quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

"Não Desperdice Seu Câncer" (1 de 5)

Cinco meses depois da conferência sobre Sofrimento e Soberania de Deus, dois dos preletores – John Piper e David Powlison – receberam o diagnóstico de câncer de próstata. Na véspera de sua cirurgia de próstata (13 de fevereiro de 2006), Piper escreveu o artigo abaixo para refletir sobre a sua situação, assim como ministrar graça e verdade a outros. (Deve-se observar que estas reflexões constituem um meio de ministrar pastoralmente àqueles que estão necessitados, mas não é o único meio de se fazer isso e não é a única coisa que precisa ser dita.) Pouco depois, Powlison recebeu seu diagnóstico de câncer de próstata (3 de março de 2006) e contribui com esclarecimentos adicionais a este artigo.


John Piper:
Creio no poder de Deus para curar – por milagre e pela medicina. Creio que é certo e bom orar pelos dois tipos de cura. O câncer não é desperdiçado quando ele é curado por Deus. Ele tem a glória e é por isso que o câncer existe. Assim, não orar pela cura pode desperdiçar seu câncer. Mas a cura não é o plano de Deus para todas as pessoas. E existem muitos outros modos de desperdiçar o seu câncer. Oro por mim mesmo e por você para que não desperdicemos essa dor.

1. Você desperdiçará o seu câncer se não acreditar que ele foi mandado para você por Deus.

John Piper:
Não adianta dizer que Deus somente usa o nosso câncer, mas não o envia. Não que seu primeiro desígnio para a criação fosse um Jardim do Éden com câncer. Mas a queda não pegou Deus distraído. Ele planejou a redenção antes da criação (2 Tm 1.9). Ele a viu chegando e a permitiu. O que Deus permite ele o permite por uma razão. E essa razão é seu desígnio. Se Deus prevê que o desenvolvimento celular se torne câncer, ele pode pará-lo ou não. Se não o fizer, ele tem um propósito. Uma vez sendo infinitamente sábio, é correto chamar esse propósito de desígnio. Satanás é real e causa muitos prazeres e dores. Mas ele não tem a última palavra. Assim, quando ele ataca Jó com tumores malignos (Jó 2.7), este os atribui por fim a Deus (2.10) e o escritor inspirado concorda: “[...] e o consolaram de todo o mal que o SENHOR lhe havia enviado” (42.11). Se você não crê que seu câncer é designado por Deus, você o desperdiça.

David Powlison:
O reconhecimento da mão determinista de Deus não torna alguém estóico, nem desonesto, nem artificialmente desligado. Ao contrário, a realidade do seu desígnio desperta e canaliza nosso clamor honesto para nosso único e verdadeiro Salvador. O desígnio de Deus suscita a fala honesta, em vez de nos silenciar na resignação. Consideremos a honestidade dos Salmos, do rei Ezequias (Is 38), de Habacuque 3. Essas pessoas são franca e confiantemente honestas porque sabem que Deus é Deus e põem sua confiança nele. O Salmo 28 nos ensina a oração apaixonada e direta a Deus. Ele deve ouvi-lo. Ele o ouvirá. Ele continuará a operar em você e em sua situação. Esse clamor vem do seu senso de necessidade de ajuda (28.1,2). Você é livre para ser estritamente pessoal em suas coisas particulares. Com freqüência nas “várias provações” da vida (Tg 1.2) o que você enfrenta não condiz com exatidão com as particularidades que Davi ou Jesus enfrentaram, mas a dinâmica de fé é a mesma. Tendo lançado seus cuidados sobre ele que é quem cuida de você, então expresse sua alegria (Sl 28.6,7): a paz dada por Deus, que está além do entendimento. Por fim, como a fé sempre produz amor, a sua necessidade pessoal e sua alegria se ramificarão em atenção amorosa pelos outros (28.8,9). A doença pode aguçar sua percepção de como Deus está agindo profundamente agora, como sempre esteve, em cada detalhe da sua vida.

2. Você desperdiçará seu câncer se achar que ele é uma maldição e não um dom.



Fonte: Apêndice retirado do livro “O Sofrimento e a Soberania de Deus” – John Piper e Justin Taylor. Editora Cultura Cristã. 1ª edição. 2008.

Nenhum comentário: