segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O Ateísmo é uma Solução Simplista

[...]

“Com isto, é claro, surge uma pergunta difícil. Se um Deus bom criou o mundo, porque esse mundo deu errado? Por muitos anos, recusei-me a ouvir as respostas cristãs à pergunta, pois tinha a sensação persistente de que “o que quer que vocês digam, por mais astutos que sejam os seus argumentos, não é muito mais simples e mais fácil afirmar que o mundo não foi feito por um poder dotado de inteligência? As argumentações de vocês não são apenas uma complicada tentativa de fugir ao óbvio?” Mas, através disso, acabei me deparando com outra dificuldade.

Meu argumento contra Deus era o de que o universo parecia injusto e cruel. No entanto, de onde eu tirara essa idéia de justo e injusto ? Um homem não diz que uma linha é torta se não souber o que é uma linha reta. Com o que eu comparava o universo quando o chamava de injusto? Se o espetáculo inteiro era ruim do começo ao fim, como é que eu, fazendo parte dele, podia ter uma reação assim tão violenta? Um homem sente o corpo molhando quando entra na água porque não é um animal aquático; um peixe não se sente assim. É claro que eu poderia ter desistido da minha idéia de justiça dizendo que ela não passava de uma idéia particular minha. Se procedesse assim, porém, meu argumento contra Deus também desmoronaria – pois depende da premissa de que o mundo é realmente injusto, e não de que simplesmente não agrada aos meus caprichos pessoais. Assim, no próprio ato de tentar provar que Deus não existe – ou, por outra, que a realidade como um todo não tem sentido –, vi-me forçado a admitir que uma parte da realidade – a saber, minha idéia de justiça – tem sentido, sim. Ou seja, o ateísmo é uma solução simplista. Se o universo inteiro não tivesse sentido, nunca perceberíamos que ele não tem sentido – do mesmo modo que, se não existisse luz no universo e as criaturas não tivessem olhos, nunca nos saberíamos imersos na escuridão. A própria palavra escuridão não teria significado.”


C. S. Lewis

terça-feira, 22 de setembro de 2009

"Fé Não é um Salto no Escuro"

"Nos dias atuais estamos infectados por algo chamado "fideísmo". O Fideísmo diz: "Não preciso ter uma razão para o que acredito. Apenas fecho meus olhos como a pequena Alice e respiro bem fundo, aperto meu nariz, e se eu tentar o bastante, conseguirei crer e pular nos braços de Jesus. Dou um salto no escuro em relação à fé". A Bíblia nunca nos diz para dar um salto na escuridão e esperar que exista alguém lá. Ela nos diz para saltarmos das trevas para a luz. Isso não é salto no escuro. A fé pela qual o Novo Testamento nos chama é a fé enraizada e solidificada em algo que Deus fez de forma clara...

Meditar em At 17.30,31; 26.26.

As vezes preferiríamos esquivar-nos da responsabilidade de fazer nosso trabalho de casa, combater os problemas e responder às objeções e simplesmente dizer para as pessoas: "Olhe, você tem que ter fé". Esse é o pretexto básico. Isso não honra a Cristo. Honramos a Cristo ao mostrar as pessoas a irrefutabilidade das verdades reivindicadas pelas Escrituras, assim como o próprio Deus faz. Devemos nos esforçar para fazer o nosso trabalho como o Espírito Santo faz, porque ele não pede para as pessoas colocarem sua confiança, fé e sentimento no que é absurdo e sem sentido."




R. C. Sproul

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Qual sua opnião sobre esta matéria?

