“Depois de ler quase cinco mil páginas de literatura
relacionada à igreja emergente, não tenho dúvidas de que a igreja emergente,
embora definida de uma maneira livre e muito pouco uniforme, possa ser descrita
e criticada como um movimento diversificado, porém reconhecível. Você pode ser
um cristão emergente: se ouve U2, Moby e a música “Hurt”, de Johnny Cash (às
vezes até mesmo na igreja); se as ilustrações do seu sermão são tiradas da
série Família Soprano; se bebe café expresso com leite à tarde e cerveja
Guinness à noite e sempre usa um computador da Apple; se sua lista de leituras
consiste basicamente em autores como Stanley Hauerwas, Henri Nouwen, N. T.
Wright, Stan Grenz, Dallas Willard, Brennan Manning, Jim Wallis, Frederick
Buechner, David Bosh, John Howard Yoder, Wendell Berry, Nancy Murphy, John
Franke, Walter Winks e Lesslie Newbigin (isso sem mencionar McLaren, Paggit,
Bell etc.) e se seus oponentes incluem autores como D. A. Carson, João Calvino,
Martyn Lloyd-Jones e Wayne Grudem; se sua ideia quintessencial de discipulado
cristão é Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King Jr., Nelson Mandela ou
Desmond Tutu; se você não gosta de George W. Bush, de instituições, de grandes
negócios, de capitalismo ou do cristianismo de Deixados para trás; se suas preocupações políticas são pobreza,
AIDS, imperialismo, atitude belicista, salários de presidentes de empresa,
consumismo, aquecimento global, racismo e opressão e não se preocupa tanto com
aborto e casamento homossexual; se você é boêmio, gótico, se gosta de rave ou do estilo indie; se fala sobre o mito da violência redentora ou sobre o mito
da certeza; se passa noite em claro ou tem pesadelos só de pensar nas muitas
áreas em que o modernismo arruinou a sua vida; se ama a Bíblia por ela ser uma
linda e inspiradora coleção de obras que nos leva ao mistério de Deus, mas que
não é inerrante; se busca a verdade, mas não tem certeza de que ela pode ser
encontrada; se já esteve numa igreja com labirintos de oração, velas, massas de
modelar, desenhos de giz, camas ou saquinhos de feijões (seu grupo de jovens
não conta); se detesta palavras como linear, proposicional, racional, máquina e
hierarquia e usa palavras como antigo-futuro, jazz, mosaico, matriz, missional, vintage e dance; se
cresceu em um lar cristão bastante conservador que, em retrospectiva, parece
legalista, crédulo e rígido; se você apoia a presença de mulheres em todos os
níveis ministeriais, se prioriza o urbano acima do suburbano e se gosta de sua
teologia narrativa em vez da sistemática; se não acredita em separação entre sagrado
e o profano; se quer ser a igreja, e não apenas ir à igreja; se anseia por uma
comunidade que seja relacional, tribal e primordial como um rio ou um jardim;
se acredita que a doutrina atrapalha a ocorrência de um relacionamento
interativo com Jesus; se acha que não é da conta de ninguém saber quem vai para
o inferno e, de qualquer forma, se haverá alguém ali; se acredita que a
salvação tem pouco a ver com expiação pela culpa e muito a ver com trazer toda
a criação de volta ao shalom com seu
Criador; se acredita que seguir a Jesus não é crer nas coisas certas, mas viver
da maneira certa; se fica realmente perturbado com as pessoas falam sobre ir
para o céu em vez de o céu vir até nós; se despreza a pregação didática e em
forma de monólogo; e se usa a palavra “história” em todas as suas preposições
sobre o pós-modernismo.
Se esse parágrafo – como um todo ou em parte, horrivelmente
escrito como foi – o descreve, então talvez você seja um cristão emergente.”
Fonte: Kevin DeYoung, “Não quero um pastor bacana”, pp.
23-25.
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