e com os estoicos, e não faz parte da fé cristã. Na verdade, se analisarmos as audaciosas promessas de galardão e a natureza surpreendente das recompensas prometidas nos Evangelhos, pareceria que Nosso Senhor considera nossos desejos não muito fortes, mas muito fracos, isto sim. Somos criaturas sem entusiasmo, brincando feito bobos e inconsequentes com bebida, sexo e ambições, quando o que se nos oferece é a alegria infinita. Agimos como uma criança sem noção, que prefere continuar fazendo bolinhos de lama num cortiço porque não consegue imaginar o que significa a dádiva de um fim se semana na praia. Muito facilmente, nós nos contentamos com pouco.” (p. 29-30, grifo nosso)
LEWIS, C. S. O peso de glória. São Paulo: Editora Vida, 2008. (Link para este livro no site da editora AQUI!)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cristianismo: a religião mais fácil e a mais difícil

O grande apologeta cristão do século passado, Francis Schaeffer, explica com uma clareza extraordinária em seu livro “O Deus que intervém” porque o Cristianismo é a religião mais fácil e ao mesmo tempo a mais difícil:

“Temos de reconhecer que o Cristianismo é a religião mais fácil de todo o mundo, pois é a única religião na qual Deus o Pai, Cristo e o Espírito Santo fazem tudo. Deus é o Criador; nós não temos qualquer coisa a fazer com a nossa existência, nem a existência das outras coisas. Podemos até moldar as outras coisas, mas não podemos mudar o fato da existência. Não fazemos qualquer coisa para a nossa salvação porque Cristo já fez tudo. Não temos o que fazer. Em todas as outras religiões temos que fazer algo — tudo, desde queimar incenso para sacrificar nosso filho primogênito até jogar uma moeda na fonte de sorte — todo um espectro de coisas. Mas com o Cristianismo não temos que fazer qualquer coisa; Deus fez tudo isto: ele nos criou e enviou o seu Filho; seu Filho morreu e, porque o Filho é infinito, por esta razão ele carrega toda a nossa culpa. Não precisamos carregar a nossa culpa, nem precisamos merecer o mérito de Cristo. Ele fez tudo isso. Assim, de certa forma, é a religião mais fácil do mundo.


Mas podemos dizer igualmente o contrário, de que é a religião mais difícil do mundo, pela mesma razão. O coração da rebelião de Satanás e do homem estava no desejo de ser autônomo; e aceitar a fé cristã não nos rouba nossa existência, não nos rouba nosso valor (isso nos dá valor), mas isso nos rouba completamente a nossa autonomia. Não nos fizemos a nós mesmos, não somos produto do acaso, não somos nada disso; estamos diante de um Criador e mais nada, estamos diante do Salvador e mais nada — trata-se de uma negação completa de ser autônomo. Não importa se é consciente ou inconsciente (e nas pessoas mais brilhantes isso é, por vezes, consciente): quando reconhecem a suficiência das respostas no seu próprio nível, elas repentinamente se levantam contra a sua humanidade mais íntima — não humanidade como foram criados para serem, mas humanidade no mau sentido, pela queda. Esta é a razão pela qual as pessoas não aceitam as respostas suficientes e porque elas são consideradas por Deus desobedientes e culpados quando não se curvam a isso.” (p. 255-256, grifo nosso)


SCHAEFFER, Francis A. O Deus que intervém. 1. ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2002. p. 255-256. (Link para a 2ª edição deste livro no site da editora AQUI!)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Oremos Pelos Nossos Governantes

Ao analisar a expressão “Em favor dos reis” de 1Timóteo 2.2, João Calvino tece o seguinte comentário:

“Ele [Paulo] faz expressa menção dos reis e de outros magistrados porque os cristãos têm muito mais razão de odiá-los do que todos os demais. Todos os magistrados daquele tempo eram ajuramentados inimigos de Cristo, de modo que se poderia concluir que eles não deviam orar em favor de pessoas que viviam devotando toda a sua energia e riquezas em oposição ao reino de Cristo, enquanto que, para os cristãos, a extensão desse reino, e de todas as coisas, é a mais desejável. O apóstolo resolve essa dificuldade e expressamente ordena que orações sejam oferecidas em favor deles. A depravação humana não é razão para não se ter em alto apreço as instituições divinas no mundo. Portanto, visto que Deus designou magistrados e príncipes para a preservação do gênero humano, e por mais que fracassem na execução da designação divina, não devemos, por tal motivo, cessar de ter prazer naquilo que pertence a Deus e desejar que seja preservado. Eis a razão por que os crentes, em qualquer país em que vivam, devem não só obedecer às leis e ao comando dos magistrados, mas também, em suas orações, devem defender seu bem-estar diante de Deus. Disse Jeremias aos israelitas: “Orai pela paz de Babilônia, porque, em sua paz, tereis paz” [Jr 29.7]. Eis o ensino universal da Escritura: que aspiremos o estado contínuo e pacífico das autoridades deste mundo, pois elas foram ordenadas por Deus.” (CALVINO, As Pastorais, Paracletos, 1ª ed., p. 56,57)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Último Sermão

Nascido em 1620, Thomas Watson estudou em Cambridge (Inglaterra). Em 1646, iniciou um pastorado de dezesseis anos em Londres. Entre suas principais obras, estão o seu famoso Body of Pratical Divinity (Compêndio de Teologia Prática), publicado postumamente em 1692.

A 24 de agosto de 1662, dois mil ministros puritanos do evangelho foram excluídos de seus púlpitos, tendo recebido a ordem de não mais pregarem em público. O Ato de Uniformidade, baixado pelo parlamento inglês, conhecido pelos evangélicos como a Grande Ejeção, pairava por sobre a Inglaterra como uma nuvem espessa. Muitos líderes eclesiásticos da Igreja Anglicana, a religião oficial, estavam forçando os puritanos a cessarem suas prédicas ou a se moldarem à adoração litúrgica decretada por lei. Muitos ministros preferiam o silêncio à transigência.

Com olhos marejados de lágrimas, milhares de crentes humildes ouviram seu último sermão no domingo imediatamente anterior à data em que o Ato se tornaria lei. E, naquele último domingo de liberdade, os ministros puritanos provavelmente pregaram os seus melhores sermões.

O sermão que passamos a transcrever, de modo um tanto abreviado, foi pregado por Thomas Watson a seu pequeno rebanho.

Antes que eu me vá, devo oferecer alguns conselhos e orientações para vossas almas. Eis as vinte instruções que tenho a dar a cada um de vós, para as qua is desejo a mais especial atenção:

1) Antes de tudo, observa tuas horas constantes de oração a Deus, diaria mente. O homem piedoso é homem “separado” (Sl 4.3), não apenas porque Deus o separou por eleição, mas também porque ele mesmo se separa por devoção. Inicia o dia com Deus, visita-O pela manhã, antes de fazeres qualquer outra coisa.


Lê as Escrituras, pois elas são, ao mesmo tempo, um espelho que mostra as tuas manchas e um lavatório onde podes branquear essas máculas. Adentra ao céu diariamente, em oração.

2) Coleciona bons livros em casa. Os livros de qualidade são como fontes que contêm a água da vida, com a qual poderás refrigerar-te. Quando descobrires um arrepio de frio em tua alma, lê esses livros, onde poderás ficar familiarizado com aquelas verdades que aquecem e afetam o coração.

3) Tem cuidado com as más companhias. Evita qualquer familiaridade desnecessária com os pecadores. Ninguém pode apanhar a saúde de outrem; mas pode-se apanhar doenças. E a doença do pecado é altamente trans­missível.


Visto não podermos melhorar os outros, ao menos tenhamos o cuidado de que eles não nos façam piores. Está escrito acerca do povo de Israel que “se mesclaram com as nações e lhes aprenderam as obras” (Sl 106.35).


As más companhias são as redes de arrastão do diabo, com as quais arrasta milhões de pessoas para o inferno. Quantas famílias e quantas almas têm sido arruinadas pelas más companhias!

4) Cuidado com o que ouves. Existem certas pessoas que, com seus modos sutis, aprendem a arte de misturar o erro com a verdade e de oferecer veneno em uma taça de ouro. Nosso Salvador, Jesus Cristo, acon selhou-nos: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresen tam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores” (Mt 7.15).


