quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O Que Diz o N.T. Sobre o Anticristo? (1 de 3)

“O termo anticristo (antichristos) é encontrado apenas nas epístolas de João (1Jo 2.18, 22; 4.3; 2Jo 7). O significado original do prefixo grego anti é “em vez de” ou “em lugar de”. Nesse sentido, antichristos significa um Cristo substituto ou Cristo rival. Contudo, desde que o anticristo é retratado no Novo Testamento também como o adversário declarado de Cristo, podemos combinar ambas as idéias: o anticristo é tanto um Cristo rival como um oponente de Cristo.

Em 1Jo 4.2,3 o termo anticristo é utilizado obviamente num sentido impessoal: “Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem, e presentemente já está no mundo”. A principal heresia que João estava combatendo, em sua primeira epístola, era um gnosticismo incipiente. Um dos erros desses primeiros gnósticos era negar a genuína encarnação de Cristo. Uma vez que a matéria era considerada como má, eles ensinavam que Deus não poderia entrar num corpo genuíno, e que Cristo, por causa disso, teve apenas um corpo aparente (ou docético) enquanto estava sobre a terra. Isto, aos olhos de João, era uma heresia tão mortal que retirava o cerne do evangelho. Se Cristo não tivesse assumido uma natureza humana genuína, com um corpo humano genuíno, então o homem não teria um verdadeiro Mediador, nenhuma expiação teria sido feita por nós, e ainda estaríamos em nossos pecados. Por esta razão, João diz que negar que Cristo veio em carne (isto é, assumiu um corpo humano genuíno) é revelar o Espírito do anticristo. Deve ser observado, entretanto, que aqui João fala do anticristo apenas de modo impessoal.

João expressa a mesma idéia de modo mais pessoal em 1Jo 2.22: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo (ho antichristos), o que nega o Pai e o Filho”. Aqui o antricristo é considerado como uma pessoa, uma vez que o artigo definido foi usado junto com a palavra. Mas ele é considerado como uma pessoa que já está presente nos dias de João – na verdade, como alguém que representa um grupo de pessoas. A heresia aqui denominada de anticristo é aquela que postula um abismo intransponível entre um Jesus meramente humano e um Cristo divino e docético (e por causa disso não-humano).
No mesmo sentido vem a passagem da segunda epístola de João: “Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo afora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo (ho antichristos)” 2Jo 7. Novamente, João fala em termos pessoais: o anticristo. Mas novamente, como na passagem recém-citada, o anticristo é um termo usado para descrever várias pessoas que sustentam essa heresia fatal – pessoas que já estavam no mundo da época em que João escrevia.

Em 1Jo 2.18, porém, João fala tanto de um anticristo, que ainda está vindo, como de anticristos que agora já estão presentes: “Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora”. As palavras: “como ouvistes que vem o anticristo” indicam que João efetivamente esperava um anticristo pessoal no fim dos tempos, assim como a igreja cristã primitiva. Provavelmente, ele estava familiarizado com o ensino de Paulo acerca do “homem da iniqüidade”, referido na segunda carta aos Tessalonicenses 2, que tinha sido escrita muito antes. Ele também estaria familiarizado com os ensinos acerca desse futuro oponente de Deus e de Cristo encontrado em Daniel e nas palavras do próprio Cristo. Portanto, não é correto dar a impressão de que João não aguarda um anticristo futuro em nenhum sentido; nessa passagem, lembra ele seus leitores acerca de algo que eles já conhecem: “como ouvistes que vem o anticristo”. Mas João também vê vários anticristos no mundo de seus dias: falsos mestres que negam que Cristo tenha vindo em carne. Nós poderíamos chamar esses falsos mestres de precursores do anticristo final. Uma vez que João já via estes “muitos anticristos” no mundo, ele conclui que nós agora, na era presente, estamos na “última hora”. Dessa forma, podemos esperar continuar a encontrar pessoas e poderes do anticristo em cada era da Igreja de Jesus Cristo até sua segunda vinda. Esse sinal dos tempos, portanto, assim como os outros, caracteriza toda a era da Igreja entre as duas vindas de Cristo, e possui relevância para a Igreja hoje. Precisamos constantemente estar em guarda contra anticristos e contra ensinos e práticas de anticristos.

Resumindo, podemos admitir que a idéia de um anticristo único futuro não é muito proeminente nas epístolas de João; sua ênfase recai mais sobre os anticristos e idéias de anticristos que já estavam presentes em seus dias. Mesmo assim, não seria correto dizer que João não admite, em seu pensamento, um anticristo pessoal futuro, uma vez que ele ainda aguarda um anticristo que deverá vir."


