domingo, 6 de setembro de 2009

2 Farsas Clássicas que Ainda Persistem nos Livros Didáticos (2 de 2)


Sobre a primeira farsa, os leitores deste blog a encontrarão aqui.


A segunda farsa tem, até hoje, o status de “verdade científica” e carrega a seguinte mensagem naturalista: “Quem precisa de um Criador?”. Me refiro ao famoso experimento do químico e biólogo americano chamado Stanley Miller (1930 - ). O experimento também ficou conhecido como experimento de Miller - Urey e, nas palavras de Phillip E. Johnson, “ele foi o auge do triunfalismo neodarwinista, logo quando da estréia literalmente esmagadora da energia atômica que tinha feito parecer que todos os mistérios se renderiam ao poder da investigação científica”. O estrondo foi grande mesmo e, então, é melhor caminharmos devagar sobre essa tentativa de provar que a vida se originou da matéria inanimada e inorgânica.

As perguntas preliminares que devemos levantar antes do primeiro passo são: Qual é o desafio da evolução química ou da química pré-biótica? Em que consistiu o experimento de Miller - Urey? Qual foi o principal objetivo de Miller? Qual a importância desse experimento para a cosmovisão naturalista darwinista? Porque ele fracassou? Em fim, como pode ter surgido a vida? Qual a origem da vida?

Antes e depois de Louis Pasteur (1822-1895), filósofos e cientistas tentaram mostrar que a vida surgiu por si mesma, de maneira espontânea. Trazendo o assunto para a concepção científica atual, os primeiros seres vivos foram o resultado de reações químicas aleatórias ao longo de bilhões de anos num planeta onde em épocas remotas havia um grande caldo primordial (uma espécie de oceano primitivo) e uma atmosfera redutora, em temperatura, preso e radiação solar desconhecidas. Essa é a hipótese mais defendida pelos cientistas darwinistas. Apesar das afirmações de Pasteur, que culminaram na Lei da Biogênese (“omne vivum ex vivo”, tudo que é vivo provém de um ser vivo), até hoje não refutada, há uma busca incessante em se provar o contrário dessa Lei e assim invalidá-la. Mesmo que hoje a vida não surja por si só, poderia ter sido diferente no passado, argumentam os adeptos da teoria da abiogênese ou geração espontânea.

Essa insistência tem uma lógica e fé darwinistas (é fé mesmo!). Aliás, o próprio Darwin sugeriu antecipadamente, em uma carta de 1871, esse modelo de surgimento da vida pela evolução química:

“Tem sido afirmado com freqüência que todas as condições para a produção inicial de um organismo vivo estão agora presentes, o que poderia sempre ter estado presente. Mas se (e oh! quão grande se!) pudéssemos conceber em algum pequeno lago, com todos os tipos de amônia e sal fosfórico, raios, calor, eletricidade, etc. presentes, que um composto de proteínas foi quimicamente formado prestes a passar por mudanças ainda mais complexas, no dia atual tal matéria seria de imediato devorada ou absorvida, o que não teria sido o caso antes de as criaturas vivas serem formadas”.

Os mecanismos fundamentais que Darwin lançou em sua teoria evolutiva, seleção natural, variação (= mutação), “hereditariedade” (é melhor dizermos transmissão de características favoráveis ou "descendência com modifiação") e a conseqüente formação de descendentes mais aptos ao meio, só podem começar a atuar se já houver um ser vivo pronto, formado. O desafio da evolução química é o de achar uma maneira de obter uma combinação química a ponto de a reprodução e a seleção natural começarem a atuar.

Assim, a teoria passaria a ser universal, de amplo alcance e o darwinismo por fim decretaria a morte de Deus. Porque acreditar que somos criados por um ser sobrenatural se temos condições de explicar como todas as coisas surgiram pela evolução? Esse é o pensamento. As implicações dessa teoria transcendem as conclusões objetivas, científicas de um experimento em laboratório. Não é uma questão de criar ou não vida in vitro. É uma questão de a vida não ser criada por mais nada, a não ser pelos mecanismos evolutivos.