Lutas e reggae levam fiéis para igrejas evangélicas no Brasil

SÃO PAULO - A atmosfera estava elétrica na Igreja Renascer em Cristo na noite da "Extreme Fight". Devotos da igreja vestiam calças jeans e tênis, muitos com bonés virados para trás, e se alinhavam em torno de um ringue temporário para aplaudir lutadores de jiu-jitsu de peitos desnudos.
Eles gritaram quando o favorito dos fãs, Fábio Buca, resistiu a seu oponente por vários minutos. Eles ficaram exaltados quando o pastor Dogão Meira, 26, derrubou seu opositor, segurando ele com uma chave de braço depois de apenas 10 segundos de combate.
Com a multidão ainda vibrando, o pastor Mazola Maffei, vestido com calça de exército e camiseta, agarrou um microfone. Maffei que também é treinador de Meira, prendeu a atenção da multidão com um sermão sobre a conexão entre esporte e espiritualidade.
"Vocês precisam praticar mais o esporte da espiritualidade", ele aconselhou. "Vocês precisa lutar por suas vidas, por seus sonhos e ideais".
A Renascer em Cristo está entre o número cada vez maior de igrejas evangélicas do Brasil que buscam formas de se conectar com os jovens para aumentar sua legião de fiéis. De noites de luta a shows de reggae, de videogames a estúdios de tatuagem nos templos, as igrejas têm ajudado a fazer do movimento evangélico o movimento espiritual de maior crescimento no Brasil.
Evangélicos assistem ao confronto de luta livre na igreja / NYT
Igrejas cristãs evangélicas estão afastando os brasileiros do catolicismo romano, a religião dominante no país. Em 1950, 94% dos brasileiros diziam ser católicos, mas este número caiu continuamente e chegou a 74% em 2000. Um novo censo governamental será realizado no ano que vem.
Apesar da profunda ligação com o catolicismo no Brasil, cada vez mais brasileiros querem experimentar e escolher sua própria religião, disse Sílvia Fernandes, professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que escreveu um livro sobre o movimento evangélico no Brasil.
Ela disse que mais brasileiros foram atraídos a igrejas evangélicas ou pentecostais por causa da "flexibilidade da expressão religiosa". Eles vêem igrejas como a Renascer como lugares onde podem se expressar mais livremente e "não apenas procurar por soluções para problemas pessoais, mas também encontrar um lugar para se encontrar e socializar".
Jovens participam de celebração em igreja evangélica / NYT
Meira disse que para os jovens que buscam salvação, o evangelismo pode preencher um vazio. "Aqui eles entram na igreja, muitas vezes para ver uma competição de luta, e recebem a palavra de Jesus Cristo, e começam uma transformação. Eles abandonam as drogas, passam a respeitar seus pais e começam a curar as doenças da alma, como a ansiedade, a depressão, as drogas e o álcool, a prostituição", ele disse.
Em meio ao movimento jovem, a Renascer em Cristo também sofre com controvérsias. Os líderes da igreja, Estevam e Sônia Hernandes, voltaram ao Brasil no mês passado depois de cumprir vários meses em uma prisão americana por tentar entrar nos Estados Unidos com mais de US$ 56mil, incluindo US$ 9 mil que estavam escondidos em uma Bíblia. Eles ainda enfrentam acusações de fraude, apropriação indébita, evasão fiscal e lavagem de dinheiro no Brasil.
A Renascer tenta contratar pastores mais jovens que podem se relacionar melhor com os adolescentes. Meira é pastor de meio período; ele também trabalha no setor de marketing de uma companhia de tintas e estuda publicidade à noite.
Após a luta, jovens rezam ao lado do ringue / NYT

Na noite da "Extreme Fight" dezenas de adolescentes e jovens adultos perambul avam em torno da igreja. No salão da frente, barracas vendiam cachorro-quente e pizza e os jovens faziam fila em um canto para fazer tatuagens de temas religiosos, como a frase "Eu Pertenço a Jesus". Na sala principal, havia videogames, um DJ que tocava uma mistura hip-hop e funk, e uma projeção de um DVD dos Globe-trotter do Harlem. Apesar da maioria ter vindo para o evento principal, a Extreme Fight, eles se deixaram ficar. Depois de quatro brigas e do sermão de Maffei, os fieis formaram pares. Uma pessoa colocava a mão sobre a testa da outra e falava de Jesus Cristo enquanto esta fechava os olhos com firmeza.

O crescente movimento da mocidade evangélica tem como alvo a juventude brasileira de todas as classes. Na Igreja Bola de Neve, jovens profissionais se misturam com famílias de baixa renda e jovens problemáticos.
Pastores conduzem um rebanho de mais de 2.500 fiéis nas noites de domingo em palcos estimulados por shows de reggae e rock, com letras religiosas projetadas em um enorme telão.
O "apóstolo" da igreja, Rinaldo Pereira, disse ter tido uma experiência próxima à morte relacionada com drogas e hepatite cerca de 17 anos antes de um evento "sobrenatural" que o levou a dedicar sua vida a Deus.
Em 1999, Pereira e alguns outros ávidos surfistas locais fundaram a Bola de Neve, inspirados pela ideia de que uma bola de neve começa pequena mas pode crescer. A igreja recebeu seu primeiro impulso de um empresário de roupas de surf, que emprestou um auditório para a igreja. Precisando de um altar para o primeiro serviço, Pereira agarrou uma prancha de surfe que viu em um canto e a colocou sobre algumas cadeiras.
Hoje a igreja diz que tem 100 filiais, principalmente no Brasil. Uma delas, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, inaugurada com sete pessoas há três anos, agora tem aproximadamente 3.000 fiéis.
Rinaldo prega em altar feito com prancha de surf / NYT
O esporte e a música "superam todos os tipos de barreiras", disse Pereira.
"As pessoas podem não entrar em uma igreja, mas definitivamente assistirão a uma luta, um campeonato de surf, um evento musical", ele disse. "Tanto o esporte quanto a música transmitem uma mensagem ao público"
Em São Paulo, a igreja é um caso verdadeiramente familiar. Em um domingo, Pereira, 37, conduziu um sermão que durou três horas, ainda usando uma prancha de surf de cabeça para baixo como seu púlpito. Sua mulher, Denise, que também é pastora, esquentou a plateia cantando com o apoio de uma banda de rock.
No porão da igreja, seu filho de 16 anos, Nathan, conduzia uma multidão adolescente e mais jovem. O pastor em treinamento, com seu cabelo espetado, falou sobre Jesus Cristo com habilidades de um apresentador de programa de auditório. A certa altura, ele passou um recipiente plástico e pediu que os jovens fizessem doações, garantindo que Deus lhes devolverá "em dobro".
No andar superior, no sermão de seu pai, um jovem casal subiu ao palco para professar seu amor. Pereira parabenizou pelo menos dois outros jovens casais por seus bebês, erguendo-os para que todos pudessem ver.
Quando seu sermão chegou ao clímax, os fiéis fecharam os olhos firmemente e ergueram as mãos, como se em um transe, cantando e balançando ao som da música com lágrimas escorrendo por seus rostos.
Depois do serviço, Dom Luiz Bayeux, 22, contou como chegou ali. Ele cresceu em um lar problemático no qual seu padrasto, viciado em crack, morreu de aids. Aos 13, um rebelde Dom começou uma vida de crimes. Cinco anos depois, sua tentativa de curar o vício o levou a muitos lugares e muitas religiões.
Depois de não conseguir entrar para as forças militares, ele se lembrou de ter ouvido falar na Bola de Neve. No dia em que chegou à igreja o pastor disse aos fiéis: "Você está aqui para se alistar no exército de Jesus Cristo".
Para ele, aquilo foi uma intervenção divina. "O fato das pessoas aqui falarem a mesma língua e viverem o mesmo estilo de vida que eu foi o que me atraiu para este lugar, e é o que me me mantém aqui", ele disse.

- Por Alexei Barrionuevo

Obs. Extraído do site: http://www.ig.com.br/ (16/09)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Carta nº 9 de um Diabo a Seu Aprendiz

Querido Vermebile,

Espero que a minha última carta o tenha convencido de que a tribulação, o ponto baixo de “aridez” e embotamento que o seu paciente {Fitafuso se refere ao homem} enfrenta no momento, não irá, por si só, dar-lhe a sua alma, e sim que é algo que precisa ser devidamente explorado. A seguir discorrerei sobre como explorar essa fase.

