quinta-feira, 2 de abril de 2009

Uma das Exceções do André Valadão e Cia



O rev. Augustus Nicodemus, em julho de 2006, escreveu um post com o título "Conselhos a Um Jovem Pastor Sobre o Grupo de Louvor da Sua Igreja " (veja ele completo aqui ). Me chamou a atenção o primeiro desses conselhos da carta fictícia:

"Aconselho que você reconheça que nós, reformados, já perdemos a batalha por um culto simples, espiritual, teocêntrico e equilibrado. O movimento gospel veio para ficar. Nós perdemos, Tadeu, porque erramos na estratégia. Há cerca de dez anos, quando a Igreja Batista da Lagoinha começou a comandar o louvor nas igrejas evangélicas no Brasil, preferimos resistir frontalmente e insistir com nossas igrejas a que ficassem com os hinos de nosso hinário. Foi um erro. Poderíamos, além disso, ter apresentado uma alternativa às músicas deles. Há exceções, mas muitas delas são sofríveis, musicalmente falando, e têm uma teologia fraquíssima. São cânticos permeados de conceitos arminianos, neopentecostais, da teologia da prosperidade e da batalha espiritual, característicos daquilo que é produzido pelos músicos e cantores gospel da atualidade. Infelizmente, não conseguimos oferecer nada melhor desde o início, a não ser apelos para ficarmos com os hinos tradicionais..."

Mesmo com a batalha já perdida, vou ainda me arriscar a disparar um tiro para o alto nessa guerra. Talvez eu acerte a cabeça de alguém desse movimento gospel, especialmente aqueles que pertencem a ele, mas que estão dentro de nossas igrejas reformadas.

Peter Masters, ao falar sobre louvor e adoração e ao tentar definir um referencial para lidar com a questão extremamente séria da crise do louvor que vivemos hoje na igreja, faz o uso do Apocalipse 4 e 5. Masters diz que aqui, nesses capítulos, encontramos o verdadeiro louvor do povo de Deus (representado pelos 24 anciãos), pois aqui é feito "o louvor perfeito" a Ele, o louvor nos céus. Não existe melhor modelo do que este! Depois de citar Ap 4.8,10,11; 5.9,12 ele mostra que nesses textos a força deles estão nas palavras "proclamando, entoando" e então ele define o louvor da seguinte forma: "o louvor é palavras".

A música (ritmo, melodia e harmonia) auxilia, mas não constitui o louvor, defende o pastor do Tabernáculo Metropolitano (igreja de Charles Spurgeon), o Dr. Peter Masters . A ênfase nos céus serão palavras que glorificam e honram ao nosso Deus, onde todos assim farão, “os chamados, eleitos e fiéis” (Ap 17.14). Que as nossas equipes de louvor se atentem mais para a grandiosidade desta verdade e se apeguem menos a sons e arranjos musicais e mais as letras, conforme esse modelo de louvor perfeito que temos em Ap 4 e 5. Se é o perfeito, porque buscar outro?

A música que postei aqui se chama "Não há Mais Condenação", a qual faz parte do primeiro CD do cantor e pr. André Valadão, "+ Que Abundante". Gosto muito dela! Que bom seria se a maioria das músicas gospel de hoje fossem pelos menos parecidas com ela. Já estaríamos no lucro! Ela contém uma letra exemplar, eu diria, considerando que o cantor é um dos ícones e maior divulgador do estilo "louvorzão" nas igrejas brasileiras. Até católicos, que eu conheço, já se renderam ao estilo Valadão, Diante do Trono e Cia (tem vários outros que poderia citar). Pensei em postar um hino regravado pelo André, mas antes que o hino "Quão Grande és Tu" terminasse ele resolveu estragá-lo com um solo onde só haviam repetições carregadas de apelo. É até bonito, confesso. Mexe com a alma da gente. Mas nem tudo que é bonito e emocional para os homens é aceitável para Deus. A teologia determina a música e não o contrário.

Eu reconheço que já perdemos a batalha por um culto simples, espiritual, teocêntrico e equilibrado. Mas ainda tô vivo e, se Deus quiser, darei mais outros tiros como esse para cima!

9 comentários:

Marcello de Oliveira disse...

Shalom!

