sábado, 24 de outubro de 2009

Perguntas Difíceis de um Ateu para um Cristão

Richard Dawkins - o pop star do chamado Novo Ateísmo - em um debate com Alister McGrath, teólogo cristão reformado, levantou perguntas difíceis de serem respondidas e também difíceis de serem desconsideradas por nós, os cristãos. Abaixo estão algumas das questões do debate (que pode ser assistido aqui). Por elas terem sido transcritas, o texto se mostra muitas vezes truncado. Eis as alfinetadas do boca dura do Dawkins:

1. “O pecado parece ter sido de certa forma pago pela morte de Jesus, tortura e morte de Jesus. Alguém olhando de fora veria nisso uma doutrina bem desagradável porque temos uma idéia de punição como uma forma de pagar o pecado, que possui alguns aspectos desagradáveis ligados a isso. Também existe a idéia de punir alguém pelos pecados que ele não cometeu. Possuía a idéia de que, pelo menos para alguns teólogos, puni-lo pelos pecados que foram cometidos por Adão, que nem mesmo existiu. E para outros teólogos que incluem a idéia de pagar os pecados que ainda serão cometidos no futuro mesmo que as pessoas do futuro escolham não cometê-los. E finalmente nos deixam um tipo de sentimento confuso, quem ele {Jesus} está tentando impressionar, porque se ele realmente fosse uma das manifestações de Deus, se ele quisesse perdoar os nossos pecados, porque ele apenas não os perdoou, em vez de passar por toda aquela auto-tortura?”

2. “Você disse que não é um deísta, mas sim um cristão, existem, claro, outras formas de não ser um deísta. Você poderia ser um judeu, poderia ser mulçumano, poderia ser hindu. Todas elas são diferentes e elas se diferem exatamente nos mesmos tipos de detalhes de que você se sente tão seguro. Como você sabe que a crença em que você foi educado é a correta? E não a do deus abstrato dos físicos que estávamos falando mais cedo e que não faz todas essas reivindicações. Porque o cristianismo?”

3. “Quando você ouve que milhares de pessoas foram mortas, se afogaram ou explodiram, o que quer que seja, e você ouve que uma criança se salvou. E os pais dela agradecem a Deus por ter salvado essa criança. A ironia disso não mexe contigo? Quero dizer, Deus poderia ter salvado todas aquelas 10 milhões de pessoas. Porque ele salvaria essa única criança? Eu espero que você diga: “ele não salvou a criança, essa criança foi apenas sorte”. Mas existem muitas pessoas cuja crença em Deus, quase que inacreditavelmente eu acho, aumenta quando há um desastre desse tipo, ao contrário de diminuir. Como você analisa isso?”

4. “Na época dos ataques de 11 de setembro, um dos aviões não chegou ao alvo, caiu em um campo. Mais tarde, alguém disse que um dos passageiros havia provavelmente lutado com a tripulação e foi por isso que a coisa desandou. A esposa de um desses homens, eles ficaram sabendo isso pelo celular, disse que ela sentiu que seu marido, que havia lutado com os seqüestradores, foi um instrumento de Deus ao impedir que o avião alcançasse o seu alvo, talvez a Casa Branca. E meu amigo nos EUA que me enviou essa informação, disse, e eu achei muito racional: “Se Deus quisesse impedir que isso acontecesse, porque ele não deu ao seqüestrador um ataque cardíaco, ou outra coisa?” Porque ele teria que fazer as coisas dessa forma extraordinária, em que os passageiros tem que brigar com a tripulação e o avião se chocasse matando todos a bordo? E dois outros, três outros aviões chegaram ao alvo... Toda vez que há uma enorme catástrofe como essa, a fé das pessoas em Deus cresce. Eu acho isso totalmente bizarro.”

5. “Você acha que a Ciência e a Fé são incompatíveis?


Estamos preparados para respondê-las ou simplesmente ficaremos calados, guardando a nossa fé e, porque não, inteligência também?

antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo,” 1Pe 3.15,16

6 comentários:

Roberto Vargas Jr. disse...