Em primeiro lugar, sempre fui da opinião de que os períodos de baixa da ondulação humana nos dão uma excelente oportunidade para todas as tentações de cunho sensual, principalmente as do sexo. Talvez isso seja uma surpresa para você, porque, afinal de contas, é nas fases de pico que existe mais energia física e, portanto, mais apetite em potencial; mas você deve se lembrar de que o poder da resistência também está no seu nível máximo. A saúde e a disposição que você quer usar para produzir a luxúria também podem – ai de nós – ser facilmente usadas para a labuta, a diversão, o pensamento ou a alegria inócua. O ataque será mais bem sucedido quando todo o mundo interior de um homem estiver frio, vazio, triste. Também é importante notar que a sexualidade nas fases de baixa difere sutilmente em qualidade da sexualidade nas fases de pico – está bem menos propensa a àquele fenômeno insípido que os humanos chamam de “apaixonar-se”, mais propensa a ser atraída as perversões e bem menos contaminada por aqueles adendos generosos, cheios de imaginação e até mesmo espirituais que geralmente fazem com que a sexualidade humana seja tão decepcionante. O mesmo acontece com os outros prazeres da carne. Você terá mais chance de tornar o seu homem um legítimo alcoólatra se lhe empurrar a bebida como solução para sua apatia e exaustão do que lhe encorajar a usar a bebida como forma de diversão entre amigos quando ele estiver feliz expansivo. Nunca se esqueça que, quando lidamos com qualquer prazer, na sua forma normal e gratificante, estamos, de certo modo, no campo do Inimigo {Fitafuso se refere a Jesus}. Eu sei que já ganhamos várias almas através do prazer. Ainda assim, o prazer é invenção d`Ele {Deus}, não nossa. Ele concebeu os prazeres. Nossa pesquisa, até o momento, não permitiu que produzíssemos se quer um deles. Tudo o que podemos fazer é encorajar os humanos a abordar os prazeres que o nosso inimigo criou e usa-los de certas formas, ou certos momentos, ou em certo grau que ele tenha proibido. Sempre tentamos, portanto, trabalhar longe das condições naturais de qualquer prazer, e sim naquelas em que ele é menos natural, em que menos sugira o seu Criador, e menos gratificante. A fórmula, portanto, resume-se a uma ânsia cada vez maior por um prazer cada vez menor. È mais seguro e é mais elegante. Possuir a alma de um homem e não lhe dar nada em troca – é isso que realmente alegra o coração do Nosso Pai {Satanás}. E as fases de baixa são a época em que devemos dar início a esse processo.

Mas existe um método ainda melhor para explorar os momentos de baixa, que é através dos próprios pensamentos do paciente sobre eles. Como sempre, o primeiro passo é afasta-lo do conhecimento. Não o deixe sequer suspeitar da existência da lei da ondulação. Deixe-o pensar que seria natural que o entusiasmo inicial de sua conversão durasse e que deveria ter durado para sempre, e que o seu atual estado de aridez é um estado igualmente permanente. Uma vez que essa crença errônea estiver bem arraigada dentro dele, você poderá avançar de diversas maneiras. Tudo dependerá do seu homem ser fácil de desencorajar, aquele que pode ser tentado a cair em desespero, ou ser do tipo adepto do autoengano, aquele que pode ser levado a acreditar que está tudo bem. É cada vez mais raro o primeiro tipo entre os humanos. Se o seu paciente for desse tipo, tudo será mais fácil. Você deverá apenas afasta-lo da influência dos Cristãos mais experientes (o que é fácil de conseguir nos dias de hoje), voltar a sua atenção para as passagens apropriadas das Escrituras e guiá-lo para que fique totalmente determinado a recobrar seus sentimentos anteriores através da pura força de vontade. Se você fizer isso, ele será nosso. Se ele for do tipo mais esperançoso, seu trabalho consistirá em fazê-lo resignar-se a atual frieza de sua alma e gradualmente contentar-se com ela, tentando convencer-se de que, afinal de contas, ela não está tão fria assim. Dentro de uma ou duas semanas, ele ficará em dúvida se os primeiros dias do seu Cristianismo não foram talvez um tanto exagerados. Converse com ele sobre “moderação em todas as coisas”. Se você conseguir faze-lo chegar ao ponto de pensar que “a religião é benéfica só até certa medida”, você poderá então soltar fogos de artifício, pois a alma está prestes a ser sua. Uma religião moderada é tão proveitosa para nós quanto religião nenhuma – e ainda mais divertida.

