sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O Pastor do Salmo 23 é Uma Ovelha

Algumas vezes, quando estamos lendo algum livro, escutando um sermão ou mesmo conversando com um irmão, recebemos aquele famoso insight, o click na cabeça, o estralar de dedos, aquela surpreendente e inédita abordagem que nos faz dizer: "NOSSA! Era isso..." E então, ficamos admirados pela descoberta e aprendemos algo que antes não era percebido sobre alguma passagem das Escrituras, como se mais luz estivesse sendo jogada sobre o texto e sobre nossos corações.

Lendo o livro "O Senhor Nosso Pastor", de J. Douglas McMillan (editora PES), tive uma compreenção mais viva, mais grandiosa e pessoal sobre o Senhor Jesus. McMillan propôs simplesmente entender o Pastor do Sl 23 trazendo a lume tudo o que se referia a Ele no A.T. e no N.T. :

"O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará." [Sl 23.1]
"Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor." [Ez 34.23]
"Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas." [Jo 10.11]
"Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas," [Hb 13.20]
"Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória." [1Pe 5.4]

Mas este foi o texto, junto com o Sl, que mexeu bastante comigo:

"pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima." [Ap 7.17]

O Pastor do Sl 23 é uma Ovelha ( o Cordeiro!). Ele também repousou sobre pastos verdejantes, foi levado para junto das águas de descanso e guiado pelas veredas da justiça. Pelo vale da sombra da morte passou e não temeu mal nenhum. Os seus adversários foram vencidos, o Ungido de Deus venceu e habita eternamente com Deus.

Jesus é o nosso Pastor, o Bom Pastor, e como uma Ovelha sofreu e nos deu a vida eterna. Aquele que nos guia para as fontes da água da vida sofreu como nós. Eis as duas realidades do Salvador, que nos conforta, nos quebranta, nos alegra e que nos faz louvar. Toda vez que dissermos: "Senhor, estou sofrendo! A minha dor é grande demais, Pai", Ele nos diz: "Eu entendo você, meu filho, pois eu também sofri como você e por você suportei com alegria a cruz (Hb 12.2a)".

Toda ferida da vida que nos feriu, feriu o Senhor Jesus. Ele foi insultado por nós, desprezado por nós, traído... Jesus conhece as nossas dores, pois Ele mesmo as sentiu. Sabe perfeitamente o que passamos e nunca está longe das nossas aflições. Ele nos vê. O nosso Deus está perto demais e enxugará dos nossos olhos toda a lágrima. E assim será:

"E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também." [Jo 14.3]

"Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram." [Ap 21.3,4]

Amém, Senhor!

2 comentários:

Ricardo Mamedes disse...

Olá Danilo, meu irmão,

Seu texto revela uma reflexão que eu sempre faço sobre a forma de agir de Deus no Velho Testamento e de agora, com a vinda do cordeiro e o advento do segundo pacto.

No AT vemos um Deus duro, que manda exterminar os Seus inimigos, de pequenos a grandes, sem perdão (como determinou a Saul, dentre outras passagens). Já no NT, como que Jesus "acalma" Javeh. É o mesmo Deus, disso não tenho dúvida, tampouco coloco em discussão. O que muda é o foco, uma vez que o processo de salvação já não mais se subsume ao cumprimento da lei, mas à graça, pura e simplesmente (Ef 2:8-9).

Aquele Deus duro dá agora lugar ao cordeiro, humilde e beneplácito; porém, igualmente justo. Agora temos o "advogado" intercedendo por nós.

E este mesmo cordeiro há de nos mostrar o caminho para que não se perca uma única das suas ovelhas, conforme assevera Jesus, através do seu Evangelho.

NEle.

Ricardo

Danilo Neves disse...

"Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." Gn 3.15

"Apareceu o SENHOR a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra." Gn 12.7a

"Naquele mesmo dia, fez o SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates" Gn 15.18

"Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo." Gl 3.16

O N.T. identifica precisamente quem é o descendente: Cristo. A Ele foram feitas as promessas. Israel somente veio a existência para que dele saísse o Redentor: Jesus (Mt 1.1-16).

Entendo assim, irmão Ricardo, toda a Escritura, nessa perspectiva aliancista-contínua. E dentro dessa visão, vejo uma relação digamos amistosa entre Lei e Graça, afinal Jesus não revogou a Lei (Mt 5.17) e sobre ela Paulo nos diz: "Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei." Rm 3.31.

Partindo desse ponto de vista, de fato, o que muda é o foco e não a aliança. A Lei já previa a "nova aliança" que de nova não tem nada, cf. Hb. Abraão foi justificado pela fé (Gl 3; Rm 4) e Paulo usa precisamente esse fato como argumento para traçar toda uma continuidade entre o A.T e o N.T.

Um abç, irmão.