Anthony Hoekema


Referencial teórico

HOEKEMA, A. A. A Bíblia e o Futuro. Editora Cultura Cristã, 2 edição, pg. 180-190. São Paulo - SP, 2001.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Morto Faz Alguma Coisa?

Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados...” Ef 2.1



Ao escrever resumidamente aos santos que vivem em Éfeso (1.1) sobre o plano de Deus para a salvação de judeus e gentios (cf. 3.3), Paulo declara a condição espiritual daqueles que não estão “em Cristo”. E esta é a mensagem: o ímpio está tão indiferente a Deus quanto um cadáver. Ele não busca a Deus (Rm 3.11) e ainda que ele faça coisas boas no aspecto moral (cf. Lc 6.33, At 28.2, Rm 2.14), sua alma está morta. Longe de Deus há morte, escravidão e condenação (Ef 2.1-3), sintetiza o apóstolo.

Em Efésios, Paulo não desenvolve toda a sua idéia antropológica e nem sequer faz menção explícita quanto ao homem ser criado à imagem de Deus. Certamente isso foi intencional e o quadro exposto em Ef 2.1-3 tem uma forte ênfase na condição desesperadora da humanidade sem Deus. Se essa epístola terminasse nesses três primeiros versículos, não haveria esperança para o homem. De fato, assim entendemos, porque “morto” não ressuscita naturalmente (2.6), não doa ou produz a fé (2.8; Hb 12.2a), não pratica as boas obras de Deus (2.10) e, então, jamais se salvaria da ira vindoura (1Ts1.10).

Portanto, quando a Bíblia nos diz que estamos “mortos em nossos delitos e pecados”, ela está dizendo que somente Deus - o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Ef 1.3-14) - é o agente da nossa salvação. “Mas Deus... nos deu vida... nos ressuscitou... nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (2.4-6). “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (2.8). A linguagem que Paulo utiliza em Efésios deveria ser bastante clara para os cristãos, especialmente quando ele diz “mortos”.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Nenhum Versículo da Bíblia diz Tudo

E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.”
(João 14.13,14)

Uma jovem, se referindo a esse texto, me procurou dizendo: “... e quando pedimos e não acontece? Será que está nos faltando fé? Será que Deus não quer que seja assim? Mas, se Ele não quer, Ele não diria "Tudo". Poderia dizer apenas “aquilo que Ele aprovasse”, ou será que apenas não sabemos esperar?”

Essa jovem fez as perguntas certas sobre o texto, partindo inicialmente da interpretação que diz que toda oração é respondida. Na segunda parte da sua dúvida, ela muda de hipótese e passa a considerar que há uma outra maneira de entender João 14.13, especialmente em relação a palavra “tudo” do versículo.

De fato, a primeira impressão que temos ao lermos tais palavras de Jesus é que a oração feita no nome de dEle nos dá o direito de recebermos qualquer coisa que pedirmos, uma idéia muito comum na igreja evangélica de hoje. Para chegarmos nessa conclusão, precisamos ignorar totalmente outros textos da Bíblia ou selecionarmos alguns deles. Precisamos ter também uma atitude contrária a dessa jovem e literalmente “engolir” o que os teólogos das orações mágicas e instantâneas nos ensinam.

Minha intenção não é expor o texto do capítulo 14 do evangelho de João verso a verso, mas dar diretrizes para o entendimento dos versículos “problemas”. Em primeiro lugar, conforme a oração do Pai Nosso, toda oração do cristão deve estar debaixo da vontade de Deus. Isso está absolutamente implícito em “Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei”, ou seja, o que Jesus havia ensinado sobre oração antes de pronunciar tais palavras em Jo 14 continuava (e ainda continua) valendo. Seria muita incoerência do Filho de Deus dizer algo em Jo14.13,14 do tipo: “Peça-me o que você bem quiser que isso eu vou fazer sem qualquer problema. O que você quer é o querer do Pai”. A vontade de Deus é revelada nas Escrituras. Não há mistério quanto ao conhecê-la. Basta aos cristãos lerem a Bíblia e se orientarem somente pelo o que ela diz. Creio que, além de Jesus, o apóstolo João também não era contraditório e assim nos ensina em 1Jo 5.14,15: “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito.” É o mesmo autor do texto “problema”!