Existe também a possibilidade de atacar a sua fé diretamente. Quando você conseguir faze-lo imaginar que o período de baixa é permanente, será que não poderia também persuadi-lo de que “sua fase religiosa” irá acabar, como todas as suas fases anteriores. É claro que não existe um modo concebível de ir, através da lógica, a afirmação “Estou gradualmente perdendo o interesse por esse assunto” até a afirmação “Tudo isso é falso”. Mas, como eu disse anteriormente, você deve contar com o jargão, não com a razão. A simples palavra “fase” certamente fará a mágica. Suponho que a criatura já passou por várias fases antes – todos eles passam – e que ele se sinta superior a todas as fases das fases ruins das quais consegui sair, não porque ele as tenha realmente avaliado, mas apenas porque estão no passado. (Imagino que você sempre o alimente com idéias nebulosas Progresso, Desenvolvimento e o Ponto de Vista Histórico, e que lhe dá muitas biografias modernas para ler, não é? Nesses livros, todas as pessoas estão sempre saindo de fases, não é mesmo?).

Captou a idéia? Distraia a atenção dele da simples antítese entre Verdadeiro e Falso. Ponha na sua mente algumas expressões bem vagas - “foi só uma fase”, “já passei por isso” - e nunca se esqueça deste bendita palavra: “adolescente”.

Afetuosamente, seu tio,
Fitafuso


Extraido do livro "Cartas de um diabo a seu aprendiz", de C. S. Lewis

domingo, 6 de setembro de 2009

2 Farsas Clássicas que Ainda Persistem nos Livros Didáticos (2 de 2)


Sobre a primeira farsa, os leitores deste blog a encontrarão aqui.


A segunda farsa tem, até hoje, o status de “verdade científica” e carrega a seguinte mensagem naturalista: “Quem precisa de um Criador?”. Me refiro ao famoso experimento do químico e biólogo americano chamado Stanley Miller (1930 - ). O experimento também ficou conhecido como experimento de Miller - Urey e, nas palavras de Phillip E. Johnson, “ele foi o auge do triunfalismo neodarwinista, logo quando da estréia literalmente esmagadora da energia atômica que tinha feito parecer que todos os mistérios se renderiam ao poder da investigação científica”. O estrondo foi grande mesmo e, então, é melhor caminharmos devagar sobre essa tentativa de provar que a vida se originou da matéria inanimada e inorgânica.

As perguntas preliminares que devemos levantar antes do primeiro passo são: Qual é o desafio da evolução química ou da química pré-biótica? Em que consistiu o experimento de Miller - Urey? Qual foi o principal objetivo de Miller? Qual a importância desse experimento para a cosmovisão naturalista darwinista? Porque ele fracassou? Em fim, como pode ter surgido a vida? Qual a origem da vida?

Antes e depois de Louis Pasteur (1822-1895), filósofos e cientistas tentaram mostrar que a vida surgiu por si mesma, de maneira espontânea. Trazendo o assunto para a concepção científica atual, os primeiros seres vivos foram o resultado de reações químicas aleatórias ao longo de bilhões de anos num planeta onde em épocas remotas havia um grande caldo primordial (uma espécie de oceano primitivo) e uma atmosfera redutora, em temperatura, preso e radiação solar desconhecidas. Essa é a hipótese mais defendida pelos cientistas darwinistas. Apesar das afirmações de Pasteur, que culminaram na Lei da Biogênese (“omne vivum ex vivo”, tudo que é vivo provém de um ser vivo), até hoje não refutada, há uma busca incessante em se provar o contrário dessa Lei e assim invalidá-la. Mesmo que hoje a vida não surja por si só, poderia ter sido diferente no passado, argumentam os adeptos da teoria da abiogênese ou geração espontânea.

Essa insistência tem uma lógica e fé darwinistas (é fé mesmo!). Aliás, o próprio Darwin sugeriu antecipadamente, em uma carta de 1871, esse modelo de surgimento da vida pela evolução química:

“Tem sido afirmado com freqüência que todas as condições para a produção inicial de um organismo vivo estão agora presentes, o que poderia sempre ter estado presente. Mas se (e oh! quão grande se!) pudéssemos conceber em algum pequeno lago, com todos os tipos de amônia e sal fosfórico, raios, calor, eletricidade, etc. presentes, que um composto de proteínas foi quimicamente formado prestes a passar por mudanças ainda mais complexas, no dia atual tal matéria seria de imediato devorada ou absorvida, o que não teria sido o caso antes de as criaturas vivas serem formadas”.

