quinta-feira, 16 de junho de 2016

O perigo da bonança




Muitas vezes nosso problema não é quando determinada área da nossa vida vai mal, pois nessa hora percebemos o quão fútil é depositarmos nossa confiança nessa determinada área: quando somos demitidos vemos que não é nosso emprego que nos traz estabilidade; quando perdemos um ente querido, notamos que esse relacionamento não era totalmente permanente; quando perdemos nossos bens em um desastre, percebemos o quão fugaz eles eram.

Os nossos ídolos são forjados principalmente na bonança: é quando temos um excelente emprego e acreditamos que ele é capaz de nos trazer estabilidade; é quando desfrutamos de ótimos relacionamentos e passamos a crer que eles são capazes de encher nosso coração; é quando ficamos famosos, e achamos que isso nos basta.

Nessas horas, Deus sacode nosso ser e nos derruba do cavalo, para que não depositemos nossa confiança naquilo que é efêmero, perecível e de pouco valor, mas que nos firmemos Naquele que é permanente, eterno e valioso.

Então, quando você estiver passando por um grande apuro, saiba que Deus está despedaçando os seus ídolos, forjados muitas vezes nos bons momentos, para que o altar do seu coração seja ocupado pelo verdadeiro Deus, o Jesus Cristo ressurreto.

Com isso não quero dizer que você deve deixar de se alegrar com as boas coisas que Deus lhe concede — relacionamentos significativos, bom nome, situação financeira estável, emprego que lhe traz satisfação —, mas que você nunca troque o Deus das bênçãos pelas bênçãos de Deus.

terça-feira, 17 de maio de 2016

“Já” e “ainda não”

Penso que uma das coisas mais complicadas e difíceis para o cristão, ao menos para mim, é a tensão do “já” e do “ainda não”:
Já somos um novo homem, mas ainda não deixamos tudo do velho homem…
Já fomos libertos da escravidão do pecado, mas ainda não nos livramos totalmente dele…
Já nos assemelhamos a Cristo, mas ainda não somos plenamente santos…
Já sentimos a presença do nosso Salvador, mas ainda não O vemos com nossos próprios olhos…
Já somos consolados por Deus, mas ainda não esgotamos nossas lágrimas…
Já fazemos parte de um Corpo formado por vários membros, mas ainda não é um Corpo perfeito…
Já temos uma Família numerosa, mas ainda não é a Família completa…
Já vemos o Reino de Deus no meio de nós, mas ainda não visualizamos Seu Reino na plenitude…
Já avançamos em direção ao alvo, mas ainda não o alcançamos…
E assim vamos vivendo, nessa tensão do “já” e do “ainda não”, às vezes caminhando meio trôpegos…
Porém o “já” que Deus nos deu nos dá força para caminhar, para prosseguir, para seguir em frente…
E mesmo o “ainda não” nos deve encher de ânimo, de coragem, de persistência, sabendo disso: o “não” é temporário, transitório – é apenas um “ainda” – e por isso esse “não” será totalmente expurgado…
E descansamos nessa certeza: quando Ele voltar viveremos um eterno “já”!

Lá onde é doce o mar, / Ripchip, não há que duvidar, / Ao extremo leste acaba de chegar.









terça-feira, 3 de maio de 2016

“Quem Sou Eu?” – Um poema de Dietrich Bonhoeffer

Cela de Bonhoeffer em Tegel

Em plena Segunda Guerra Mundial, época sombria em que a Alemanha era dominada pelo nazismo e grande parte da Cristandade não erguia sua voz contra Hitler, o teólogo e pastor alemão Dietrich Bonhoeffer ousou se opor. Por conta disso, foi preso pela Gestapo em 5 de abril de 1943, permanecendo encarcerado por dois anos.

Durante esse período de aprisionamento, desenvolveu um relacionamento estreito com outros presos e com os guardas, os quais se agradavam de sua companhia — Bonhoeffer procurava auxiliar os outros e viver um Cristianismo de serviço.

Ele desfrutava de algumas regalias, como sair de sua cela de vez em quando e lhe era permitido enviar e receber correspondências, mas nem por isso ele deixava de ser um preso e vez ou outra sofria tratamento hostil pelos nazistas.

