segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Que Significa "enchei-vos do Espírito"

E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito... (Ef 5.18s)

O que significa “enchei-vos do Espírito”? John Stott, em A Mensagem de Efésios (ABU, 5ª ed., p. 156) comenta:

“A forma exata do verbo plērousthe é sugestiva.

Em primeiro lugar, está no modo imperativo. “Enchei-vos” não é uma proposta alternativa, mas, sim, um mandamento autoritário. Não podemos mais evitar esta responsabilidade, tal como se dá com muitas outras que a cercam em Efésios. Ser cheio do Espírito é obrigatório, não é opcional.

Em segundo lugar, está na forma do plural. Noutras palavras, é endereçado à totalidade da comunidade cristã. Ninguém dentre nós deve ficar bêbado; todos nós devemos encher-nos do Espírito. A plenitude do Espírito não é um privilégio elitista, mas, sim, uma possibilidade para todo o povo de Deus.

Em terceiro lugar, está na voz passiva. O sentido é “deixai o Espírito Santo encher-vos”. Não há nenhuma técnica para aprender e nenhuma fórmula para recitar. O que é essencial é evitar com arrependimento tudo quanto entristeça o Espírito Santo, e ter uma tal receptividade a ele pela fé que nada o impeça de encher-nos. É significante que a passagem paralela em Colossenses diz, ao invés de enchei-vos do Espírito, “habite ricamente em vós a palavra de Cristo” (Cl 3.16). Nunca devemos separar o Espírito da Palavra. Obedecer à Palavra e entregar-se ao Espírito são virtualmente dois procedimentos idênticos.

Em quarto lugar, está no tempo presente. No grego há dois tipos de imperativo, um aoristo que descreve uma ação única, e um presente quando a ação é contínua. Assim, quando Jesus disse durante as bodas em Caná: “Enchei d`água as talhas” (Jo 2.7), o imperativo é aoristo, visto que as talhas deviam ser enchidas uma só vez. Quando, porém, Paulo nos diz: Enchei-vos do Espírito, emprega um imperativo no presente, o que subentende que devemos continuar ficando cheios. A plenitude do Espírito, pois, não é uma experiência de uma vez para sempre que nunca podemos perder, mas, sim, um privilégio que deve ser continuamente renovado pelo continuado crer e pela continuada apropriação obediente. Fomos selados com o Espírito de uma vez por todas; temos necessidade de encher-nos do Espírito e continuar ficando cheios todos os dias e todos os momentos do dia.”

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