A evolução biológica é apenas uma parte principal do grande projeto naturalista, que busca explicar a origem de tudo desde o suposto Big Bang até a atualidade sem permitir qualquer papel para um Criador. Se for para os darwinistas manterem Deus fora de cena, eles têm de fornecer uma explicação naturalista para a origem da vida, diz P. E. Johnson.

O experimento de Miller - Urey se encontra exatamente dentro desse contexto. Segundo Adauto Lourenço, Miller simulou uma suposta atmosfera primitiva contendo metano, amônia, hidrogênio molecular e vapor d`água. No aparato ilustrado abaixo após uma descarga elétrica ter atuado por vários dias sobre a mistura dos gases correspondentes aos existentes na suposta atmosfera primitiva, formou-se uma mistura de coloração escura, na qual ele conseguiu comprovar a existência de alguns aminoácidos entre outras substâncias.

De todos os experimentos realizados por Miller, apenas 13 de 20 dos aminoácidos proteinogênicos (aminoácidos participantes na construção das proteínas) que são encontrados nos seres vivos foram formados. Os resultados das suas pesquisas foram publicados em 1953 com o título: “Produção de Aminoácidos sob Condições Possíveis de uma Terra com Características Simples” (“A Production of Amino Acids under Possible Primitive Earth Conditions”).

A comunidade científica da época soou a trombeta para proclamar a mais nobre evidência que apontava para a possibilidade de vida ter sido gerada “espontaneamente” de material não vivo. P. E. Johnson comenta: “...Naquele clima de opinião, o experimento parecia ter criado a vida por uma técnica renovadora de confiança semelhante àquela empregada pelo doutor Frankenstein nos filmes”.

Acontece que a partir da década de 80, especialistas nas áreas da química, geoquímica e matemática começaram a questionar os postulados teóricos e os resultados das análises físico-químicas de tal experimento. A crítica mais ferrenha, sem dúvida, vem dos químicos. Miller, “propositalmente” (percebam que houve um PLANEJAMENTO e não acaso, conforme a teoria neodarwinista exige), não incluiu na sua hipótese de atmosfera primitiva o oxigênio, uma vez que depois da obtenção de aminoácidos seria necessário o maior passo: chegar às proteínas. Com o oxigênio presente, proteínas seriam oxidadas e chegar a formação do RNA e DNA já se equivaleria a um “grande salto de fé”. A questão é: quem pode garantir que no início não havia oxigênio nessa suposta atmosfera primitiva? Hoje os geoquímicos relatam que a atmosfera da suposta Terra primitiva provavelmente não era de uma natureza tão fortemente redutora exigida pelo aparelho de Miller-Urey.

Somado a isso, é preciso ainda dizer que existem mais dois problemas sérios nesse experimento. Sabe-se que a direção preferencial da reação química de formação das proteínas é no sentido de degradação das mesmas em aminoácidos, ou seja, naturalmente é impossível formar proteínas! Se já não bastasse, em uma proteína só podem ser incorporadas formas levógiras de aminoácidos. Quando um aminoácido dextrógiro é ligado a uma cadeia levógira, a proteína não pode mais ser utilizada pela célula. Como não havia separação entre essas formas no suposto caldo primordial devido as ligações atômicas e intermoleculares se darem de forma randômica, as cadeias de peptídeos certamente levariam as duas formas quirais numa proporção desconhecida (ler sobre quiralidade aqui ou aqui).

Citar mais problemas a essa altura parece até apelação de criacionista. No entanto, é bom comentar que um matemático chamado F. B. Salisbury calculou a probabilidade do surgimento de uma molécula de DNA no universo, durante um hipotético período de 4 bilhões de anos, chegando ao valor de 1 dividido por 10 elevado a 585! Uma probabilidade tão pequena assim corresponde à uma impossibilidade na estatística. Salisbury teve o seu trabalho publicado, originalmente com o título “Natural selection ande the complexity of the gene”, em 1969 na revista Nature.

P. E. Johnson, com um intelectualismo esclarecedor e perspicaz, citou uma metáfora por Fred Hoyle, físco e comólogo britânico, para tornar mais claro a magnitude do problema acima (menos para Richard Dawkins e Cia, que dedicou um capítulo inteiro do livro "Deus, um delírio" para depreciar essa metáfora). Eis a metáfora: Um organismo vivo emergir por acaso de uma sopa (ou caldo) pré-biótica é tão provável quanto um tornado passar por um ferro-velho e montar um Boeing 747 dos materiais ali existentes. Johnson então conclui: “A montagem por acaso é apenas uma maneira naturalista de dizer “milagre”.

Portanto, o experimento de Miller - Urey não pode ser utilizado para ensinar que todos os seres vivos existentes evoluíram de uma mistura coloidal, que foram cada vez mais se complexando até chegarem num organismo unicelular e assim até o homem da escala evolutiva. É irracional, pela ciência, acreditarmos em uma teoria assim com tantas dificuldades conceituais. Ainda que seja dito que o experimento seja apenas uma evidência a favor da evolução química, podemos questionar: E o que isso prova? A resposta certamente é: Nada. Pessoas intelectualmente honestas deveriam se perguntar mais porque tal experimento ainda se encontra nos livros didáticos de biologia de hoje.

Vida certamente provém de vida e sabemos que pela "Vida" (João 14.6) todas as coisas foram criadas no universo (João 1.1-4). Um Deus vivo criou seres vivos e tudo o que existe de não vivo no mundo (At 17.24). Ele é o princípio e o fim (Ap 22.13) e todas as coisas subsistem nEle (Cl 1.16,17). Estou bem certo que existe um Criador e que essa afirmação de fé jamais será desacreditada pela verdadeira ciência.

4 comentários:

Danilo Neves disse...

Obs.: Algumas discussões importantes em cima dos resultados do experimento de Miller não foram selecionadas para publicação, pois exigiriam maior explicação sobre os detalhes das informações técnicas dos químicos fazendo o post se tornar ainda mais cansativo de se ler. Tentei não ser simplista de mais e não ignorar esse linguajar, além de me esforçar em dar uma visão histórico-crítica sobre o assunto. Mas que foi difícil de sintetizar foi rsrsrs. Mais difícil que a primeira farsa, a do Ernest Haeckel (que também tinha muito interesse na evolução química, assim como Oparin e Haldane).

Autores e respectivos materiais consultados:
- Phillip E. Johnson, Darwin no banco dos réus
- Reinhard Junker e Siegfried Scherer, Evolução – Um livro texto crítico
- Adauto Lourenço, Como tudo começou
- Jean Flori e Henri Rasolofomasoandro, Em busca das origens – evolução ou criação?
- Alexander vom Stein, Criação – criacionismo bíblico
- Ruy Carlos de C. Vieira, palestra proferida no 1º Simpósio Internacional Darwinismo Hoje, realizado no Mackenzie.

Danilo Carlos disse...

Boa Neves. Isto nos enriquece muito. Só a parte da quiralidade eu nem ousei a pesquisar. Sobre dextrogiro e levógiro eu tenho uma vaga lembrança (igual a memória de 64K) do meu 2º grau. Mas o final diz tudo: será impossível uma verdadeira ciência provar algo que contradiz a Palavra de Deus.

Abraços e prometo que vou estudar mais química...hehehhe

Danilo Neves disse...

Essa parte de quirilidade é tão complexa quanto o fluminense não cair rsrsrs...

Danilo, a ciência tem andado com a mentira de mãos dadas. Nas palavras do Enézio, do blog Desafiando a Nomenklatura Científica, a evolução é o "171 epistemológico" kkkkkk

Abraço, cara!

Danilo Carlos disse...

A parte do fluminense cair não é nada complexo, é só 99% de chance...hehehehe

Acho que nem Darwin inventaria algo tão complexo para salvar o fluminense...hehehe

Demorei para entender o "171 epistemológico", mas agora entendi...hehehe

Como estou assistindo alguns vídeos de escatologia (não sei se são bons, hehehe), a evolução veio para "pisar" na verdade assim como Lucifer...