terça-feira, 29 de junho de 2010

A evolução não é uma força criativa

"A questão da origem do homem, dos animais das plantas, é muito antiga, mas é sempre atual. A ciência não pode fornecer resposta para ela. A própria ciência é uma criação e um produto do tempo. Ela assume sua posição na base das coisas que foram feitas e assume a existência das coisas que investiga; portanto, pela sua própria natureza, a ciência não pode voltar no tempo, antes que tudo viesse a existir. A ciência não pode penetrar no momento em que tudo se tornou real.

Por isso a experiência, a investigação empírica, nada podem nos dizer sobre a origem das coisas. A reflexão da filosofia também tem, através dos séculos, procurado uma explicação para o mundo. Cansados de pensar, os filósofos geralmente procuram descanso dizendo que o mundo não teve origem, que ele existiu eternamente e que vai continuar existindo. Essa é uma conclusão que diferentes filósofos desenvolveram em diferentes direções. Poucos deles fizeram a suposição clara de que esse mundo como nós o conhecemos é eterno, ou que continuaria existindo eternamente. Poucos disseram isso, mas essa afirmação encontrou tantas dificuldades que hoje em dia eles são geralmente repudiados. Ao mesmo tempo a idéia da evolução ganha terreno. De acordo com essa idéia, nada é e tudo se torna. O que o universo inteiro apresenta, portanto, é o espetáculo de algo que nunca começou e que nunca cessará - um processo contínuo.

A evolução é, sem dúvida, algo maravilhoso, mas sempre se deve assumir que há algo envolvido no processo que carrega o gérmen do desenvolvimento. Naturalmente a evolução não é e não pode ser uma força criativa, uma força que traz todas as coisas à existência; ela é uma expressão do processo através do qual algo se desenvolve quando já existe. A teoria da evolução, consequentemente, carece de potencial de explicação para a origem das coisas. Ela implicitamente procede da idéia de que essas coisas, em seu estado não desenvolvido, existiam eternamente. A teoria da evolução começa com uma pressuposição que é totalmente indemonstrável, e por isso ela também assume uma posição de fé. Nisso ela é semelhante à teoria da criação de todas as coisas pela mão de Deus."

Hermann Bavinck


Em: Teologia Sistemática. SOCEP, p. 177, 178, 2001.

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