Livros são armas intelectuais. A influência que podem causar é às vezes sentida em um período de milênios tamanho o seu impacto numa sociedade. Livros são idéias com propósito e são a fonte de grande parte da informação disponível no mundo. No entanto, nem toda informação publicada na forma de um livro é confiável. Certamente, vivemos dias semelhantes aos que Isaías descreve, no Capítulo 5, verso 20: "Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!".
Portanto, precisamos ser críticos quanto àquilo que lemos ou ouvimos, pois informação não confiável é uma arma destrutiva contra uma sociedade, porque esta fica presa a mentira e toda mentira produz o engano e a desordem. Infelizmente a Ciência não está livre de farsas. Vejamos duas dessas farsas que ainda persistem nos livros didáticos.
A primeira delas é a Lei Fundamental da Biogenética ou Lei Biogenética[1], anunciada pelo famoso biólogo naturalista e filósofo alemão Ernst HAECKEL (1834 – 1919), considerado um dos pesquisadores mais impressionantes de seu tempo. Essa Lei exprimia a máxima de que “a ontogênese é a recapitulação da filogênese”. Em outras palavras, os estágios embrionários dos vertebrados lembrariam a história da teoria evolutiva, conforme a figura abaixo.
Phillip E. Johnson diz que a definição de homologia[2] feita por Darwin refletiu uma crença muito difundida entre os evolucionistas de que essa Lei constituía uma evidência para a validação da teoria evolutiva. Mas, em relação às imagens dos embriões, estas foram desacreditadas pelo próprio HAECKEL como um argumento científico, conforme ele próprio escreveu em um jornal, “Berliner Volkszeitung”, de 29/12/1908:
“... quero começar confessando com arrependimento que uma pequena parte de minhas numerosas fotografias de embriões é realmente falsificada – refiro-me a todas aquelas nas quais o material de observação existente é tão incompleto ou insuficiente que, na produção de uma cadeia de desenvolvimento coerente, somos obrigados a preencher as lacunas por meio de hipóteses”.
Reinhard Junker e Siegfried Scherer ainda nos diz que este pedido de desculpas não corresponde a toda a verdade, pois no século XIX, anatomistas contemporâneos como v. BAER, RATHKE (1793-1860), REICHERT (1811-1883), KOLLIKER (1817-1905) ou HIS (1831-1904) forneceram em seus trabalhos sobre Embriologia dos vertebrados ou do ser humano fatos que HAECKEL simplesmente desconhecia ou não levou em consideração, a fim de poder apresentar sua visão das coisas sem contradição.
Johnson conclui dizendo que embriões recapitulando formas ancestrais adultas ou, especificamente, seres humanos passando por estágios de peixes e répteis, por exemplo, nunca foram apoiadas pela evidência, e que os embriologistas descartaram isso em silêncio. Porém, a Lei da Biogenética era tão agradável teoricamente que gerações de estudantes de biologia aprenderam isso como fato.
E ainda aprendem! Eu podia citar qualquer livro, mas escolhi um que usei para os meus estudos na época do meu vestibular e que agora o meu irmão também faz o seu uso. No livro “Biologia Hoje – Volume 3”, dos autores Sérgio Linhares e Fernando Gewandsznajder, 10ª edição, um dos livros sobre Evolução muito adotado entre os professores de segundo grau, encontramos a seguinte “evidência” no capítulo 11, página 194:
“Peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos são muito diferentes quando adultos, mas seus embriões são bastantes semelhantes. Por que isso acontece? Novamente estamos diante de uma evidência em favor da evolução. A explicação é que todos esses animais descendem de um ancestral comum. A partir de uma organização básica, que aparece no embrião, surgem novos órgãos, adaptados ao modo de vida do adulto. O que a evolução faz é “aproveitar” uma estrutura preexistente, modificando-a lentamente ao longo do tempo...A embriologia comparada permitiu a descoberta de parentesco entre espécies.”. Logo abaixo desse texto está a figura que HAECKEL produziu, mesmo já se passando mais de 100 anos após a sua confissão pública de adulteração das fotos.
Qual o por quê disso? Porque será que ainda encontramos nos livros didáticos supostas evidências a favor da teoria naturalista de Darwin que já foram desacreditadas pela própria comunidade científica? O que está por trás dessa posição afoita dos livros de biologia? Paira no ar uma neblina misteriosa envolta num clima de religião e não de ciência...
No próximo post, comentaremos a segunda farsa clássica da teoria naturalista evolutiva.
1. Lei Biogenética: “A ontogênese, ou o desenvolvimento dos indivíduos orgânicos como a seqüência de alterações da forma pela qual todo organismo individual passa durante toda a sua existência, é diretamente condicionada pela filogênese, ou o desenvolvimento do filo (Phylon) orgânico ao qual o mesmo pertence”. “A ontogênese é a recapitulação curta e rápida da filogênese, condicionada pela função fisiológica da hereditariedade (procriação) e adaptação (nutrição)” (HAECKEL 18866, S. 300). Não se encontra qualquer definição clara de HAECKEL sobre essa Lei. Em suas inúmeras obras existe uma multiplicidade de formulações com complementações e restrições. Em 1866, HAECKEL apresentou suas opiniões pela primeira vez na “Morfologia Geral dos Organismos” (Vol. II, p. 300 e s.) sob o título “Teses do Nexo Causal do Desenvolvimento Biôntico e Filético”. Em 1872 ele elevou essas teses à Lei Fundamental da Biogenética (Die Kalks – chwamme – Calcispongae, Berlim 1872).
2. Homologia: “Na Biologia distinguem-se duas formas de semelhança: Homologia e Analogia. O conceito de Homologia tem definições bastante diversas, nas quais, em parte, já está assimilada uma interpretação. Por conseguinte, deve-se distinguir entre definições analíticas ou descritivas e definições históricas. Desse modo, DIEHL (1980, p. 24) faz a seguinte definição analítica: Homologia é a equivalência de estruturas no plano construtivo de diversos seres vivos. Em outras palavras, é o estudo de semelhanças anatômicas entre espécies. Por exemplo, estudando os detalhes da anatomia do braço de um homem, da nadadeira do golfinho e da asa do morcego vemos que apesar de terem funções diferentes esses órgãos apresentam o mesmo “padrão de construção”. Isto é, mostram uma arrumação de ossos, músculos e nervos muito semelhantes. Para os evolucionistas, tais semelhanças indicam que esses órgãos evoluíram a partir de um mesmo órgão – a pata- que se adaptou a funções diferentes.