sábado, 6 de novembro de 2010

Igreja (IPR) num Apto: missão numa cultura urbana emergente

"Gostaria de encerrar este capítulo falando acerca de uma igreja local em particular. Como qualquer outra igreja local, ela também tem seus problemas. Porém, está repleta de características inteiramente admiráveis.

Essa igreja começou há apenas uns vinte anos com um pequeno grupo que se reunia em um apartamento. Eram comprometidos com sua fé e obediência a Jesus, e desejavam ardentemente alcançar os não convertidos da região metropolitana em que estavam localizados. O homem que aceitou ser o pastor dessa comunidade não apenas tinha um excelente domínio da teologia bíblica, mas era extraordinariamente perspicaz na leitura que fazia da cultura urbana e bastante pós-moderna que os cercava. Muitos que frequentavam a igreja tinham profunda convicção de que o cristianismo vivido por aqueles cristãos era autêntico; a mensagem soava verdadeira, o culto comunitário (um tanto tradicional pela manhã e mais inovador à noite) era cheio de vitalidade, integridade e de expressões genuínas de contrição e louvor.

Embora estivesse ligado a uma tradição teológica específica, seu jeito não era visto como arrogante, mesmo quando encorajavam um profundo confessionalismo. Sua denominação tinha pouca representatividade demográfica em sua cidade, de modo que o crescimento que experimentaram não foi alcançado pela transferência de fiéis das igrejas irmãs: em sua maior parte era fruto de conversão. Conseguir penetrar aqueles blocos fechados de apartamentos e a cultura yuppie de uma grande cidade nunca é tarefa fácil, mas centenas e posteriormente milhares de pessoas estavam se convertendo, dando origem a uma congregação em que a média de idade estava na faixa do final dos vinte e começo dos trinta anos: era a geração pós-moderna que estava sendo mais impactada. Ao longo de duas décadas essa igreja plantou inúmeras congregações na região metropolitana em que estava radicada e, então, passou a ajudar a plantar outras igrejas de outras regiões metropolitanas.

A grande ironia é que, embora toda essa descrição soe como um exemplo fenomenal de uma igreja emergente, é completamente improvável que a igreja de que falo - a Redeemer Presbyterian Church [Igreja Presbiteriana Redentor] de Nova York - identifique-se dessa forma. No entanto, o motivo pelo qual falo dessa igreja deve ficar claro: ela demonstra possuir muitos dos pontos fortes do movimento emergente, mas ao mesmo tempo escapa de muitos dos seus pontos fracos. Em outras palavras, o movimento emergente tem vários pontos fortes, pelos quais devemos ser gratos - mas que, no entanto, não são uma exclusividade desse movimento. Na verdade, eu poderia citar uma série de igrejas locais que partilham dos mesmos pontos fortes do movimento emergente, mas que não gostariam de ser identificadas dessa forma. Isso demonstra que o movimento emergente está por dentro de algo. Significa que mais e mais igrejas sentem a necessidade de mudança em resposta à cultura, ainda que não concordem quanto a como essa mudança deva se parecer.

Essa sóbria realidade sugere que, tendo visto os pontos fortes do movimento emergente, devemos também refletir sobre seus pontos fracos."



Fonte: Igreja Emergente - o movimento e suas implicações. D. A. Carson. Vida Nova, p. 66-67. 2010.

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