sábado, 19 de junho de 2010

Trecho de “O Peso de Glória”, de C. S. Lewis*

*Como estou sem criatividade no momento, este post não tem um título apropriado.

Segue abaixo o que C. S. Lewis escreveu no início do capítulo “O Peso de Glória”, do livro de mesmo nome:
“Se hoje se perguntasse a 20 bons homens que virtude pensam ser a mais elevada, 19 responderiam: Abnegação. Se a pergunta, no entanto, fosse feita a qualquer um dos grandes cristãos da antiguidade, a resposta teria sido: Amor. Percebe o que ocorreu? Um termo negativo foi substituído por um termo positivo, e isso tem mais importância do que uma simples curiosidade filológica. A ideia negativa de Abnegação traz consigo não a proposta central de garantir boas coisas para aos outros [sic], mas a de passarmos sem elas, como se nossa abstinência, não a felicidade do outro, fosse o mais importante. Acredito não ser essa a virtude cristã do Amor. O Novo Testamento tem muito a dizer sobre renúncia, mas não acerca da renúncia como um fim em si mesma. Temos o mandamento de negar-nos (renunciar) a nós mesmos e tomar nossa cruz para poder seguir a Cristo. Além disso, praticamente toda menção ao que vamos encontrar em última instância, se agirmos de acordo com essa ordem, contém um apelo ao desejo. Se na maior parte das mentes modernas oculta-se a noção de que desejar o nosso próprio bem e querer usufruí-lo de fato é algo ruim, eu afirmo que essa noção surge furtivamente com Kant e com os estoicos, e não faz parte da fé cristã. Na verdade, se analisarmos as audaciosas promessas de galardão e a natureza surpreendente das recompensas prometidas nos Evangelhos, pareceria que Nosso Senhor considera nossos desejos não muito fortes, mas muito fracos, isto sim. Somos criaturas sem entusiasmo, brincando feito bobos e inconsequentes com bebida, sexo e ambições, quando o que se nos oferece é a alegria infinita. Agimos como uma criança sem noção, que prefere continuar fazendo bolinhos de lama num cortiço porque não consegue imaginar o que significa a dádiva de um fim se semana na praia. Muito facilmente, nós nos contentamos com pouco.” (p. 29-30, grifo nosso)
LEWIS, C. S. O peso de glória. São Paulo: Editora Vida, 2008. (Link para este livro no site da editora AQUI!)

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