Em segundo lugar, a finalidade da petição é para que “o Pai seja glorificado no Filho”. Daí eu pergunto: o que você pede em suas orações é para a glória de Deus? O que é “para a glória de Deus”? Uma das passagens que me veio a mente para tentar ilustrar melhor o que significa o Pai ser glorificado na oração é Jo 11.41-43, que diz: “Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste. E, tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!”. A oração de Jesus tinha sido ouvida pelo Pai e o propósito da oração do Senhor é bem claro: “para que creiam que tu me enviaste.” Jesus somente ressuscitou Lázaro por esse motivo e o milagre certamente ocorreu porque glorificava o Pai. Num sentido mais amplo, esse é precisamente o propósito do apóstolo ao escrever o seu evangelho.“Estes {sinais}, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” Jo 20.31 // “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;” Jo 1.11,12. João 17, outra oração do Senhor, particularmente os versículos 8,21,23,25, atesta para esse mesmo propósito. Portanto, creio que todas as nossas orações devem conter esse objetivo. Tudo o que pedirmos deve glorificar a Deus e foi isso que os apóstolos e os discípulos fizeram (em oração, na comunhão, no partir do pão...) depois que Jesus morreu, ressuscitou e subiu aos céus. E assim sabemos pelo livro de Atos, que desdobrou aquilo que Jesus havia dito em Jo 14.12: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.” Imediatamente depois, Jesus, então diz “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.”

Por último, considero extremamente difícil os evangélicos de hoje lerem Jo 14.14,15 com essas considerações, que precisam ser feitas para o correto entendimento do texto. Assim afirmo porque os pastores de hoje (me refiro a maioria) ensinam somente o versículo e com uma teologia que se fundamenta na avareza e na necessidade de exigirmos de Deus sempre o de bom e o do melhor que essa vida material nos oferece. Não se pensa “no todo”, mas “no versículo”. E não se pensa “em Reino”, mas se pensa “em si”.

sábado, 24 de outubro de 2009

Perguntas Difíceis de um Ateu para um Cristão

Richard Dawkins - o pop star do chamado Novo Ateísmo - em um debate com Alister McGrath, teólogo cristão reformado, levantou perguntas difíceis de serem respondidas e também difíceis de serem desconsideradas por nós, os cristãos. Abaixo estão algumas das questões do debate (que pode ser assistido aqui). Por elas terem sido transcritas, o texto se mostra muitas vezes truncado. Eis as alfinetadas do boca dura do Dawkins:

1. “O pecado parece ter sido de certa forma pago pela morte de Jesus, tortura e morte de Jesus. Alguém olhando de fora veria nisso uma doutrina bem desagradável porque temos uma idéia de punição como uma forma de pagar o pecado, que possui alguns aspectos desagradáveis ligados a isso. Também existe a idéia de punir alguém pelos pecados que ele não cometeu. Possuía a idéia de que, pelo menos para alguns teólogos, puni-lo pelos pecados que foram cometidos por Adão, que nem mesmo existiu. E para outros teólogos que incluem a idéia de pagar os pecados que ainda serão cometidos no futuro mesmo que as pessoas do futuro escolham não cometê-los. E finalmente nos deixam um tipo de sentimento confuso, quem ele {Jesus} está tentando impressionar, porque se ele realmente fosse uma das manifestações de Deus, se ele quisesse perdoar os nossos pecados, porque ele apenas não os perdoou, em vez de passar por toda aquela auto-tortura?”

2. “Você disse que não é um deísta, mas sim um cristão, existem, claro, outras formas de não ser um deísta. Você poderia ser um judeu, poderia ser mulçumano, poderia ser hindu. Todas elas são diferentes e elas se diferem exatamente nos mesmos tipos de detalhes de que você se sente tão seguro. Como você sabe que a crença em que você foi educado é a correta? E não a do deus abstrato dos físicos que estávamos falando mais cedo e que não faz todas essas reivindicações. Porque o cristianismo?”

3. “Quando você ouve que milhares de pessoas foram mortas, se afogaram ou explodiram, o que quer que seja, e você ouve que uma criança se salvou. E os pais dela agradecem a Deus por ter salvado essa criança. A ironia disso não mexe contigo? Quero dizer, Deus poderia ter salvado todas aquelas 10 milhões de pessoas. Porque ele salvaria essa única criança? Eu espero que você diga: “ele não salvou a criança, essa criança foi apenas sorte”. Mas existem muitas pessoas cuja crença em Deus, quase que inacreditavelmente eu acho, aumenta quando há um desastre desse tipo, ao contrário de diminuir. Como você analisa isso?”

4. “Na época dos ataques de 11 de setembro, um dos aviões não chegou ao alvo, caiu em um campo. Mais tarde, alguém disse que um dos passageiros havia provavelmente lutado com a tripulação e foi por isso que a coisa desandou. A esposa de um desses homens, eles ficaram sabendo isso pelo celular, disse que ela sentiu que seu marido, que havia lutado com os seqüestradores, foi um instrumento de Deus ao impedir que o avião alcançasse o seu alvo, talvez a Casa Branca. E meu amigo nos EUA que me enviou essa informação, disse, e eu achei muito racional: “Se Deus quisesse impedir que isso acontecesse, porque ele não deu ao seqüestrador um ataque cardíaco, ou outra coisa?” Porque ele teria que fazer as coisas dessa forma extraordinária, em que os passageiros tem que brigar com a tripulação e o avião se chocasse matando todos a bordo? E dois outros, três outros aviões chegaram ao alvo... Toda vez que há uma enorme catástrofe como essa, a fé das pessoas em Deus cresce. Eu acho isso totalmente bizarro.”

