sexta-feira, 14 de março de 2014

Você é emergente?


“Depois de ler quase cinco mil páginas de literatura relacionada à igreja emergente, não tenho dúvidas de que a igreja emergente, embora definida de uma maneira livre e muito pouco uniforme, possa ser descrita e criticada como um movimento diversificado, porém reconhecível. Você pode ser um cristão emergente: se ouve U2, Moby e a música “Hurt”, de Johnny Cash (às vezes até mesmo na igreja); se as ilustrações do seu sermão são tiradas da série Família Soprano; se bebe café expresso com leite à tarde e cerveja Guinness à noite e sempre usa um computador da Apple; se sua lista de leituras consiste basicamente em autores como Stanley Hauerwas, Henri Nouwen, N. T. Wright, Stan Grenz, Dallas Willard, Brennan Manning, Jim Wallis, Frederick Buechner, David Bosh, John Howard Yoder, Wendell Berry, Nancy Murphy, John Franke, Walter Winks e Lesslie Newbigin (isso sem mencionar McLaren, Paggit, Bell etc.) e se seus oponentes incluem autores como D. A. Carson, João Calvino, Martyn Lloyd-Jones e Wayne Grudem; se sua ideia quintessencial de discipulado cristão é Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King Jr., Nelson Mandela ou Desmond Tutu; se você não gosta de George W. Bush, de instituições, de grandes negócios, de capitalismo ou do cristianismo de Deixados para trás; se suas preocupações políticas são pobreza, AIDS, imperialismo, atitude belicista, salários de presidentes de empresa, consumismo, aquecimento global, racismo e opressão e não se preocupa tanto com aborto e casamento homossexual; se você é boêmio, gótico, se gosta de rave ou do estilo indie; se fala sobre o mito da violência redentora ou sobre o mito da certeza; se passa noite em claro ou tem pesadelos só de pensar nas muitas áreas em que o modernismo arruinou a sua vida; se ama a Bíblia por ela ser uma linda e inspiradora coleção de obras que nos leva ao mistério de Deus, mas que não é inerrante; se busca a verdade, mas não tem certeza de que ela pode ser encontrada; se já esteve numa igreja com labirintos de oração, velas, massas de modelar, desenhos de giz, camas ou saquinhos de feijões (seu grupo de jovens não conta); se detesta palavras como linear, proposicional, racional, máquina e hierarquia e usa palavras como antigo-futuro, jazz, mosaico, matriz, missional, vintage e dance; se cresceu em um lar cristão bastante conservador que, em retrospectiva, parece legalista, crédulo e rígido; se você apoia a presença de mulheres em todos os níveis ministeriais, se prioriza o urbano acima do suburbano e se gosta de sua teologia narrativa em vez da sistemática; se não acredita em separação entre sagrado e o profano; se quer ser a igreja, e não apenas ir à igreja; se anseia por uma comunidade que seja relacional, tribal e primordial como um rio ou um jardim; se acredita que a doutrina atrapalha a ocorrência de um relacionamento interativo com Jesus; se acha que não é da conta de ninguém saber quem vai para o inferno e, de qualquer forma, se haverá alguém ali; se acredita que a salvação tem pouco a ver com expiação pela culpa e muito a ver com trazer toda a criação de volta ao shalom com seu Criador; se acredita que seguir a Jesus não é crer nas coisas certas, mas viver da maneira certa; se fica realmente perturbado com as pessoas falam sobre ir para o céu em vez de o céu vir até nós; se despreza a pregação didática e em forma de monólogo; e se usa a palavra “história” em todas as suas preposições sobre o pós-modernismo.

Se esse parágrafo – como um todo ou em parte, horrivelmente escrito como foi – o descreve, então talvez você seja um cristão emergente.”

Fonte: Kevin DeYoung, “Não quero um pastor bacana”, pp. 23-25.

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