Os mecanismos fundamentais que Darwin lançou em sua teoria evolutiva, seleção natural, variação (= mutação), “hereditariedade” (é melhor dizermos transmissão de características favoráveis ou "descendência com modifiação") e a conseqüente formação de descendentes mais aptos ao meio, só podem começar a atuar se já houver um ser vivo pronto, formado. O desafio da evolução química é o de achar uma maneira de obter uma combinação química a ponto de a reprodução e a seleção natural começarem a atuar.

Assim, a teoria passaria a ser universal, de amplo alcance e o darwinismo por fim decretaria a morte de Deus. Porque acreditar que somos criados por um ser sobrenatural se temos condições de explicar como todas as coisas surgiram pela evolução? Esse é o pensamento. As implicações dessa teoria transcendem as conclusões objetivas, científicas de um experimento em laboratório. Não é uma questão de criar ou não vida in vitro. É uma questão de a vida não ser criada por mais nada, a não ser pelos mecanismos evolutivos.

A evolução biológica é apenas uma parte principal do grande projeto naturalista, que busca explicar a origem de tudo desde o suposto Big Bang até a atualidade sem permitir qualquer papel para um Criador. Se for para os darwinistas manterem Deus fora de cena, eles têm de fornecer uma explicação naturalista para a origem da vida, diz P. E. Johnson.

O experimento de Miller - Urey se encontra exatamente dentro desse contexto. Segundo Adauto Lourenço, Miller simulou uma suposta atmosfera primitiva contendo metano, amônia, hidrogênio molecular e vapor d`água. No aparato ilustrado abaixo após uma descarga elétrica ter atuado por vários dias sobre a mistura dos gases correspondentes aos existentes na suposta atmosfera primitiva, formou-se uma mistura de coloração escura, na qual ele conseguiu comprovar a existência de alguns aminoácidos entre outras substâncias.

De todos os experimentos realizados por Miller, apenas 13 de 20 dos aminoácidos proteinogênicos (aminoácidos participantes na construção das proteínas) que são encontrados nos seres vivos foram formados. Os resultados das suas pesquisas foram publicados em 1953 com o título: “Produção de Aminoácidos sob Condições Possíveis de uma Terra com Características Simples” (“A Production of Amino Acids under Possible Primitive Earth Conditions”).

A comunidade científica da época soou a trombeta para proclamar a mais nobre evidência que apontava para a possibilidade de vida ter sido gerada “espontaneamente” de material não vivo. P. E. Johnson comenta: “...Naquele clima de opinião, o experimento parecia ter criado a vida por uma técnica renovadora de confiança semelhante àquela empregada pelo doutor Frankenstein nos filmes”.

Acontece que a partir da década de 80, especialistas nas áreas da química, geoquímica e matemática começaram a questionar os postulados teóricos e os resultados das análises físico-químicas de tal experimento. A crítica mais ferrenha, sem dúvida, vem dos químicos. Miller, “propositalmente” (percebam que houve um PLANEJAMENTO e não acaso, conforme a teoria neodarwinista exige), não incluiu na sua hipótese de atmosfera primitiva o oxigênio, uma vez que depois da obtenção de aminoácidos seria necessário o maior passo: chegar às proteínas. Com o oxigênio presente, proteínas seriam oxidadas e chegar a formação do RNA e DNA já se equivaleria a um “grande salto de fé”. A questão é: quem pode garantir que no início não havia oxigênio nessa suposta atmosfera primitiva? Hoje os geoquímicos relatam que a atmosfera da suposta Terra primitiva provavelmente não era de uma natureza tão fortemente redutora exigida pelo aparelho de Miller-Urey.