5. “Você acha que a Ciência e a Fé são incompatíveis?


Estamos preparados para respondê-las ou simplesmente ficaremos calados, guardando a nossa fé e, porque não, inteligência também?

antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo,” 1Pe 3.15,16

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Demonstração Racional do Monoteísmo - Atenágoras de Atenas*

"Que o Deus Criador de todo este universo seja um só desde o princípio, considerai-o do seguinte modo, a fim de que tenhais também o arrazoado da nossa fé:

Se, desde o princípio, tivesse havido dois ou mais deuses, certamente os dois teriam tido que estar em um só e mesmo lugar ou cada um, à parte, em seu lugar. Ora, é impossível que estivessem em um só e mesmo lugar, porque, sendo deuses, não seriam iguais, mas, como incriados, seriam desiguais. De fato, o criado é semelhante a seus modelos, mas o incriado não é semelhante a nada, pois não foi feito por ninguém, nem para ninguém. Se Deus é um só, como a mão, o olho e o pé são partes completivas de um só corpo, visto que delas se completa um só; Sócrates, sim, enquanto criado e corruptível, é composto e dividido em partes. Deus, porém, é incriado, impassível e indivisível. Portanto, não é composto de partes. Contudo, se cada um deles ocupa seu próprio lugar, sendo aquele que criou o mundo mais alto que todas as coisas e estando acima do que ele fez e ordenou, onde estará o outro ou os outros? Com efeito, se o mundo, que tem forma esférica perfeita, é limitado pelos círculos do céu, o Criador desse mesmo mundo está acima de tudo o que foi criado, conservando tudo com a sua providência, que lugar resta para o outro ou outros deuses? Porque não está no mundo, já que pertence a outro; nem em torno do mundo, pois o Deus Criador do mundo está acima deste. E se não está no mundo, nem em torno do mundo (porque tudo o que rodeia este é mantido pelo Criador), onde está? Acima do mundo e de Deus, em outro mundo e em torno a outro mundo? Mas se está em outro e em torno de outro, já não está em torno de nós (pois não tem poder sobre este mundo), nem é grande em si mesmo, pois está em lugar limitado. E se não está em outro mundo, porque tudo é repleto pelo criador do mundo, nem em torno a outro, porque tudo é mantido por este, então, definitivamente, não existe, pois não existe lugar onde esteja. O que é que faz, tendo outro de quem é o mundo e estando ele acima do Criador do mundo, mas não estando nem no mundo, nem ao redor do mundo? Existe, porém, um ponto de apoio em que se apóie aquele que foi feito contra aquele que é? Acima dele, porém, está Deus e as obras de Deus. E qual será o lugar, visto que o Criador preenche o que está acima do mundo? Tem providência? Não! Não tem providência também, porque não fez nada. Por fim, se nada faz, não tem providência, nem outro lugar onde esteja, existe, desde o princípio, um único e só: o Deus Criador do mundo.

Se nos contentássemos com esses argumentos de razão, poder-se-ia pensar que a nossa doutrina é humana. Entretanto, nossos arrazoados são confirmados pelas palavras dos profetas. Penso que vós, que sois amicíssimos do saber e intruidíssimos, não desconheceis os escritos de Moisés, nem de Isaías, Jeremias e outros profetas que, saindo de seus próprios pensamentos, por moção do Espírito divino, falaram o que neles se realizava, pois o Espírito se servia deles como flautista que sopra a flauta. Que dizem os profetas? "O Senhor é nosso Deus; não será contado nenhum outro com ele". E ainda: "Eu sou Deus antes e depois, além de mim não há Deus." Igualmente: "Antes de mim não existiu outro Deus, e depois de mim não existirá. Eu sou Deus e não há outro além de mim." E a respeito de sua grandeza: "O céu é o meu trono e a terra é o escabelo de meus pés. Que casa me edificarás, ou qual é o lugar do meu descanso?" Deixo para vós, inclinados sobre os livros deles, examinar mais as suas profecias, a fim de que, através de um raciocínio conveniente, recuseis a calúnia contra nós."




*Atenágoras (†180) - era provavelmente um filósofo cristão em Atenas, Grécia, autor da Súplica pelos Cristãos ou Petição em favor dos cristãos, apologia oferecida em tom respeitoso ao imperador Marco Aurélio e seu filho Cômodo contra as acusações de que os cristãos eram ateus, praticavam o incesto e a antropofagia; provavelmente escreveu também o tratado sobre A Ressurreição dos mortos. Foi grande apologista, de escrita hábil e retórica!

