segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O Fato de Sermos Únicos, Talvez

James W. Sire, ao falar sobre a persistência do naturalismo como uma cosmovisão ainda predominante no mundo, condensou bem as implicações éticas, morais e religiosas desse sistema filosófico:

"O naturalismo não aceita nenhum deus, nenhum espírito, nenhuma vida após a morte. Vê os seres humanos como criadores de valores. Embora rejeite que somos o centro do universo por virtude ou propósito, ele nos permite colocar a nós mesmos nesse centro e fazer de nós mesmos e por nós mesmos alguma coisa de valor. Como diz Simpson: "O homem é o animal mais elevado. O fato de que somente ele é capaz de fazer tal julgamento é, em si mesmo, parte da evidência de que esta decisão está correta..." "

No entanto, em termos de valores, a coerência ou a rigidez do naturalismo foi questionada pelo próprio Sire:

"...O naturalismo nos deu uma razão adequada para considerarmos a nós mesmos valiosos? O fato de sermos únicos, talvez. Mas os gorilas também o são. E assim é toda categoria da natureza. Valor foi a primeira questão preocupante. Poderia alguém surgido do acaso ter dignidade?" [1]

Em outras palavras, o homem, quando reduzido a um sistema fisico-químico evoluído ao acaso, perde suas obrigações morais, pois a ética é relativa e criada e não absoluta e intríseca a sua natureza. Partindo desse ponto de vista, se o homem cria as definições de certo ou errado, quem poderia julgá-las certas ou erradas? O naturalista, e não o teísta cristão, deve responder: "Ninguém pode".

Assim, a "culpa" ou a "absolvição" de qualquer ato humano é uma variável justificada em termos de autopreservação e continuidade da espécie ou mesmo de uma raça. Logo, a ética e a moral são relativas. Tudo é permitido fazer. Salvar uma mulher grávida desconhecida de um assassinato (altruísmo darwinista?) ou exterminá-la numa câmara de gás são legítimos. Você, por exemplo, pode aplaudir os atos de Hittler ou se horrorizar com eles. Afinal, por ele não deveria matar? "O fato de sermos únicos, talvez. Mas os gorilas também o são."

O naturalismo, se levado a sério, não se limitará apenas em anunciar a morte de Deus.



[1] SIRE, J. W. O Universo ao Lado: a vida examinada, um catálogo elementar de cosmovisões. United Press, 1 edição, pg. 90,91. São Paulo - SP, 2001.


2 comentários:

Ricardo Mamedes disse...

Danilo,

O que nos torna únicos, além de possuirmos o dever moral, é a crença em um Deus único. Ao invés de sermos nós o centro Cristo passa a ser o centro.

Eis porque o naturalismo jamais poderá ser a resposta.

Em Cristo,

Ricardo

Danilo Neves disse...

Como disse o Enézio do Desafiando a Nomenklatura Científica: o naturalismo é o verdadeiro "171 epistemológico".

Um abraço, irmão Ricardo.