Em 09 de abril de 1945, aos 39 anos de idade, Dietrich Bonhoeffer foi enforcado pelas forças nazistas, juntamente com seu irmão e dois cunhados, poucos dias antes da rendição alemã.

Durante sua prisão, Bonhoeffer escreveu vários textos, dentre os quais o poema “Quem sou eu?”, no qual ele retrata, com profunda sinceridade e emoção, sua condição, suas inquietações, seu estado psicológico, tirando todas as suas máscaras, à semelhança dos salmistas, que se desnudavam diante de Deus.

Espero que o imitemos em nossas orações a Deus, revelando tudo o que somos, tudo o que sentimos, todas as nossas fraquezas, debilidades, temores... É de tais orações que Deus se agrada!

Quem sou eu?

Quem sou eu? Seguidamente me dizem
que deixo a minha cela
sereno, alegre e firme,
qual dono que sai do seu castelo.

Quem sou eu? Seguidamente me dizem
que falo com os que me guardam
livre, amável e com clareza,
como se fosse eu a mandar.

Quem sou eu? Também me dizem
que suporto os dias do infortúnio
impassível, sorridente e altivo,
como alguém acostumado a vencer.

Sou mesmo o que os outros dizem a meu respeito?
Ou sou apenas o que eu sei a respeito de mim mesmo?
Inquieto, saudoso, doente, como um pássaro na gaiola,
respirando com dificuldade, como se me apertassem a garganta,
faminto de cores, de flores, do canto dos pássaros,
sedento de palavras boas, de proximidade humana,
tremendo de ira por causa da arbitrariedade e ofensa mesquinha,
irrequieto à espera de grandes coisas,
em angústia impotente pela sorte de amigos distantes,
cansado e vazio até para orar, para pensar, para criar,
desanimado e pronto para me despedir de tudo?

Quem sou eu? Este ou aquele?
Sou hoje este e amanhã um outro?
Sou ambos ao mesmo tempo? Diante das pessoas um hipócrita?

E diante de mim mesmo um covarde queixoso e desprezível?
Ou aquilo que ainda há em mim será como um exército derrotado,
que foge desordenado à vista da vitória já obtida?


Quem sou eu? O solitário perguntar zomba de mim.
Quem quer que eu seja, ó Deus, tu me conheces.
Sou teu.

O poema acima foi retirado do livro “Dietrich Bonhoeffer: Vida e pensamento”, de Werner Milstein, lançado pela Ed. Sinodal.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Você é emergente?


“Depois de ler quase cinco mil páginas de literatura relacionada à igreja emergente, não tenho dúvidas de que a igreja emergente, embora definida de uma maneira livre e muito pouco uniforme, possa ser descrita e criticada como um movimento diversificado, porém reconhecível. Você pode ser um cristão emergente: se ouve U2, Moby e a música “Hurt”, de Johnny Cash (às vezes até mesmo na igreja); se as ilustrações do seu sermão são tiradas da série Família Soprano; se bebe café expresso com leite à tarde e cerveja Guinness à noite e sempre usa um computador da Apple; se sua lista de leituras consiste basicamente em autores como Stanley Hauerwas, Henri Nouwen, N. T. Wright, Stan Grenz, Dallas Willard, Brennan Manning, Jim Wallis, Frederick Buechner, David Bosh, John Howard Yoder, Wendell Berry, Nancy Murphy, John Franke, Walter Winks e Lesslie Newbigin (isso sem mencionar McLaren, Paggit, Bell etc.) e se seus oponentes incluem autores como D. A. Carson, João Calvino, Martyn Lloyd-Jones e Wayne Grudem; se sua ideia quintessencial de discipulado cristão é Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King Jr., Nelson Mandela ou Desmond Tutu; se você não gosta de George W. Bush, de instituições, de grandes negócios, de capitalismo ou do cristianismo de Deixados para trás; se suas preocupações políticas são pobreza, AIDS, imperialismo, atitude belicista, salários de presidentes de empresa, consumismo, aquecimento global, racismo e opressão e não se preocupa tanto com aborto e casamento homossexual; se você é boêmio, gótico, se gosta de rave ou do estilo indie; se fala sobre o mito da violência redentora ou sobre o mito da certeza; se passa noite em claro ou tem pesadelos só de pensar nas muitas áreas em que o modernismo arruinou a sua vida; se ama a Bíblia por ela ser uma linda e inspiradora coleção de obras que nos leva ao mistério de Deus, mas que não é inerrante; se busca a verdade, mas não tem certeza de que ela pode ser encontrada; se já esteve numa igreja com labirintos de oração, velas, massas de modelar, desenhos de giz, camas ou saquinhos de feijões (seu grupo de jovens não conta); se detesta palavras como linear, proposicional, racional, máquina e hierarquia e usa palavras como antigo-futuro, jazz, mosaico, matriz, missional, vintage e dance; se cresceu em um lar cristão bastante conservador que, em retrospectiva, parece legalista, crédulo e rígido; se você apoia a presença de mulheres em todos os níveis ministeriais, se prioriza o urbano acima do suburbano e se gosta de sua teologia narrativa em vez da sistemática; se não acredita em separação entre sagrado e o profano; se quer ser a igreja, e não apenas ir à igreja; se anseia por uma comunidade que seja relacional, tribal e primordial como um rio ou um jardim; se acredita que a doutrina atrapalha a ocorrência de um relacionamento interativo com Jesus; se acha que não é da conta de ninguém saber quem vai para o inferno e, de qualquer forma, se haverá alguém ali; se acredita que a salvação tem pouco a ver com expiação pela culpa e muito a ver com trazer toda a criação de volta ao shalom com seu Criador; se acredita que seguir a Jesus não é crer nas coisas certas, mas viver da maneira certa; se fica realmente perturbado com as pessoas falam sobre ir para o céu em vez de o céu vir até nós; se despreza a pregação didática e em forma de monólogo; e se usa a palavra “história” em todas as suas preposições sobre o pós-modernismo.

Se esse parágrafo – como um todo ou em parte, horrivelmente escrito como foi – o descreve, então talvez você seja um cristão emergente.”

Fonte: Kevin DeYoung, “Não quero um pastor bacana”, pp. 23-25.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

"Uma parábola de confusão de gênero". De Katy Hudson à Katy Perry.

“Eu beijei uma menina e gostei” era o título de uma música que dominou a onda da música pop durante o verão de 2008. Embora a letra tenha escandalizado muitos ouvintes, adolescentes ao redor do país adotaram a música em ritmo de rock como o hino oficial da nova geração. Katy Perry escreveu e gravou essa canção acerca de uma garota que vai a uma festa, bebe de mais e decide fazer experiência com sua sexualidade. Perry narra a experiência na primeira pessoa e descreve sua ambivalência sobre o acontecimento dizendo: “Parecia tão errado, parecia tão certo”. Ela se preocupa sobre se o seu namorado ficará ou não ofendido com o seu comportamento. Aparentemente, ao não se declarar lésbica, ela simplesmente diz que fez o que fez “apenas para experimentar”.

Toda pessoa que estivesse sintonizada com cultura popular em 2008, saberia quem era Katy Perry. O que muitas pessoas não sabiam é que Katy Perry era conhecida no passado como Katy Hudson e que ela foi criada por pais que eram copastores de uma igreja carismática no sul da Califórnia. Em 2001, ela já era conhecida no meio evangélico como uma adolescente estrela de 16 anos da música popular cristã. Nesse ano, ela lançou um álbum musical que incluiu uma música com o título: “A fé não vai falhar”. Nessa música, ela proclamava que não importava o que pudesse aparecer no seu caminho – provações, tribulações, sofrimentos, tentações, fracassos – a sua fé não seria abalada. A música era uma firme declaração de seu permanente compromisso com Cristo.

Obviamente, o tema principal da música de Perry mudou dramaticamente de 2001 a 2008. A pergunta é: o que aconteceu? Nas notas de capa do seu CD de 2008 ela diz: “Estou feliz por saber que há Alguém maior do que eu que controla todas as coisas. Reconheço que os meus talentos são dados por Deus... e por isso, eu agradeço a ele”. No entanto, numa entrevista para a Entertainmente Weekly, Perry parecia insegura ao dizer:

"No sou exatamente uma garota modelo para qualquer coisa ligada à religião e, definitivamente, não sou o que eu era quando estava em fase de formação. Mas fiz essa tatuagem de Jesus em meu punho quando tinha 18 anos porque eu sei que ela sempre vai fazer parte de minha vida. Quando estou me divertindo, é como se ela estivesse olhando para mim: “Lembre-se de onde você veio”. Depois de experimentar um pouco do mundo, a um ponto de interrogação na minha mente sobre em quê acredito. Ainda estou procurando."