Fonte: Padres Apologistas, editora Paulus, 3 edição, pg 128-130. 2005

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A Solidão de Deus

O título talvez não seja suficientemente claro para indicar o seu tema. Isso se deve, em parte, ao fato de que hoje em dia bem poucas pessoas estão acostumadas a meditar nas perfeições pessoais de Deus. Dos que lêem ocasionalmente a Bíblia, bem poucos sabem da grandeza do caráter divino, que inspira temor e concita à adoração. Que Deus é grande em sabedoria, maravilho em poder, não obstante, cheio de misericórdia, muitos acham que pertencem ao conhecimento comum; contudo, chegar-se a um conhecimento adequado do Seu Ser, da Sua natureza, dos Seus atributos, como estão revelados nas Escrituras Sagrada, é uma coisa que pouquíssimas pessoas tem alcançado nestes tempos degenerados. Deus é único na excelência do Seu Ser. “Ó Senhor, quem é como Tu entre os deuses? Quem é como Tu glorificado em santidade, terrível em louvores, operando maravilhas?”(Êxodo 15.11).

No princípio...Deus...”(Gênesis 1.1). Houve tempo se é que se lhe pode chamar “tempo”, em que Deus, na unidade de sua natureza, habitava só (embora subsistindo em três pessoas divinas). “No princípio...Deus...” Não existia o céu, onde agora se manifesta particularmente a Sua glória. Não existia a terra, que Lhe ocupasse a atenção. Não existiam os anjos, que Lhe entoassem louvores, nem o universo, para ser sustentado pela palavra do seu poder. Não havia nada, nem ninguém, senão Deus; e isso, não durante um dia, um ano ou uma época, mas “desde sempre”. Durante uma eternidade passada, Deus esteve só: completo, suficiente, satisfeito em Si mesmo, de nada necessitando. Se um universo, anjos, ou seres humanos Lhe fossem necessários de algum modo, teriam sido chamados à existência desde toda a eternidade. Ao serem criados, nada acrescentaram a Deus essencialmente. Ele não muda (Malaquias 3.6), pelo que, no essencial, a Sua glória não pode ser aumentada nem diminuída.

Deus não estava sob coação, nem obrigação, nem necessidade alguma de criar. Resolver faze-lo foi um ato puramente soberano de Sua parte, não produzido por nada alheia a si próprio; não determinado por nada, senão o Seu próprio beneplácito, já que Ele “faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”(Efésios 1.11). O fato de criar foi simplesmente para a manifestação da Sua glória. Será que algum dos nossos leitores imagina que fomos além do que nos autorizam as Escrituras? Então, o nosso apelo será para a Lei e o Testemunho: “...levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus de eternidade em eternidade; ora bendigam o nome da tua glória, que está levantado sobre toda bênção e louvor”(Neemias 9.5). Deus não ganha nada, nem sequer com a nossa adoração. Ele não precisa dessa glória externa da Sua graça, procedente de Seus redimidos, porquanto é suficientemente glorioso em Si mesmo sem ela. Que foi que o moveu a predestinar Seus eleitos para o louvor da glória de Sua graça? Foi, como nos diz Efésios 1.5, “... o beneplácito de sua vontade”.Sabemos que o elevado terreno em que estamos pisando é novo e estranho para quase todos os nossos leitores; por essa razão faremos bem em andarmos devagar. Recorramos de novo às Escrituras. No final de Romanos capítulo 11, onde o apóstolo conclui sua longa argumentação sobre a salvação pela pura e soberana graça, pergunta ele: “Por que quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? (vers. 35-35). A importância disto é que é impossível submeter o Todo-poderoso a quaisquer obrigações para com a criatura, Deus nada ganha da nossa parte. “Se fores justo, que lhe darás, ou que receberá da tua mão? A tua impiedade faria mal a outro tal como tu; e a tua justiça aproveitaria a um filho do homem”(Jó 35.7-8), mas certamente não pode afetar a Deus, que é bem-aventurado em Si mesmo. “...quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: somos servos inúteis, porque fizemos somente o que deveríamos fazer”(Lucas 17.10)—nossa obediência não dá nenhum proveito a Deus.

Ainda mais, vamos além: nosso Senhor Jesus Cristo não acrescentou nada a Deus em Seu Ser essencial e a glória essencial do Seu Ser, nem pelo que fez, nem pelo que sofreu. É certo, bendita e gloriosamente certo, que Ele nos manifestou a glória de Deus, porém nada acrescentou a Deus. Ele próprio o declara expressamente, e não há apelação quanto às Suas palavras: “...não tenho outro bem além de ti” (Salmo 16.2; na versão usada pelo autor, literalmente: “...a minha bondade não chega a ti”). Em toda a sua extensão, este é um Salmo sobre Cristo. A bondade e justiça de Cristo alcançaram os seu santos na terra (Salmo 16.3), mas Deus estava acima e além disso tudo, pois unicamente Deus é “o Bendito”(Marcos 14.61, no grego).