Sê como aqueles bereanos que examinavam as Escrituras, para verificar se, de fato, as coisas eram como lhes foram anunciadas (At 17.11). Aos crentes é mister um ouvido discernidor e uma língua crítica, que possam distinguir entre a verdade e o erro e ver a diferença entre o banquete oferecido por Deus e o guisado colocado à sua frente pelo diabo.

5) Segue a sinceridade. Sê o que pareces ser. Não sejas como os remadores, que olham para um lado e remam para outro. Não olhes para o céu, com tua profissão de fé, para, então, remar em direção ao inferno, com tuas práticas. Não finjas ter o amor de Deus, ao mesmo tempo que amas o pecado. A piedade fingida é uma dupla iniqüidade.


Que teu coração seja reto perante Deus. Quanto mais simples é o diamante, tanto mais precioso ele é; e quanto mais puro é o coração, maior é o valor que Deus dá à sua jóia. O salmista disse sobre Deus: “Eis que te comprazes na verdade no íntimo” (Sl 51.6).

6) Nunca te esqueças da prática do auto-exame. Estabelece um tribunal em tua própria alma. Tem receio tanto de uma santidade mascarada quan to de ires para um céu pintado. Julgas-te bom porque outros assim pensam de ti?


Permite que a Palavra seja um ímã com o qual provarás o teu coração. Deixa que a Palavra seja um espelho, diante do qual poderás julgar a aparência de tua alma. Por falta de autocrítica, muitos vivem conhecidos pelos outros, mas morrem desconhecidos por si mesmos. “De noite indago o meu íntimo”, disse o salmista (Sl 77.6).

7) Mantém vigilância quanto à tua vida espiritual. O coração é um instrumento sutil, que gosta de sorver a vaidade; e, se não usarmos de cautela, atrai-nos, como uma isca, para o pecado. O crente precisa estar constantemente alerta.


Nosso coração se assemelha a uma “pessoa suspeita”. Fica de olho nele, observa o teu coração continuamente, pois é um traidor em teu próprio peito. Todos os dias deves montar guarda e vigiar. Se dormires, aí está a oportunidade para as tentações diabólicas.

8) O povo de Deus deve reunir-se com freqüência. As pombas de Cristo devem andar unidas. Assim, um crente ajudará a aquecer ao outro. Um conselho pode efetuar tanto bem quanto uma pregação. “Então, os que temiam ao Senhor falavam uns aos outros” (Ml 3.16).


Quando um crente profere a palavra certa no tempo oportuno, derrama sobre o outro o óleo santo que faz brilhar com maior fulgor a lâmpada do mais fraco. Os biólogos já notaram que há certa simpatia entre as plantas. Algumas produzem melhor quando crescem perto de outras plantas. Semelhantemente, esta é a verdade no terreno espiritual. Os santos são como


árvores de santidade. Medram melhor na piedade quando crescem juntos.

9) Que o teu coração seja elevado acima do mundo. “Pensai nas coisas lá do alto” (Cl 3.2). Podemos ver o reflexo da lua na superfície da água, mas ela mesma está acima, no firmamento. Assim também, ainda que o crente ande aqui em baixo, o seu coração deve estar fixado nas glórias do alto.


Aqueles cujos corações se elevam acima das coisas deste mundo não ficam aprisionados com os vexames e desassossegos que outros experimentam, mas, antes, vivem plenos de alegria e de contentamento.

10) Consola-te com as promessas de Deus. As promessas são grandes suportes para a fé, que vive nas promessas do mesmo modo que o peixe vive na água. As promessas de Deus são quais balsas flutuantes que nos impedem de afundar, quando entramos nas águas da aflição. As promessas são doces cachos de uvas produzidos por Cristo, a videira verdadeira.

11) Não sejas ocioso, mas trabalha para ganhar o teu sustento. Estou certo de que o mesmo Deus que disse: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar”, também disse: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra”. Deus jamais apoiou qualquer ociosidade.


Paulo observou: “Estamos informados de que, entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranqüilamente, comam o seu próprio pão” (2 Ts 3.11-12).

12) Ajunta a primeira tábua da Lei à segunda, isto é, piedade para com Deus e eqüidade para com o próximo. O apóstolo Paulo reúne essas duas idéias, em um só versículo: “Vivamos, no presente século... justa e piedosamente” (Tt 2.12). A justiça se refere à moralidade; a piedade diz respeito à santidade.


Alguns simulam ter fé, mas não têm obras; outros têm obras, mas não têm fé. Alguns se consideram zelosos de Deus, mas não são justos em seus tratos; outros são justos no que fazem, mas não têm a menor fagulha de zelo para com Deus.

13) Em teu andar perante os outros, une a inocência à prudência. “Sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mt 10.16). Devemos incluir a inocência em nossa sabedoria, pois doutro modo tal sabedoria não passará de astúcia; e precisamos incluir sabedoria em nossa inocência, pois do contrário nossa inocência será apenas fraqueza.


Convém que sejamos tão inofensivos como as pombas, para que não causemos danos aos outros, e que tenhamos a prudência das serpentes, a fim de que os outros não abusem de nós nem nos manipulem.

14) Tenha mais medo do pecado que dos sofrimentos. Sob o sofrimento, a alma pode manter-se tranqüila. Porém, quando um homem peca voluntariamente, perde toda a sua paz. Aquele que comete um pecado para evitar o sofrimento, assemelha-se ao indivíduo que permite sua cabeça ser ferida, para evitar danos ao seu escudo e capacete.

15) Foge da idolatria. “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5.21). A idolatria consiste numa imagem de ciúme que provoca a Deus. Guarda-te dos ídolos e tem cuidado com as superstições.

16) Não desprezes a piedade por estar sendo ela perseguida. Homens ímpios, quando instigados por Satanás, vituperam, maliciosamente, o caminho de Deus.


A santidade é uma qualidade bela e gloriosa. Chegará o tempo quando os iníquos desejarão ver algo dessa santidade que agora desprezam, mas estarão tão removidos dela como agora estão longe de desejá-la.

17) Não dá valor ao pecado por estar atualmente na moda. Não julga o pecado como coisa apreciável, só porque a maioria segue tal caminho. Pensamos bem sobre uma praga, só porque ela se torna tão generalizada e atinge a tantos? “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (Ef 5.11).

18) No que diz respeito à vida cristã, serve a Deus com todas as tuas forças. Deveríamos fazer por nosso Deus tudo quanto está no nosso alcance. Deveríamos servi-Lo com toda a nossa energia, posto que a sepultura está tão perto, e ali ninguém ora nem se arrepende. Nosso tempo é curto demais, pelo que também o nosso zelo de Deus deveria ser intenso. “Sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11).

19) Faze aos outros todo o bem que puderes, enquanto tiveres vida. Labuta por ser útil às almas de teus semelhantes e por suprir as necessidades alheias. Jesus Cristo foi uma bênção pública no mundo. Ele saiu a fazer o bem.


Muitos vivem de modo tão infrutífero, que, na verdade, suas vidas dificilmente são dignas de uma oração, como também seu falecimento quase não merece uma lágrima.

20) Medita todos os dias sobre a eternidade. Pois talvez seja questão de poucos dias ou de poucas horas — haveremos de embarcar através do ocea no da eternidade. A eternidade é uma condição de desgraça eterna ou de felicidade eterna. A cada dia, passa algum tempo a refletir a respeito da eternidade.


Os pensamentos profundos sobre a eterna condição da alma deveriam servir de meio capaz de promover a santidade.


Em conclusão, não devemos superestimar os confortos deste mundo. As conveniências do mundo são muito agradáveis, mas também são passageiras e logo se dissipam. A idéia da eternidade deve ser o bastante para impedir-nos de ficar tristes em face das cruzes e sofrimentos neste mundo. A aflição pode ser prolongada, mas não eterna. Nossos sofrimentos neste mundo não podem ser comparados com nosso eterno peso de glória.


Considerai o que vos tenho dito, e o Senhor vos dará entendimento acerca de tudo.


Fonte: Site da Editora Fiel

sexta-feira, 21 de maio de 2010

"Ciência cria primeira célula sintética"?

"Ciência cria primeira célula sintética". Esse é o noticiário da hora.