Somado a isso, é preciso ainda dizer que existem mais dois problemas sérios nesse experimento. Sabe-se que a direção preferencial da reação química de formação das proteínas é no sentido de degradação das mesmas em aminoácidos, ou seja, naturalmente é impossível formar proteínas! Se já não bastasse, em uma proteína só podem ser incorporadas formas levógiras de aminoácidos. Quando um aminoácido dextrógiro é ligado a uma cadeia levógira, a proteína não pode mais ser utilizada pela célula. Como não havia separação entre essas formas no suposto caldo primordial devido as ligações atômicas e intermoleculares se darem de forma randômica, as cadeias de peptídeos certamente levariam as duas formas quirais numa proporção desconhecida (ler sobre quiralidade aqui ou aqui).

Citar mais problemas a essa altura parece até apelação de criacionista. No entanto, é bom comentar que um matemático chamado F. B. Salisbury calculou a probabilidade do surgimento de uma molécula de DNA no universo, durante um hipotético período de 4 bilhões de anos, chegando ao valor de 1 dividido por 10 elevado a 585! Uma probabilidade tão pequena assim corresponde à uma impossibilidade na estatística. Salisbury teve o seu trabalho publicado, originalmente com o título “Natural selection ande the complexity of the gene”, em 1969 na revista Nature.

P. E. Johnson, com um intelectualismo esclarecedor e perspicaz, citou uma metáfora por Fred Hoyle, físco e comólogo britânico, para tornar mais claro a magnitude do problema acima (menos para Richard Dawkins e Cia, que dedicou um capítulo inteiro do livro "Deus, um delírio" para depreciar essa metáfora). Eis a metáfora: Um organismo vivo emergir por acaso de uma sopa (ou caldo) pré-biótica é tão provável quanto um tornado passar por um ferro-velho e montar um Boeing 747 dos materiais ali existentes. Johnson então conclui: “A montagem por acaso é apenas uma maneira naturalista de dizer “milagre”.

Portanto, o experimento de Miller - Urey não pode ser utilizado para ensinar que todos os seres vivos existentes evoluíram de uma mistura coloidal, que foram cada vez mais se complexando até chegarem num organismo unicelular e assim até o homem da escala evolutiva. É irracional, pela ciência, acreditarmos em uma teoria assim com tantas dificuldades conceituais. Ainda que seja dito que o experimento seja apenas uma evidência a favor da evolução química, podemos questionar: E o que isso prova? A resposta certamente é: Nada. Pessoas intelectualmente honestas deveriam se perguntar mais porque tal experimento ainda se encontra nos livros didáticos de biologia de hoje.

Vida certamente provém de vida e sabemos que pela "Vida" (João 14.6) todas as coisas foram criadas no universo (João 1.1-4). Um Deus vivo criou seres vivos e tudo o que existe de não vivo no mundo (At 17.24). Ele é o princípio e o fim (Ap 22.13) e todas as coisas subsistem nEle (Cl 1.16,17). Estou bem certo que existe um Criador e que essa afirmação de fé jamais será desacreditada pela verdadeira ciência.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Um Bálsamo para Aqueles que Temem a Morte


“Se tu desejas não temer a morte deves procurar apaixonar-se pelas observações de felicidade feitas pelos santos e anjos e ser, de uma vez por todas, convencido a acreditar que existe uma forma de viver muito melhor do que esta que conheces; que existem criaturas mais nobres do que nós; que lá em cima existe uma pátria melhor do que a nossa, cujos habitantes tem mais conhecimento e mais sabedoria e habitam em locais de descanso e prazer. E assim, deves primeiro aprender a valorizar tais coisas para, depois, aprender a conquistá-las, em que a morte não poderia ser algo tão formidável, se não fosse capaz de nos proporcionar tanta alegria e tamanha felicidade. E ainda, por outro lado, quem não pensaria que sua própria condição melhorou, quando deixa de ter contato com tiranos obtusos e inimigos do saber e passa a dialogar com Homero e Platão, com Sócrates e Cícero, com Plutarco e Fabrício? No entanto, são os pagãos que pensam assim. Nós, porém, temos pensamento mais sublime. Pois, para nós cristãos, “Aqueles que morrem no Senhor” encontrar-se-ão com Paulo, bem como com todos os apóstolos, todos os santos e mártires, com todos os homens de boa vontade cuja memória preservamos com honra, com os excepcionais soberanos e santos bispos, como também com o grande Pastor e Bispo de nossas almas, Jesus Cristo, e ainda com o próprio Deus”


Jeremy Taylor (1609-1667)