terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Deus Não Está Morto Ainda (1/3)

Como os filósofos contemporâneos argumentam em favor de sua existência.
Por William Lane Craig
Tradução: Wagner Kaba
Você pode pensar, devido à atual enchente de best-sellers ateístas, que a crença em Deus se tornou intelectualmente indefensável para as pessoas pensantes modernas. Mas uma olhada nos livros de Richard Dawkins, Sam Harris e Christopher Hitchens, entre outros, revela rapidamente que o tão chamado Novo Ateísmo carece de músculos intelectuais. Ele é alegremente ignorante acerca da revolução que tomou lugar na filosofia Anglo-Americana. Ele reflete o cientificismo de uma geração passada ao invés do panorama intelectual contemporâneo.

O alto ponto cultural daquela geração chegou em 8 de Abril de 1966, quando a revista Time publicou uma reportagem principal cuja capa era completamente preta, exceto pelas trës palavras decoradas em letras vermelhas brilhantes: “Deus está morto?”. A reportagem descrevia o movimento da “morte de Deus”, então corrente na teologia Americana.

Mas, parafraseando Mark Twain, as notícias sobre o falecimento de Deus foram prematuras. Pois ao mesmo tempo em que teólogos escreviam o obituário de Deus, uma nova geração de jovens filósofos estavam descobrindo sua vitalidade.

Na década de 40 e 50, muitos filósofos acreditavam que falar sobre Deus, visto que não se pode verificá-lo pelos cinco sentidos, é sem sentido — um verdadeiro nonsense. Este verificacionismo finalmente desmoronou, em parte porque os filósofos perceberam que o verificacionismo em si não podia ser verificado! O colapso do verificacionismo foi o evento filosófico mais importante do século XX. Sua queda significava que os filósofos estavam livres mais uma vez para cuidar de problemas tradicionais da filosofia que o verificacionismo havia suprimido.Junto com a ressurgência do interesse nas questões filosóficas tradicionais, apareceu algo completamente inesperado: o renascimento da filosofia Cristã.

O ponto de virada provavelmente surgiu em 1967, com a publicação de God and Other Minds: A Study of the Rational Justification of Belief in God (Deus e Outras Mentes: Um Estudo sobre a Justificação Racional da Crença em Deus), escrito por Alvin Plantinga. Nos passos de Plantinga, seguiram-se uma mutidão de filósofos Cristãos, escrevendo em jornais acadêmicos, participando de conferências profissionais e publicando nas melhores editoras acadêmicas. A cara da filosofia Anglo-Americana tem sido transformada, como resultado. O ateísmo, embora talvez ainda seja o ponto de vista dominante na academia Americana, é uma filosofia em retirada.

Em um artigo recente, o filósofo Quentin Smith, da Universidade de Western Michigan, lamenta o que ele chama de “desecularização da academia que evoluiu na filosofia desde os fins da década de 60.” Ele reclama sobre a passividade dos naturalistas em face da onda dos “teístas inteligentes e talentosos que estão entrando na academia atualmente.” Smith conclui, “Deus não está ‘morto’ na academia; ele retornou à vida no final da década de 60 e agora está vivo e passa bem em sua última fortaleza acadêmica, os departamentos de filosofia.”

O renascimento da filosofia Cristã tem sido acompanhada por um ressurgimento do interesse na teologia natural, o ramo da teologia que procura provar a existência de Deus sem recorrer à revelação divina. O objetivo da teologia natural é justificar uma cosmovisão teísta ampla, uma que seja comum a Cristãos, Judeus, Muçulmanos e deístas. Enquanto poucos os chamariam de provas cogentes, todos os tradicionais argumentos para a existência de Deus, para não mencionar alguns novos argumentos criativos, encontram articulados defensores atualmente.

Um comentário:

Ricardo Mamedes disse...

Olá Danilo,

Uma pergunta fica a ecoar na minha mente: será que vale a pena nos contrapormos a esses que 'pregam' a morte de Deus? Se acrditamos fielmente nas doutrinas da graça, penso que não. Mesmo que haja eleitos entre eles (ateus - e eu penso ser muito difícil, pois eles estudam o Evangelho de Cristo exatamente para contestar o cristianismo)eles serão inexoravelmente chamados, atraídos pelo Eterno "irresistivelmente".

De fato essas teorias ateístas/científico/evolucionistas como as veiculadas retumbantemente por Richard Dawkins são apenas falácia sem substância. Eles jamais se safarão dessa equação impossível: de onde partiu a vontade por trás da partícula inicial (bóson de Higgs)? Essa ebncruzilhada filosófica ningém responde.

Resta a todos eles - como fez Nietzsche - matarem Deus em seus corações.

Espero uma visita sua em meu blog (caso você queira) especialmente para comentar o texto desse link, que deve te interessar: http://ricardomamedes.blogspot.com/2009/12/dizem-que-agum-dia-todos-ja-foram.html

NEle,

Ricardo