sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Feridas Inflamadas, Cansaço, Fuga, Volta e Alegria em Deus



Você já se sentiu cansado, mais uma vez decepcionado com você mesmo por não fazer o que é o certo? Por pisar na bola de novo com Deus e cometer os mesmos pecados? Às vezes me sinto extremamente triste por fazer aquilo que não quero. O meu coração se torna um ringue onde a minha carne e o meu espírito se colocam a lutar um contra o outro, o desejar fazer o mal versus o querer fazer o bem. Isso é tão avassalador em mim que nem sequer desejo mais orar devido o sentimento de vergonha que carrego diante de Deus por causa dos meus erros, dos meus pecados.

Deus tem me observado continuamente (Pv 15.3) e essa verdade, nessas horas, não é confortante, pois sei que ele é Santo, Santo, Santo e odeia o pecado. “O pecado é a transgressão da lei” (1Jo 3.4), a lei de Deus que “é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Rm 7.12). A horrível metáfora do profeta Isaías sobre essa transgressão é precisamente aquilo que Deus vê em nós quando estamos em pecado: “Por que haveis de ainda ser feridos, visto que continuais em rebeldia? Toda a cabeça está doente, e todo o coração, enfermo. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo” (Is 1.5,6).

Por que não me agrado com a vontade de Deus e insisto com a minha vontade pecadora? Quando somente olho para mim mesmo, cresce dentro da mente e do meu coração o senso de que Deus pode a qualquer hora me castigar como se Ele fosse somente um Deus que fica irado e que não tem prazer na misericórdia. Cansado eu fico por me distanciar de Deus e saber que mais uma vez eu fiz o que não agrada a Ele. Cansado... como o salmista: “...envelheceram os meus ossos…” (Sl 32.3).

Ora ficamos felizes e fervorosos na fé e ora estamos lá embaixo, tristes e com vontade de desistir das coisas por causa da nossa rebeldia. Somos tomados por um sentimento de melancolia, um desconforto terrível, como se a alma estivesse em corrosão. O pecado é ácido. Infelizmente nos pegamos nesse estado de melancolia espiritual. O sentimento de culpa decorrente dos nossos pecados nos fazem pensar que não mais merecemos o favor de Deus e então nos afastamos das pessoas e nos isolamos, pensando que também estaremos longe de Deus assim como o profeta Jonas pensou (Jn 1.3).

David Brainerd, um jovem missionário, registrou em seu diário as seguintes palavras sobre esse conflito no seu coração pouco tempo depois da sua conversão, quando ele de fato se rendeu a justiça de Cristo:

“A doce satisfação do que eu então senti, prosseguiu comigo por diversos dias, quase constantemente, em maior ou menor intensidade. Eu não podia senão regozijar-me docemente em Deus, quando me deitava ou levantava. No domingo seguinte senti algo do mesmo tipo, embora não tão poderoso quanto antes. Mas não muito depois, fui novamente envolvido por trevas e grande agonia; contudo, não no mesmo desespero que sentia quando sob convicção. Eu era culpado, estava temeroso e envergonhado para vir a Deus, e muitíssimo pressionado por um forte senso de culpa, mas, não demorou muito para que sentisse verdadeiro arrependimento e gozo em Deus”.

Brainerd sentia grande agonia, vergonha e temor, sentimentos que caracterizam o verdadeiro cristão, aquele que ama a Deus mesmo sendo um pecador. Mas ele não se limitou a isso. A atitude desse jovem foi em também reconhecer a sua culpa e não mais encobri-la, “...a minha iniqüidade não mais ocultei...” (Sl 32.5). A vergonha de Brainerd deu lugar a verdadeiro arrependimento e gozo em Deus. Ele não podia conviver com a culpa e, com um coração contrito, buscou a Deus, sentindo depois o gozo dessa busca sincera. “... tu me cinges de alegres cantos de livramento…” (Sl 32.7).

Meu irmão, minha irmã, olhe para a sua vida. Reflita na sua relação com Deus. Pense. Vale a pena ocultar aquilo que te cansa? O que uma ferida aberta te fará? Talvez precisamos assim como o salmista Davi e como esse Brainerd, em vez de fugirmos, nos colocarmos diante de Deus em oração e clamarmos pela sua misericórdia, pelo seu perdão. O SENHOR deseja isso de Seus filhos: “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” (Is 1.18). Arrazoar é conversar e conversar é orar. “...todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar;” (Sl 32.6).


Ainda que os nossos pecados sejam muitos, ainda que a nossa culpa seja avassaladora, Deus purificará os nossos pecados se voltarmos a Ele. “Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado” (Sl 32.5). “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9).

Então as feridas serão saradas, a alegria renascerá, a vontade de não desistir voltará e o senso de que as misericórdias do SENHOR se renovam tomarão a nossa vida e crescerá a graciosa e sublime verdade de que só somos o que somos no nome de Jesus, o nosso Redentor e Salvador, o Filho de Deus. Amém!

“O ímpio tem muitas dores, mas àquele que confia no SENHOR a misericórdia o cercará” (Sl 32.10).
“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2.1).

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