1. Amado Danilo, mais uma vez um belo texto. Nós precisamos saber de uma coisa: Louvor não é mimetismo, não é ritualismo. Louvor que levanta as mãos para cima, mas não ajuda o necessitado, é fogo estranho ao altar do Senhor. Louvores proferidos por aqueles que não andam em santidade, não agradam ao Eterno - Am 5.23

2. Tenho que concordar com Lutero quando disse que há somente dois tipos de música: a música como impressão, e a música como expressão. A 1º é aquela que impressiona pela técnica vocal, pela habilidade dos músicos, pela forma que é apresentada. Esta agrada ao público. A 2º é aquela que expressa a glória de Deus, a sua soberania, seus atos poderosos. A 1º enfatiza o cantor. A 2º enaltece ao Criador. Bom seria se combinassemos bons músicos, com verdadeiros adoradores.

Precisamos de músicos da envergadura de Johannes Sebastian Bach que foi considerado o músico mais completo de todos os tempos. No final de seus hinos sempre havia o acróstico S.D.G - Soli Deo Gloria. Quando os musicos entenderem isto, então não apenas teremos louvor, mas sim, uma verdadeira adoração. As pessoas olharam para eles, e não verão apenas suas habilidades, verão a glória de Deus brilhando em suas vidas! Que sejam assim. Amém!

abraços, Pr Marcello Oliveira

Pr. Marcos Serafim disse...

Caro Danilo;
Graça e paz,sem duvida há louvores bem apelativos, carregados de inovações sem cristocentricidade , louvores que apenas tocam o corpo sem a essência do verdadeiro sentido biblico, mas nós podemos mudar isso!!! basta nós resgatarmos e tarzermos para dentro de nossas igrejas um louvor que realmente expresse uma musica suave não só para os ouvidos, mas que toca profundamente nossa alma.
Como a frase deste hino :
Foi na cruz, foi na cruz,
onde um dia eu vi
Meu pecado castigado em Jesus;
FoI ali, pela lá, que os olhos abri,
E agora me alegro em Sua luz.
Voltemos as origens....

Em Cristo, no amor de Deus - Marcos

Anônimo disse...

Caro amigo e irmão em Cristo Danilo,

Não vou deixar nenhuma palavra minha aqui. Citarei apenas a Palavra: "Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!" (Rm. 11:36). E: "De boas palavras transborda o meu coração. Ao Rei consagro o que compus; a minha língua é como a pena de habilidoso escritor...O teu nome, eu o farei celebrado de geração a geração, e, assim, os povos te louvarão para todo o sempre" (Sl. 45:1, 17).
Quem é André Valadão? Quem é Ana Paula? Quem é Danilo Neves? Quem é Marcello de Oliveira? Quem é Marcos Serafim? Quem sou eu?
Que todos estes e todos os demais respondam: Quem é Jesus?
João Batista disse que era mais importante Cristo "crescer" do que ele crescer.
Em muitas equipes, grupos, bandas e nos seus "shows" o cantor, o músico, o instrumento, a voz é que tem sido cultuado. Lamentavelmente, é assim mesmo. Não estou falando de algo estranho a nenhum dos irmãos.
São tantas distorções bíblicas para inventarem uma música. Versões mal feitas. Apelos vazios e tão do homem.
"Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome" (Hb. 13:15).
Adorar é reconhecer e contemplar a pessoa de Deus. Louvar é reconhecer e agradecer a Deus por todos as suas bênçãos.
Como fazer isso sem a Bíblia ou usando qualquer coisa fora dela?
Louvor não é nada disse que está seduzindo até os reformados. Louvor é Bíblia.
Que Deus tenha misericórdia dessa geração de amor só de palavras,
Em Cristo, nosso Rei,
Pastor Heli

Danilo Neves disse...

Caro pr. Marcello:

1. O irmão ao ressaltar santidade e obras fala sobre a vida do cristão. É necessário louvor na vida para que então haja vida no louvor.
2. Não conhecia Bach. Tem algum material sobre ele? Lutero fez uma classificação interessante. Tenho a impressão que a expressão dos grupos de louvor pressionam os ouvidos de Deus a tal ponto dEle tapá-los! Em seu hino Castelo Forte Lutero diz: "Nos tenta Satanás, Com fúria pertinaz,
Com artimanhas tais E astúcias tão cruéis, Que iguais não há na Terra". As artimanhas de Satanás são variadas. O louvor é uma porta de entrada na igreja por onde entram e saem heresias ou músicas que O glorificam. Satanás sem dúvida encontrou na música uma excelente maneira de fazer o povo de Deus se desviar do essencial: a exposição da Sua Palavra. Hoje temos cultos com 10 min de pregação e 1h de louvor. Esse é um dos aspectos da Crise do Louvor que vivemos!