Sugiro aos leitores que leiam os seguintes blogs:

Blog do Enézio: Desafiando a Nomenklatura Científica

Blog do Michelson Borges: Criacionismo

Comentário meu:

Mapear, construir, implantar e religar (que é o principal feito da pesquisa de Venter) o genoma "simples" e artificial da Mycoplasma mycoides (obs.: bactéria classificada como procarionte) é um feito de complexidade altíssima! Mérito da equipe de Craig Venter. O problema está na interpretação do fato. Qualquer pessoa (inclusive um jornalista) intelectualmente honesta sabe que NÃO houve criação. Criou-se o quê, se o que houve foi uma cópia engenhosa e o entendimento dos mecanismos químicos da mesma?? Colocar uma máquina para funcionar é uma coisa. Criá-la espontaneamente, ao acaso e gradualmente ao longo do tempo, sem conhecimento ou informação contida em códigos (genes), e sem o auxílio de super computadores e de laboratórios (de inteligência) é outra coisa e isso sim é o Gen da questão. Não começaram do zero. A falácia ou o engano dos noticiários, em geral, é dizer que vida não implica na existência de um Criador sobrenatural, tal como o Deus da Bíblia. Filosoficamente não há implicações metafísicas. Há sim um avanço em engenharia genética. Em outras palavras, fizeram o gol contra e ainda foram comemorar com a torcida. Se você ainda está disposto(a) em acreditar nisso, pergunte-se: ligar o que já está pronto é criar?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Que Significa "enchei-vos do Espírito"

E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito... (Ef 5.18s)

O que significa “enchei-vos do Espírito”? John Stott, em A Mensagem de Efésios (ABU, 5ª ed., p. 156) comenta:

“A forma exata do verbo plērousthe é sugestiva.

Em primeiro lugar, está no modo imperativo. “Enchei-vos” não é uma proposta alternativa, mas, sim, um mandamento autoritário. Não podemos mais evitar esta responsabilidade, tal como se dá com muitas outras que a cercam em Efésios. Ser cheio do Espírito é obrigatório, não é opcional.

Em segundo lugar, está na forma do plural. Noutras palavras, é endereçado à totalidade da comunidade cristã. Ninguém dentre nós deve ficar bêbado; todos nós devemos encher-nos do Espírito. A plenitude do Espírito não é um privilégio elitista, mas, sim, uma possibilidade para todo o povo de Deus.

Em terceiro lugar, está na voz passiva. O sentido é “deixai o Espírito Santo encher-vos”. Não há nenhuma técnica para aprender e nenhuma fórmula para recitar. O que é essencial é evitar com arrependimento tudo quanto entristeça o Espírito Santo, e ter uma tal receptividade a ele pela fé que nada o impeça de encher-nos. É significante que a passagem paralela em Colossenses diz, ao invés de enchei-vos do Espírito, “habite ricamente em vós a palavra de Cristo” (Cl 3.16). Nunca devemos separar o Espírito da Palavra. Obedecer à Palavra e entregar-se ao Espírito são virtualmente dois procedimentos idênticos.

Em quarto lugar, está no tempo presente. No grego há dois tipos de imperativo, um aoristo que descreve uma ação única, e um presente quando a ação é contínua. Assim, quando Jesus disse durante as bodas em Caná: “Enchei d`água as talhas” (Jo 2.7), o imperativo é aoristo, visto que as talhas deviam ser enchidas uma só vez. Quando, porém, Paulo nos diz: Enchei-vos do Espírito, emprega um imperativo no presente, o que subentende que devemos continuar ficando cheios. A plenitude do Espírito, pois, não é uma experiência de uma vez para sempre que nunca podemos perder, mas, sim, um privilégio que deve ser continuamente renovado pelo continuado crer e pela continuada apropriação obediente. Fomos selados com o Espírito de uma vez por todas; temos necessidade de encher-nos do Espírito e continuar ficando cheios todos os dias e todos os momentos do dia.”

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Boas Razões Para Considerar o Homossexualismo Errado

... "não é difícil demonstrar que o comportamento homossexual é um dos comportamentos mais auto-destrutivos e prejudiciais que uma pessoa pode se envolver. O fato não é publicamente divulgado. Hollywood e a mídia inflexivelmente tendem a colocar um ar de alegria sobre ahomossexualidade, enquanto na verdade é um estilo de vida depressivo, perturbador e perigoso, tão viciante e destrutivo quando o alcoolismo ou o fumo. Mas as estatísticas que eu vou compartilhar com você estão bem documentadas pelo Dr. Thomas Schmidt no seu memorável livro Straight and Narrow?[4]