Não conto essa história para ofender Katy Perry. De qualquer modo, o melhor que os evangélicos fariam seriam simplesmente orar por ela. Conto a história dela porque, de algum modo, é uma parábola de confusão de gênero, tanto na cultura mais ampla como também dentro de alguns setores da subcultura evangélica. Há ainda para muitos um “ponto de interrogação” sobre o que eles pensam que significa viver como homem ou mulher.”




Fonte: Denny Burk. Confusão de gênero sexual: uma contracultura moldada pelo evangelho. Extraído do livro “A fé que nos foi dada”, org. Kevin L. DeYoung, ed. Cultura Cristã, p 173-174. 2013.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

10 motivos pra você curtir o livro de Atos

1. Atos é um livro cujo autor foi inspirado por Deus, ou seja, é o próprio Deus quem fala! Deus nele se revela como um fiel historiador.

2. Sem as narrativas do livro de Atos não saberíamos apropriadamente como se desenvolveu a Igreja no período do século 1. Atos é o único documento antigo que relata de maneira histórica, teológica e pastoral sobre o cristianismo primitivo (em seu início, origem). A história cristã seria muito pobre sem ele.

3. Além de vários discursos, os sermões evangelísticos dos apóstolos Pedro e Paulo (At 2.14ss; 4.9ss; 5.30ss; 10.34ss; 13.16ss 14.15ss) fornecem as características da pregação apostólica, ou seja, descrevem o conteúdo da mensagem dos apóstolos. Assim, em tempos de pessoas que se auto-intitulam “apóstolos” e fundam igrejas “apostólicas”, podemos nos servir desses sermões como um padrão para testarmos o “evangelho” pregado pelos “apóstolos” de hoje e verificarmos se eles são coerentes ou incoerentes, verdadeiros ou falsos.

4. Atos nos fornece princípios sobre organização e crescimento de igreja (At 1; 2; 6 e 22), importantes em uma realidade eclesiástica brasileira marcada pelo uso de métodos de crescimento puramente gerenciais e sociológicos.

5. Atos une os evangelhos às epístolas.

6. As viagens missionárias de Paulo registradas no livro de Atos nos dão informações relevantes sobre o pano de fundo histórico de algumas das epístolas do apóstolo Paulo, como Efésios, Tessalonicenses e Filipenses. Com isso, temos mais condições de fazer uma boa interpretação dessas cartas paulinas.

7. “Pode-se afirmar que Atos é um dos livros mais emocionantes já escritos. Em que outra fonte você poderia encontrar, em tão poucas páginas, "uma série de eventos tão emocionantes, julgamentos, tumultos, perseguições, fugas, martírios, viagens, naufrágios, livramentos — inscritos nesse panorama espantoso do mundo antigo de Jerusalém, Antioquia, Filipos, Corinto, Atenas e Roma? E apresentando tais cenários e ambientes — templos, tribunais, prisões, desertos, navios, mares, tendas e teatros? Há alguma ópera dotada de tanta variedade? Diante do olho do historiador desenrola-se uma variedade incrível de cenários e ações. E o historiador vê em tudo isso a mão providencial que produziu e orientou esse grande movimento para a salvação da humanidade" [1]

8. Os temas levantados no livro são importantes para o conhecimento do cristão nos dias atuais: “o batismo do Espírito e os dons, sinais e milagres carismáticos; a comunhão econômica da primeira comunidade cristã em Jerusalém; a disciplina na igreja; a diversidade dos ministérios; a conversão cristã; o preconceito racial; os princípios missionários; o preço da unidade cristã; as motivações e os métodos na evangelização; o chamado para sofrer por Cristo; a igreja e o Estado; e a providência divina.” [2]