Danilo Neves disse...

Caro pr. Marcos:

Me chamou a atenção a expressão "sem cristocentricidade" do seu comentário. Um música sem falar de Cristo é cristã? Muitos diriam sim, o que concordo, desde que a letra te leve com outras palavras a obra que Ele fez, que aponte para Ele de alguma forma. Se lermos e prestarmos atenção nos cânticos dos seres viventes, dos anciãos, dos anjos que estão no Apocalipse, veremos somente exaltação ao nome de Deus! Como esse é o padrão, o que defendi no post, estamos na estaca zero então. Por isso resgatar um louvor cristocêntrico e suave como o irmão colocou é uma questão difícil e vejo como impossível com a atual teologia que temos no contexto geral das igrejas evangélicas. Talvez na igreja local dá pra fazer isso. No entanto, coitado do pr. que pensar que isso será fácil. Ainda mais quando um dos integrantes da equipe é filho de um presbítero, kkkk...(palavras do Nicodemus)

Danilo Neves disse...

Caro pr. Heli:

Destaco essa frase do seu comentário:
"Adorar é reconhecer e contemplar a pessoa de Deus. Louvar é reconhecer e agradecer a Deus por todos as suas bênçãos.
Como fazer isso sem a Bíblia ou usando qualquer coisa fora dela?"

A preocupação com a música simples (tanto na cifra quanto na letra) e de fácil memorização foram incrementadas no século 18, pois mais servia para a evangelização em massa do que as rebuscadas formas de cantar dos hinos clássicos. De lá pra cá, a música foi cada vez mais involuindo e perdendo letra. Chegamos a uma geração que não sabe o que canta, pois as músicas foram feitas para ter ritmo e melodia quase que totalmente!

A citação do Sl 45 e Hb 13 foram precisas! O salmista dizendo "a minha língua é como a pena de habilidoso escritor" reforça ainda mais o que eu disse.

Recentemente conversava com o pr. Mariano e ele me disse algo interessantíssimo. Ele disse que no século passado não se produziu nenhum hino novo! Acho que os hinários irão desaparecer das lojas e livrarias evangélicas se Deus não levantar músicos que ensinem música sacra e não barulho gospel!

Anônimo disse...

A fé explica muitas coisas que o extremismo não enxerga...

Danilo Neves disse...

Caro Anônimo:

A msng foi tão subjetiva que ficou difícil de interagir. Paro por aqui o meu comentário, pois não entendi o que vc quis definir como extremismo nas reticências.

Unknown disse...

Na antiguidade, quando foram inventar os instrumentos, o principal objetivo era para que eles fossem meros acompanhamentos para as maravilhosas letras religiosas... Na época, a divisão musical era em duas partes: Músicas Sacras(religiosas, comumente católicas) e Músicas Profanas(todas que não eram relacionadas com a religião).
Com a extrema rigorosidade para definir quem faria e cantaria as músicas Sacras, eram eleitas pessoas de extremo caráter social e ditas como "exemplo religioso". As letras, por sua vez, deveriam ser extremamente "cultas" e que falassem, em seu total, de Deus(ou divindades do período), e de suas maravilhas.
E o que nós temos a ver com a Idade Média??
•TUDO!
O que eles faziam, ou como tratavam suas canções, com extremo "rigor", deveria ser um exemplo em nossas vidas.
Não se tratando só de "rigor", mas sim respeito. "A igreja atual não vai ao mundo. Mas traz o mundo para si".
Ao saber que não se deve fazer o que o mundo faz, melodias são extremamente tudo(funks, reps, rocks, e tantas outras...), e a letra... Ah, a letra a gente faz uma religiosa e encaixa naquela música perfeita do "fulano"... Não será do mundo mesmo...
Cuidado com aquilo que colocamos dentro de nossas igreja!!