Olá, meu caro Danilo.
Perguntas difíceis, de fato! Mas não sem respostas. Respostas (que deveriam incluir certas perguntas também) que o desafiador não aceitará, por certo, simplesmente porque não gosta delas. Ainda não vi o debate, quero ver qual o tipo de respostas dadas.
Mas não é sobre isso que queria comentar. É sobre a noção de deidade apresentada por qualquer não-cristão. Este deus sobre o qual eles falam realmente faria de mim mais ateu que eles próprios. O Deus das Escrituras é absolutamente incompreensível para eles. A nós, no entanto, cabe apresentá-lO. Talvez não para a compreensão deles, mas de quem nos possa ouvir. De forma a nos colocarmos como o instrumento usado pelo Espírito para alcançar Seus eleitos.
Para a glória de Deus!
No amor dEle,
Roberto

Danilo Neves disse...

Olá, irmão Roberto. Obrigado por mais uma vez comentar aqui no blog.

Parece-me que é essa a perspectiva do McGrath, semelhante a sua no geral. No debate, suas argumentações não questionavam os pressupostos e as falácias do naturalismo filosófico do Dawkins. Numa postura nitidamente defensiva, ele simplesmente respondia as objeções do ateu sem qualquer preocupação de esclarecer ou melhor convencer o debatedor. Ele tentava (essa é a minha impressão) guiar o Dawkins para o autoexame crítico em relação ao sentido da vida, da nossa existência em Jesus. A apologética do McGrath é muito diferente da apologética do William L. Craig, por exemplo. Ele tenta aproximar a pessoa a fé cristã e não ganhar o debate. Não que o Craig afaste as pessoas, mas como a sua apologética é mais de afirmação do cristianismo, ele acaba causando muito desconforto nos seus oponentes (ele tb é muito melhor orador do que o McGrath e isso irrita quem tá debatendo e perdendo o debate, diga-se de passagem!)

O irmão disse algo certeiro: "O Deus das Escrituras é absolutamente incompreensível para eles. A nós, no entanto, cabe apresentá-lO."

Um abraço.

Roberto Vargas Jr. disse...

Caríssimo,
É um prazer ler e comentar aqui.
Assisti apenas os dois primeiros trechos, por falta de tempo. McGrath está mesmo bastante defensivo. Achei que ele poderia ser mais incisivo em alguns pontos.
Principalmente no que se refere ao evidencialismo de Dawkins, bem, não sei o quanto McGrath conhece de teoria do conhecimento, mas acho que ele poderia ter destruído o Dawkis. Negativamente simplesmente mostrando que o evidencialismo não tem evidência de si mesmo (a epistemologia empirista nestes moldes já está mais que agonizante, exceto no imaginário popular e dos cientificistas de plantão), ou positivamente mostrando que a racionalidade transcende as evidências (com na epistemologia reformada, por exemplo).
Mas, de todo modo, aquilo não é bem um debate, mas uma entrevista. No formato que está, acho mesmo que ele fez bem até onde vi.
Agora, e aquela questão sobre a origem da Origem?! Que coisa mais estúpida! Essa é uma das perguntas mais idiotas que alguém pode fazer e revela uma total incapacidade de pensar metafisicamente.
Aliás, não tive o desprazer de me aprofundar no "pensamento" de Dawkins, mas suponho que ele defenda que a matéria é eterna (termo impróprio, não?). Que origem ele dá para algo que não tem origem? Ou a matéria, se não é eterna, surgiu do nada? Neste caso, sua tese não se diferencia em nada do criacionismo neste ponto. Ou a matéria também evoluiu? A partir de que? Como ele se justificará? Com mistério? Com a incapacidade da razão, por enquanto? Ah, sim. Um dia teremos a resposta. Claro, daqui a bilhões de anos, quando evoluirmos o suficiente!
Como eu disse, não o li. Quem sabe não estou falando uma grande bobagem e haja alguma teoria maravilhosamente natural para tal origem, mas duvido que alguém que diz buscar evidências para tudo possa ter uma resposta convincente a respeito.
Cada uma! Sua epistemologia carece de bases ad infinitum e sua metafísica não é melhor que a do meu filho de um ano de idade (pois é claro que eles não sabem o que é isso sendo naturalistas). E ainda querem que eu os leve a sério!
A propósito, percebi discordar um pouco de Craig. Mas o cara é mesmo imbatível num debate! rs
Abraço, no Senhor,
Roberto

