quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Morte no Drive Thru

Por Rev. Jôer Batista
Sem tempo para orar, sem tempo para dormir, sem tempo para comer, sem tempo para existir. A vida passa no tempo, mas continuamos sem tempo para ela. Os pais não têm tempo para seus filhos, o esposo não tem tempo para o casamento e ela, por sua vez, não tem tempo para perder e, portanto, não tem tempo para recomeçar. Ultimamente, não temos tido nem tempo para despedir dos que partem. ''Em algumas cidades norte-americanas, por exemplo, têm capelas 'drive-through' para que se possa prestar homenagens fúnebres sem sair do carro. Karla Holloway, em seu livro 'Passed On' (Falecido), menciona capelas funerárias em Atlanta e Chicago (Los Angeles também tem uma) em que o amigo entra com seu carro em um corredor como os do McDonald's, para na frente de uma vitrine com cortinas cerradas, aperta um botão e as cortinas se abrem para que ele possa ver o - digamos - homenageado, devidamente composto, maquiado e iluminado de maneira favorável. Após essa rápida inspeção, depositará um cartão de visitas em uma caixinha ou assinará eletronicamente um livro de condolências. Isso feito, engrenará a primeira e partirá certo de haver cumprido o dever social e afetivo.'' 1 Sem tempo para viver e sem tempo para morrer.

O problema é que, quanto mais corremos atrás do tempo, mais sem tempo ficamos. Isto porque recuperar o tempo toma muito tempo. Gastamos horas planejando como não perder tempo. Vivemos esse círculo vicioso de ganhar tempo sem saber como gastá-lo. A pressa, conseqüência natural da ausência de tempo e freqüentadora assídua de nossas atividades diárias, traz consigo a superficialidade, a solidão e a esterilidade emocional. Superficialidade porque nunca encontramos tempo para aprofundar as nossas relações e construir conhecimentos mútuos que nos levem à intimidade, que é aquilo que nos dá a sensação de estarmos acompanhados nessa longa jornada que chamamos de vida. Daí a solidão que experimentamos. Não a solidão de não termos compromissos ou laços com pessoas, mas a solidão de não sermos conhecidos, a solidão de nos sentirmos sozinhos mesmo quando acompanhados. E neste caso, a única solução que encontramos é esterilizar nosso coração. Ficamos cada vez mais insensíveis a pessoas e desaprendemos a sentir. Mas para que sentir se não temos tempo para as emoções da vida?

Segundo a avaliação de Jesus, isto pode ser causado pela nossa tendência ansiosa de viver o amanhã antes do hoje. Nossa vida futura toma mais tempo de nós que o presente. A sua orientação para que vivamos um dia de cada vez tornou-se conhecida de muitos, porém praticada por poucos. '' Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal'' (Mt 6.34). É preciso aprender com Ele não somente a administrar o tempo, mas a viver o hoje antes que o amanhã. É preciso aprender a remir o tempo (Ef. 5.16), é preciso achar tempo para as atividades essenciais e, principalmente, para as pessoas mais importantes de nossas vidas. Espero que você encontre tempo para se divertir, tempo para amar, tempo para ouvir uma boa música, ler bons livros... Isto é, se você tiver tempo para ler este texto e pensar sobre o assunto.


Fonte: UMP

Nenhum comentário: