domingo, 3 de abril de 2011

Amizade e Soberania de Deus



Quando lemos nas nossas Bíblias que Deus é soberano tendemos a crer que esse atributo divino é de alguma forma limitado. “Deus é soberano sobre os eventos ao redor do mundo, mas não na minha vida” — é o que muitas vezes pensamos.

Porém a soberania de Deus engloba também a nossa vida: as circunstâncias que nos cercam, os eventos que nos sucedem, os resultados das nossas escolhas. C. S. Lewis nos lembra ainda que é Deus quem dispõe, segundo a Sua vontade e a Sua sabedoria, as pessoas que nos cercam, aqueles com os quais nos relacionamos:

“… na Amizade […] nós imaginamos ter escolhido nossos pares. Na verdade, bastariam alguns anos de diferença nas datas de nascimento, alguns quilômetros a mais entre determinadas casas, a escolha de uma universidade em vez de outra, um alistamento em regimentos diferentes ou o acaso de um certo tópico não ter sido levantado num primeiro encontro para nos manter distantes. Mas, para um cristão, não existem, estritamente falando, acasos. Há um Mestre de Cerimônias invisível em atividade. Cristo — que disse a seus discípulos: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi” — pode verdadeiramente dizer a todo grupo de amigos cristãos: “Vocês não escolheram uns aos outros, mas eu os escolhi uns para os outros.” A Amizade não é uma recompensa pelo discernimento e bom gosto que tivemos quando nos descobrimos mutuamente. Ela é o instrumento pelo qual Deus revela a cada um as belezas de todos os outros. Não são maiores que as belezas de milhares de homens; pela Amizade, Deus abre nossos olhos para elas. Como todas as belezas derivam dele, e por isso, na boa Amizade, são enriquecidas por ele por meio da própria Amizade, de modo que ela é seu instrumento não só para criar como também para revelar. Nesse banquete é ele quem determina o cardápio e escolhe os convidados. E é ele, ousamos esperar, quem às vezes o preside, e quem sempre deveria presidir. Não podemos nos esquecer de nosso Anfitrião.” (p. 125-126, grifo nosso)1

Tendo em vista essa realidade que Lewis nos faz enxergar (que não se limita a amizades, mas se estende a todos os nossos relacionamentos), temos de ser gratos a Deus pelos nossos amigos, pelos nossos familiares, pelos relacionamentos que temos, pois tudo isso provêm de um Deus que não somente é soberano, mas também sábio e amoroso.

Recordemo-nos das palavras de Paulo, em Romanos 8.28 (Nova Versão Internacional), que certamente é aplicável aos nossos relacionamentos:

“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.”


1 LEWIS, C. S. Os quatro amores. 1 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
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