Para começar, existe uma quase compulsiva promiscuidade associada com o comportamento homossexual. 75% dos homens homossexuais têm mais de 100 parceiros durante toda a vida. Mais da metade desses parceiros são estranhos. Apenas 8% dos homens homossexuais e 7% das mulheres homossexuais têm relacionamentos que duram mais de três anos. Ninguém sabe a razão dessa promiscuidade estranha e obsessiva. Pode ser que os homossexuais estão tentando satisfazer uma profunda necessidade psicológica através das relações sexuais, necessidade que nunca é satisfeita. Homens homossexuais têm em média 20 parceiros por ano. De acordo com o Dr. Schmidt,

"O número de homens homossexuais que experimenta algo como fidelidade vitalícia se torna, falando estatisticamente, quase sem sentido. A promiscuidade entre homens homossexuais não é um simples estereótipo, e não é simplesmente a experiência maioritária - é praticamente a únicaexperiência. Fidelidade vitalícia é quase não-existente na experiência homossexual."

Aliada à promiscuidade compulsiva o uso de drogas é difundido entre os homossexuais para aprofundar suas experiências sexuais. Os homossexuais de um modo geral são três vezes mais propensos a terem problemas com bebidas do que a população média. Estudos revelam que 47% dos homens homossexuais têm um histórico de abuso de alcoól e 51% têm um histórico de abuso de drogas. Há uma correlação direta entre o número de parceiros e o nível de drogas consumidas.

Além do mais, de acordo com Schmidt, "Existem enormes evidências de que algumas desordens mentais ocorrem com muito mais frequência entre homossexuais." Por exemplo, 40% dos homens homossexuais tem um histórico de depressão profunda. Os homens de um modo geral apresentam um histórico de depressão de apenas 3%. De forma similar, 37% das mulheres homossexuais têm um histórico de depressão. Isso leva a um alto índice de suícidio. Os homossexuais são três vezes mais propensos a tentativas de suícidio do que a população média. De fato, homens homossexuais tem um índice de tentativa de suícidio seis vezes maior do que dos homens heterossexuais, e as mulheres homossexuais tentam se suicidar duas vezes mais do que mulheres heterossexuais. Nem a depressão nem o suícidio são os únicos problemas. Os estudos revelam que os homossexuais são mais propensos à prática de pedofilia do que os homens heterossexuais. Qualquer que seja a causa dessas desordens, o fato é que qualquer um que considere a possibilidade de se envolver num estilo de vida homossexual não pode se iludir sobre onde ele está entrando.

Outro segredo bem guardado é quão fisicamente perigoso o comportamento homossexual é. Não vou descrever o tipo de atividade sexual praticada pelos homossexuais, mas deixe-me dizer que nossos corpos, macho e fêmea, foram desenhados para o intercurso sexual de uma forma que os corpos de dois homens não foram. Como resultado, a atividade homossexual, 80% é de homens, é muito destrutiva, resultando em problemas como danos à prostáta, úlceras e rupturas, incontinência crônica e diarréia.

Além desses problemas físicos, as doenças sexualmente transmissiveís são muito disseminadas entre a população homossexual. 75% dos homens homossexuais têm uma ou mais doenças sexualmente transmissíveis, não incluindo a AIDS. Isso inclui todo o tipo de infecções não-virais como gonorréia, sífilis, infecções bacterianas e parasitas. Também é comum entre os homossexuais doenças virais como herpes e hepatite B (que afeta 65% dos homens homossexuais), ambas sendo incuráveis, bem como a hepatite A e verrugas anais, que afetam 40% dos homens homossexuais. E eu sequer incluí a AIDS. Talvez a mais chocante e terrível estatística é que, deixando de lado aqueles que morrem devido a AIDS, a expectativa de vida do homem homossexual é de 45 anos aproximadamente. E a do homem comum é de 70 anos.Se você incluir aqueles quem morrem de AIDS, que agora afeta 30% dos homens homossexuais, a expectativa de vida cai para 39 anos de idade.

Então eu acredito que se pode fazer uma boa defesa de que o comportamento homossexual é errado apenas baseando-se em príncipios morais aceitos geralmente. Assim, totalmente à parte da proibição Bíblica, existem boas razões para considerar a atividade homossexual como errada."


Fonte: Reasonable Faith

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