9. “O livro de Atos também é importante devido à inspiração contemporânea que nos traz. Calvino o chamou de “enorme tesouro”. Martin Lloyd-Jones se referiu a ele como “o mais lírico dos livros” e acrescentou: “Vivei neste livro, eu vos exorto; ele é um tônico, o maior tônico que conheço no domínio do Espírito.” De fato, tem sido salutar para a igreja cristã de todos os séculos comparar-se com a igreja do primeiro século e tentar reconquistar algo daquela confiança, daquele entusiasmo, daquela visão e daquele poder. Ao mesmo tempo, precisamos ser realistas. Existe o perigo de romantizarmos a igreja primitiva, falando dela em tom solene, como se não tivesse falhas. Isso significaria fechar os olhos diante das rivalidades, hipocrisias, imoralidades e heresias que atormentavam a igreja, como acontece ainda agora. Todavia uma coisa é certa: a igreja de Cristo fora enchida pelo Espírito Santo, que a espalhou para testemunhar.” [3]

10. O livro de Atos se encerra de maneira abrupta e podemos dizer, em certo sentido, que não há um final para ele. É um livro com um final em aberto. A continuação desse livro “foi escrita” pelos apóstolos, pelos discípulos dos apóstolos (Pais da Igreja), pela Igreja no período medieval, pela Igreja durante a reforma; pelos puritanos, pela Igreja durante os períodos de esfriamento e avivamento e este livro continua sendo escrito por nós, hoje, no século XXI. Atos só se encerrará com a volta de Cristo. Aí seremos uma só Igreja! A Igreja invisível se tornará conhecida, visível e, então, “eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda a lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” Ap 21.3b-4.



1 David J. Williams. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo
[2] John R. W. Stott. A mensagem de Atos: até os confins da terra
[3] Ibid

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Os cristãos e o álcool / R. C. Sproul

"Lembro-me de certo jantar em que eu estava com um grupo num restaurante. A garçonete veio nos servir e perguntou: "O que desejam para beber? Alguém gostaria de um drinque?". Um dos nossos anfitriões a cortou dizendo: "Não, somos cristãos". O presunçoso farisaísmo de nosso anfitrião não somente embaraçou a garçonete, que estava simplesmente fazendo seu trabalho, mas passou uma mensagem errada sobre o cristianismo. Cristianismo não é sobre comida nem bebida.

Beber álcool é um assunto controverso na comunidade cristã. Muitos argumentam que Jesus nunca bebeu vinho e que quando os fariseus o chamaram de beberão estavam distorcendo a verdade. Eles também argumentam que o vinho que Jesus criou nas bodas de Caná era sem fermento. Esse tipo de argumento, contudo, reflete uma péssima e tortuosa abordagem do texto bíblico; isso acontece quando as pessoas abordam o texto bíblico com um viés cultural. Muitos estão convencidos de que a abstinência total é o único caminho espiritual, mas não aprendemos tal coisa das Escrituras - nem do Antigo Testamento ou da celebração da Páscoa. Se fizéssemos um estudo da palavra vinho na Bíblia, veríamos as coisas como são. Deus santificou a bebida e alertou contra o excesso, porque embebedar-se é pecado. Deus não faria advertências contra a embriaguez para pessoas que bebiam suco de uva.

Essa visão é ofensiva para muitos. Os que estão convencidos de que não podem beber vinho, não devem jamais permitir que vinho toque seus lábios, já que para eles isso é pecado. Para outros não é. Nosso irmão não deve nos julgar, e não devemos julgar nosso irmão."



Fonte: R. C. Sproul. Estudos bíblicos expositivos em Romanos.  Ed. Cultura Cristã, p. 431.

NOTAS deste blogger:

1. Eu, particularmente, não gosto do sabor alcoólico nos alimentos e mesmo não pertencendo a turma dos crentes que bebem, gostei (e muito!) do comentário do Sproul em cima de Rm 14.1-13.

2. Confesso que em raríssimas exceções, em determinadas circunstâncias e perto de pessoas selecionadas, um pouquinho de vinho tinto suave gelado cai bem. E nada mais!

3. O tema dessa mensagem MERECE um bom estudo nos textos de Rm 14.1 - 15.13 e 1Co 8 - 10. Ser um crente forte ou fraco na fé, conforme os textos referidos, depende e muito disso! Portanto, não despreze a doutrina e cresça na graça e no conhecimento de Jesus (2Pe 3.18). Amém.