Danilo Neves disse...

http://www.youtube.com/watch?v=aJz63BESzrk

http://www.youtube.com/watch?v=aDlwYBitTJg

http://www.youtube.com/watch?v=vpRR-gzs7xg

Isso era o que o McGrath devia ter dito pro iludido do Dawkins! Mas ele, pra debate ou entrevista, não é tão bom quanto o Craigzão rsrs

Sobre a questão da "origem da origem", a cosmologia, nas palavras do próprio darwinólotra do Dawkins, "ainda aguarda por um Darwin", ou seja, as explicações sobre como tudo começou precisam evoluir meeesmo (sabemos, eu e vc, que o naturalismo e o mecanicismo dominam o pensamento científico moderno e, portanto, isso vai ser sempre um mistério uma vez que a metafísica é só física!!) O Craig vai ao ponto dessa questão e diz que com esse raciocínio se desenvolve um pensamento ilógico, pois ele acaba inevitavelmente apontando somente para uma regressão infinita.

Em suma, irmão, gosto muito de citar as palavras do Enézio sobre o (neo)darwinismo, que é o verdadeiro "171 epistemológico" rsrs

Como eu não sei se o irmão já assitiu, por ter pouco tempo e por perceber que vc tb compartilha do gosto pela apologética, te indico mais 2 links interessantes. O primeiro é um documentário do Lee Strobel e o outro é um debate entre Dawkins e Lennox:

http://www.youtube.com/watch?v=DHX6uqtWHyE&feature=PlayList&p=BA970EB6E2B9D50E&index=0&playnext=1

http://www.youtube.com/watch?v=sBNAikVL6Cw

Graça e paz, Roberto, em Jesus, o Filho de Deus. Amém!

Roberto Vargas Jr. disse...

Obrigado pelas indicações, Danilo.
Assisti os vídeos. Craig é sempre incrível e o documentário de Lee Strobel também é muito bom, mesmo que trabalhe sobre bases evidencialistas.
O debate de Lennox eu já tinha visto, mas confesso que não lembrava de muita coisa. Acho que foi lá que vi pela primeira vez a questão "origem da origem". No início do vídeo indicado Dawkins fala desta questão neste mesmo sentido da regressão infinita (a causa da causa da causa da causa...). É cômico ver como ele não percebe sua inconsistência!
Mas eu queria mesmo era ver um dia estes evidencialistas sendo questionados e encurralados neste seu empirismo infundado. Que eles fossem confrontados com a fé que tem que ter em seus pressupostos que não encontram justificação racional, que fossem confrontados com a sua fé (não no sentido bíblico, claro) em axiomas. E que fosse dito claramente que eles estão errados em ser evidencialistas e que não temos que aceitar essa base para a racionalidade!
No amor do Senhor,
Roberto

Danilo Neves disse...

Entendo que o problema em se trabalhar em bases evidencialistas é que não podemos, em qualquer hipótese, afirmar categoricamente (esse é problema do Dawkins nos debates!) A argumentação que fazemos, assim, deverá sempre ser acompanhada de um "provavelmente". Falamos mais em problabilidades de motrar que algo é A e não B. Nesse documentário do Strobel, o Craig aparece tb, sem contar os demais que não são todos conhecidos meus, mas, segundo um amigo meu seminarista, são de nome pesado!

Vamos esperar se no próximo Simpósio Internacional "Darwinismo Hoje" (Mackenzie) estejam o Dawkins e a pessoa que eu e vc aguardamos para detonar com o naturalismo dele rsrs

Um abraço, irmão.