É absolutamente certo que Deus é honrado e desonrado pelos homens; não em Seu Ser essencial, mas em Seu caráter oficial. É igualmente certo que Deus tem sido “glorificado” pela criação, pela providência e pela redenção. Não contestamos isso, e não ousamos fazê-lo nem por um momento. Mas isso tudo tem a ver com a Sua glória declarativa e com o nosso reconhecimento dela. Todavia, se assim Lhe aprouvesse, Deus poderia ter continuado só, por toda a eternidade, sem dar a conhecer a Sua glória a qualquer criatura. Que o fizesse ou não, foi determinado unicamente por Sua própria vontade. Ele era perfeitamente bem-aventurado em Si mesmo antes de ter sido chamada à existência a primeira criatura. E, que são para Ele todas as Suas criaturas, mesmo agora? Deixemos outra vez que as Escrituras dêem a resposta: “Eis que as nações são consideradas por ele como a gota de um balde, e como o pó miúdo das balanças: eis que lança por aí as ilhas como a uma coisa pequeníssima. Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seu animais bastam para holocaustos. Todas as nações são como nada perante ele; ele as considera menos do que nada e como uma coisa vã. A quem pois fareis semelhante a Deus: ou com que o comparareis?”(Isaías 40.15-18). Esse é o Deus das Escrituras; infelizmente Ele continua sendo o “Deus desconhecido”(Atos 17-23) para as multidões desatentas. “Ele é o que está assentado sobre o globo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; ele é quem estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda neles habitar; o que faz voltar ao nada os príncipes e torna coisa vã os juízes da terra”(Isaías 40.22-23). Quão imensamente diferente é o Deus das Escrituras do Deus do púlpito atual!

O testemunho do Novo Testamento não tem nenhuma diferença do que vemos no Velho Testamento. Como poderia ser, uma vez que ambos tem o mesmo Autor! Ali também lemos: “A qual a seu tempo mostrará o bem-aventurado, o único poderoso Senhor, Rei dos Reis e Senhor dos senhores; aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver: ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém”(1 Timóteo 6.15-16). O Ser que aí é descrito deve ser reverenciado, cultuado, adorado. Ele é solitário em Sua majestade, único em Sua excelência, incomparável em Suas perfeições. Ele tudo sustenta, mas Ele mesmo é independente de tudo e de todos. Ele dá bens a todos, porém não é enriquecido por ninguém.

Tal Deus não pode ser encontrado mediante investigação; só pode ser conhecido conforme e quando revelado ao coração pelo Espírito Santo, por meio da Palavra. É verdade que a criação manifesta um Criador, e isso com tanta clareza, que os homens ficam “inescusáveis”(Romanos 1.20); contudo, ainda temos que dizer com Jó: “Eis que isto são apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pouco é o que temos ouvido dele! Quem pois entenderia o trovão do seu poder?”(Jó 26.14). Cremos que o argumento baseado no desígnio, assim chamado, argumento apresentado por “apologetas” bem intencionados, tem causado mais dano do que benefício, pois tenta rebaixar o grande Deus ao nível do entendimento finito e, com isso, perde de vista a Sua singular excelência. Tem-se feito uma analogia com o selvagem que achou um relógio e que, depois de um demorado exame, inferiu a existência de um relojoeiro. Até aqui, tudo bem. Contudo, tentemos ir mais longe. Suponhamos que o selvagem procurasse formar uma concepção desse relojoeiro, de seus afetos pessoais, de suas maneiras, de sua disposição, conhecimento e caráter moral—de tudo aquilo que se juntaria para compor uma personalidade. Poderia ele chegar a imaginar ou pensar num homem real—o homem que fabricou o relógio—de modo que pudesse dizer: “Eu o conheço”? Fazer perguntas como essa parece fútil, porém estaria o eterno e finito Deus tanto mais ao alcance da razão humana? Realmente, não. O Deus das Escrituras só pode ser conhecido por aqueles a quem Ele próprio Se dá a conhecer.

Tampouco o intelecto pode conhecer a Deus. “Deus é espírito...”(João 4.24) e, portanto, só pode ser conhecido espiritualmente. No entanto, o homem decaído não é espiritual; é carnal. Esta morto para tudo o que é espiritual. A menos que nasça de novo, que seja trazido sobrenaturalmente da morte para vida, miraculosamente transferido das trevas para a luz, não pode sequer ver as coisas de Deus (João 3.3), e muito menos entendê-las (1 Coríntios 2.14). É mister que o Espírito Santo brilhe em nossos corações (não no intelecto) para dar-nos o “...conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo”(2 Coríntios 4.6). E até mesmo esse conhecimento espiritual é apenas fragmentário. A alma regenerada terá de crescer na graça e o conhecimento do Senhor Jesus (2 Pedro 3.18).

A nossa oração e finalidade como cristãos deve ser que possamos “...andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus”(Colossenses 1.10).
A. W. Pink

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"O Senhor te repreenda!" ou "Eu te repreendo!" ?

..."A razão pela qual discordo do uso do termo "repreender" pelos cristãos de hoje, para cercear a atuação demoníaca, não é somente a falta de evidência explícita. Existem razões teológicas. Repreender os principados e potestades é prerrogativa de Cristo somente, pois foi ele quem os venceu por sua morte e ressurreição. Além disso, ele é Deus e Senhor sobre os elementos, podendo, por isso, repreender os ventos, o mar, as tempestades. Ele é o criador e o Senhor e por isso diz ao demônio, "cala-te, sai dele, vai para tal lugar...!" Ele é DEUS! Se as pessoas vão usar o Senhor Jesus como modelo para "repreender" demônios e doenças, deveriam também passar a repreender tempestades e a fúria dos elementos - mas até onde sei, ninguém tem reivindicado ser capaz de fazer isso com sucesso.

Para mim este ponto fica claro na narrativa que Judas nos dá acerca do incidente entre o anjo Miguel e Satanás:
"O arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!" (Judas 9)
Nós estamos falando do arcanjo Miguel, que é o mais poderoso dos anjos de Deus. Lemos isso no Velho e Novo Testamentos. É o chefe das hostes espirituais angélicas de Cristo. Esse ser perfeito, sem pecado, muito mais poderoso do que os humanos e que assiste na presença de Deus, em certa ocasião, quando disputava o corpo de Moisés com Satanás (parece que Satanás queria tomar o corpo de Moisés para, talvez, levar Israel a pecar, idolatrando o seu corpo morto), não se atreveu a pronunciar juízo infamatório contra Satanás. Isso é o oposto do que muita gente hoje está fazendo (e não se comparam nem de longe com Miguel em poder). Miguel se limitou a dizer: "O Senhor te repreenda!"
Assim, não vejo nas Escrituras que foi dada autoridade aos crentes para repreender as hostes malignas, pois isso é prerrogativa de Cristo e do Pai. Entretanto, podemos orar e dizer: "Ó Senhor, repreende a Satanás, que procura perturbar a tua obra entre nós, afasta suas tentações, tem misericórdia, livra-nos do mal..." Não vejo problemas em que oremos assim. Na realidade, esta oração me parece bem mais bíblica do que decretos de determinações por parte de alguns. Quando os crentes da Igreja do período apostólico se viram encurralados pelos líderes religiosos em Jerusalém, simplesmente se dirigiram a Deus e suplicaram que o Senhor olhasse para aquelas ameaças. Entregaram-se ao Senhor e Juiz de todos, esperando que ele fizesse justiça e juízo na terra (At 4.29).





Fonte: O que você precisa saber sobre batalha espiritual, Augustus Nicodemus Lopes, Ed. Cultura Cristã, 4 edição, pg 124, 125, São Paulo, 2006.

sábado, 10 de outubro de 2009

"A Bíblia é Única na Sua Coerência"

Esse é um livro:


1. Escrito em um período de mais de 1.500 anos.


2. Escrito durante mais de 40 gerações.


3. Escrito por mais de 40 autores, envolvidos nas mais diferentes atividades, inclusive reis, camponeses, filósofos, pescadores, poetas, estadistas, estudiosos, etc.:

- Moisés, um líder político, que estudou nas universidades do Egito;

- Pedro, um pescador;

- Amós, um boiadeiro;

- Josué, um general;

- Neemias, um copeiro;

- Daniel, um primeiro-ministro;

- Lucas, um médico;

- Salomão, um rei;

- Mateus, um coletor de impostos;

- Paulo, um rabino.


4. Escrito em diferentes lugares:

- Moisés no deserto;

- Jeremias, numa masmorra;

- Daniel, numa colina e num palácio;

- Paulo, dentro de uma prisão;

- Lucas, enquanto viajava;

- João, na ilha de Patmos;

- Outros, nos rigores de uma campanha militar.


5. Escrito em diferentes condições:

- David, em tempos de guerra;

- Salomão, em tempos de paz.


6. Escrito sob diferentes circunstâncias:

- Alguns escreveram enquanto experimentaram o auge da alegria, enquanto outros escreveram numa profunda tristeza e desespero.


7. Escrito em três continentes:

- África, Ásia e Europa.


8. Escrito em três idiomas:

- Hebraico:a língua do Antigo Testamento. Em 2Rs 18.26-28 essa língua é chamada de "judaica". Em Is 19.18, de língua de "Canaã".

- Aramaico: a "língua franca" do Oriente Próximo até a época de Alexandre o Grande (século VI a.C - século IV a.C);

- Grego: a língua do Novo Testamento. Foi o idioma de uso internacional à época de Cristo.


9. A Bíblia trata de centenas de temas controversos. Tema controverso é aquele que pode gerar opiniões divergentes, quando mencionado ou discutido.


Os autores bíblicos falaram de centenas de temas controversos com harmonia e coerência, desde Gênesis até Apocalipse. Há uma única história que vai se revelando: "A redenção do homem por parte de Deus."


Geisler e Nix assim se expressaram a respeito: "O 'Paraíso Perdido' de Gênesis se torna o 'Paraíso Recuperado' de Apocalipse. Enquanto que o acesso à árvore da vida está fechado em Gênesis, encontra-se aberto para todo o sempre em Apocalipse."


F. F. Bruce comenta: "Qualquer parte do corpo humano só pode ser devidamente entendida em função do corpo na sua totalidade. E qualquer parte da Bíblia só pode ser devidamente entendida em função da Bíblia como um todo."


Bruce conclui: " À primeira vista, a Bíblia parece ser uma coleção de literatura, principalmente judaica. Se investigarmos as circunstâncias em que foram escritos os vários documentos bíblicos, descobriremos que foram escritos aos poucos, durante um período de aproximadamente 1.400 anos. Os escritores escreveram em vários países, desde a Itália, no ocidente, até a Mesopotâmia, e possivelmente a Pérsia, no oriente.Os escritores formavam eles mesmos um grupo heterogêneo de pessoas, não apenas separados uns dos outros por centenas de anos e centenas de quilômetros, mas pertencentes aos mais variados ramos de atividades. Havia reis, sacerdotes e profetas, um rabino fabricante de tendas e um médico gentílico, para não falar de outros de quem nada sabemos, senão os escritos que nos deixaram. Os próprios escritos pertencem a uma grande diversidade de estilos literários. Incluem histórias, lei (civil, criminal, ética, ritual, sanitária), poesia religiosa, textos didáticos, poesia lírica, parábolas e alegorias, biografia, correspondência pessoal, reminiscências pessoais, diários, além dos estilos caracteristicamente bíblicos de literaturas proféticas e apocalípticas.”


“Por tudo isso, a Bíblia não é uma simples antologia: existe uma unidade que dá coesão ao todo. Uma antologia é compilada por um antologista, mas nenhum antologista compilou a Bíblia.”


10. Conclusão acerca da coerência – uma comparação com Great Books of Western World (Grandes Livros do Mundo Ocidental).


Um representante da editora dos Great Books of Western World veio à minha casa para recrutar vendedores para a coleção. Ele abriu o cartaz de propaganda da coleção e passou cinco minutos nos falando sobre a coleção Great Books of Western World e nós passamos uma hora e meia falando a ele sobre o maior dos Livros.


Eu o desafiei a apanhar apenas dez dos autores, devendo todos eles ter a mesma profissão, ser da mesma geração e do mesmo lugar, terem vivido na mesma época e experimentado as mesmas circunstâncias, falarem a mesma língua, e analisarem um único tema controvertido. (A Bíblia fala de centenas com harmonia e concordância).


Então indaguei: “Será que esses autores iriam concordar entre si?” Ele pensou por um momento e então respondeu: “Não!” E mais uma vez perguntei: “E que tipo de livro você teria?” E ele respondeu imediatamente: “Um amontoado de idéias”.


Dois dias depois ele entregou a vida a Cristo (o que é o tema da Bíblia).


Por que tudo isso? É muito simples! Qualquer pessoa que esteja sinceramente procurando a verdade iria pelo menos analisar um livro com as características singulares acima mencionadas.




Fonte: Evidência que exige um veredito, Josh McDowell, Ed. Candeia, 2ªed. pg 20-22.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Varões Ateus de Plantão! O Criador Existe e Não é o Darwin.



Em um debate sobre a Existência de Deus, Christopher Hitchens, autor e um dos ícones do chamado “Novo Ateísmo”, citou a Teoria da Evolução de Darwin como argumento em defesa do Ateísmo. Mas o filósofo cristão William Lane Craig ministrou uma mini-palestra para seu adversário no debate explicando-lhe porque este era um argumento a favor do TEÍSMO e não do ateísmo.



Fonte: http://www.apologia.com.br/?p=406